É uma queixa recorrente dos usuários da Netflix: no meio de tantos filmes — cerca de 3 mil, segundo levantamentos —, gastam mais tempo escolhendo o que ver do que assistindo a um título. O problema é agravado pela quantidade de bombas — a plataforma de streaming é como um campo minado, uma hora você vai pisar num Hypnotic, num Intrusion, num Spiderhead...
Mas verdade seja dita: não faltam boas opções na Netflix. Há muitos ganhadores do Oscar, vencedores de prêmios nos festivais de Berlim, Cannes e Veneza e até clássicos, embora em um número infinitamente menor do que o desejável. E se você se dispõe a garimpar um pouquinho, pode encontrar pequenas joias contemporâneas. Ah, e quanto menos restrita a gêneros e idiomas for a sua dieta, mais saboroso se mostra o cardápio.
Para ajudar, fiz uma lista com os 100 melhores filmes em cartaz na Netflix atualmente. Friso o advérbio porque rotineiramente a plataforma acrescenta e remove títulos de seu catálogo. A seleção está dividida em sete categorias: Africanos e asiáticos, Animações, Brasileiros, Documentários estrangeiros, Europeus, Hollywood/Independentes dos EUA (que incluem obras de diretores de outros países com produção estadunidense) e Latino-americanos. Clique nos links se quiser saber mais.
Africanos e asiáticos
Atlantique (2019), de Mati Diop. Ambientado no Senegal, mistura gêneros como romance e terror para contar a história de Ada, jovem prometida ao rico Omar, mas apaixonada pelo pobre Souleiman, operário que sonha em migrar para a Europa.
Beasts of No Nation (2015), de Cary Fukunaga. O diretor estadunidense conta a história de um garoto que, após ser separado da família durante a guerra civil em um país africano não determinado, é obrigado a lutar ao lado de mercenários.
O Discípulo (2020), de Chaitanya Tamhane. Um jovem indiano tenta seguir os passos de seu guru e se tornar um renomado cantor de ragas. Mas nem sempre o esforço pode compensar a falta de talento.
O Hospedeiro (2006), de Bong Joon-ho. Antes de conquistar o Oscar e o mundo com Parasita (2019), o diretor sul-coreano seduziu a crítica com esta ficção científica sobre monstros que se faz acompanhar por humor ácido e comentário político.
Laço Materno (2020), de Tatsushi Omori. O filme japonês sobre a relação tóxica entre uma mãe irresponsável e seu filho é um dos mais tristes que eu já vi.
Perfeitos Desconhecidos (2022), de Wissam Smarya. Versão libanesa de uma comédia dramática italiana sobre um grupo de sete amigos (incluindo três casais) que, durante um jantar, concorda em participar de um jogo perigoso: eles deixam os celulares desbloqueados na mesa, expondo-se ao risco de ligações e mensagens revelarem segredos, traições e quetais.
A Sun (2019), de Chung Mong-hong. Em Taiwan, a vida de uma família é transformada a partir da prisão de um dos dois filhos após um ato brutal em um restaurante.
Tempo de Caça (2020), de Yoon Sung-hyun. Em um futuro próximo, no qual a crise financeira derrubou a Coreia do Sul, um jovem, após três anos de prisão, reencontra os amigos e elabora um plano para assaltar um cassino clandestino. Mas eles acabam entrando na mira de um assassino impiedoso.
Tribunal (2014), de Chaitanya Tamhane. A história sobre um compositor de canções de protesto acusado de ter incitado um operário ao suicídio permite pintar um retrato das tradições e das contradições da Índia.
Animações
O Castelo Animado (2004), de Hayao Miyazaki. Uma bruxa lança uma terrível maldição sobre a jovem Sophie, transformando-a numa idosa de 90 anos. Desesperada, ela embarca numa odisseia em busca do Castelo Andante, onde reside um misterioso feiticeiro que poderá ajudá-la a reverter o feitiço.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (2021), de Mike Rianda e Jeff Rowe. Enquanto os vilões reforçam o alerta sobre nossa dependência em relação a dispositivos eletrônicos e às redes sociais e sobre a diabólica dobradinha entre comportamento consumista e obsolescência programada, crianças e adultos são brindados por muitas piadas, desde aquelas envolvendo o cachorro bobão da família até as citações musicais de Kill Bill, de Quentin Tarantino.
A Fuga das Galinhas (2000), de Nick Park e Peter Lord. Esta animação inglesa emprega a técnica stop-motion para abordar, em tom de comédia, autoritarismo, fascismo e luta de classes, ao mesmo tempo em que presta homenagem ao clássico sobre a Segunda Guerra Mundial Fugindo do Inferno (1963).
Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), de Peter Ramsey, Bob Persichetti, Rodney Rothman. Além de ser um raro filme de super-herói dos quadrinhos na plataforma (os da Marvel estão quase todos no Disney+, e os da DC, na HBO Max), é também um dos raros títulos a derrotar a Disney e a Pixar no Oscar de melhor animação.
Shrek (2001), de Andrew Adamson e Vicky Jenson. Primeiro segmento da tetralogia que, somando o derivado Gato de Botas (2011), arrecadou US$ 3,5 bilhões nas bilheterias.
A Viagem de Chihiro (2001), de Hayao Miyazaki. Única animação não falada em inglês a vencer o Oscar da categoria, o filme do cineasta japonês é um dos mais belos já feitos. Na trama, durante a mudança de casa, uma menina de 10 anos depara com um mundo de deuses, bruxas e espíritos.
Brasileiros
7 Prisioneiros (2021), de Alexandre Moratto. O ator Rodrigo Santoro tem um dos melhores desempenhos de sua carreira na pele do patrão de um ferro-velho onde jovens trabalhadores do Interior descobrem estar em condição análoga à escravidão.
Branco Sai, Preto Fica (2014), de Adirley Queirós. Essa foi a frase dita por um dos policiais que invadiram um baile de black music em Ceilândia (DF), em 1986. Com uma porção ficção científica (Dimas Cravalanças, que veio do futuro para provar os crimes cometidos pelo Estado contra os excluídos), o contundente e premiado documentário é protagonizado por dois homens que arrastam os efeitos daquela noite violenta.
Democracia em Vertigem (2019), de Petra Costa. Indicado ao Oscar de melhor documentário, reconstitui a turbulência política do país desde o impeachment de Dilma Rousseff até a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência. A diretora mineira a faz isso de forma assumidamente não neutra (e com narração e trilha um tanto melodramáticas) e mesclando à narrativa sua vida pessoal e as contradições de sua família.
Elena (2012), de Petra Costa. Trata- se do poético inventário de um prolongado luto. Ao recriar os passos da sua irmã mais velha, Elena, e tentar compreender os caminhos, desvios e o atalho por ela tomados, a diretora mineira revive uma dor que trazia entranhada desde os sete anos.
Emicida: AmarElo — É Tudo pra Ontem (2020), de Fred Ouro Preto. Documentário que conjuga, com harmonia e contundência, os bastidores de um show do rapper no Theatro Municipal, em São Paulo, à história da cultura e da luta dos movimentos negros no Brasil.
Estômago (2007), de Marcos Jorge. Comédia criminal com sabor brasileiro e inspiração italiana, narra a história de ascensão e queda do paraibano Raimundo Nonato (João Miguel) em São Paulo, onde as coxinhas que frita em um boteco caem no gosto dos boêmios clientes, entre eles a prostituta Iria (Fabíula Nascimento).
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), de Daniel Ribeiro. Premiado com o Teddy (destinado a produções LGBT+) no Festival de Berlim, conta a história de um adolescente cego que tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo em que descobre mais sobre sua sexualidade.
Laerte-se (2017), de Eliane Brum e Lygia Barbosa da Silva. O documentário enfoca a longa trajetória de autoaceitação, como mulher, da genial cartunista Laerte.
O Lobo Atrás da Porta (2013), de Fernando Coimbra. No subúrbio carioca, um triângulo amoroso formado pelos personagens de Leandra Leal, Fabíula Nascimento e Milhem Cortaz e alimentado por mentira, desejo e perversidade culmina em uma tragédia hedionda. Eurípedes e Nelson Rodrigues encontram-se neste filme vencedor de sete categorias no Grand Prêmio do Cinema Brasileiro e de troféus nos festivais de Havana e San Sebastian.
Que Horas Ela Volta? (2014), de Anna Muylaert. Regina Casé encarna uma personagem típica dos lares brasileiros mais ricos: a empregada doméstica. No papel de Val, ela é "da família", mas quando sua filha (Camila Márdila) chega de Pernambuco para prestar vestibular, a garota começa a questionar a desigualdade social. As duas atrizes ganharam um prêmio especial no Festival de Sundance e o filme recebeu dois troféus na mostra Panorama do Festival de Berlim.
A Última Floresta (2021), de Luiz Bolognesi. Premiado com o troféu do público na mostra Panorama do Festival de Berlim, este documentário dramatiza lendas para abordar um tema urgente: a destruição da Amazônia por garimpeiros e a sobrevivência dos povos indígenas.
Documentários estrangeiros
No Caminho da Cura (2021), de Robert Greene. Enquanto lutam por Justiça, seis homens que, na infância, foram abusados sexualmente por padres, nos Estados Unidos, são convidados pelo diretor e por uma dramaterapeuta para criar e estrelar pequenos filmes sobre seus próprios traumas. É o processo ao qual se refere o título original, Procession.
Contornando a Morte (2018), de Pailin Wedel. Trabalhando em um microcosmo, a diretora reflete sobre questões gigantescas. O drama de uma família tailandesa que decide congelar o cérebro da filha caçula — acometida por um tipo raro de câncer — nos convida a pensar sobre ciência e fé, corpo e espírito, amor e o que muitos chamariam de loucura, sobre como lidamos ou não com a perda, com o luto.
Diga Quem Sou (2019), de Ed Perkins. Ao reconstituir a vida dos hoje cinquentões Alex e Marcus Lewis, gêmeos univitelinos, o filme inglês mostra, na teoria e na prática, como as memórias são uma construção permanente, um mecanismo complexo e algo mágico, um labirinto em que podemos tentar esquecer episódios traumáticos.
O Dilema das Redes (2020), de Jeff Orlowski. Exibe o lado nocivo de plataformas como Facebook, Google, Twitter, YouTube e Instagram e aponta efeitos globais da mudança de comportamentos pessoais. Quem conta isso para nós conhece muito as engrenagens dessas empresas, como Tristan Harris, que era especialista em ética do design no Google, e Justin Rosenstein, engenheiro que foi um dos inventores do botão de "curtir" no Facebook.
O Golpista do Tinder (2022), de Felicity Morris. Começa contando a história da norueguesa Cecilie Fjellhoy, uma loira sorridente com experiência no aplicativo de paquera, onde encontrou um príncipe encantado. Ledo engano. Em ritmo de suspense irresistível, o documentário fala sobre as ilusões amorosas e evidencia como estamos sujeitos aos riscos do culto à imagem e da sedução da ostentação.
Indústria Americana (2019), de Steven Bognar e Julia Reichert. Vencedor do Oscar, aborda consequências da crise econômica iniciada em 2008 nos EUA, tendo como foco as diferenças culturais entre trabalhadores (de baixo e alto escalão) estadunidenses e chineses em uma fábrica do Ohio reativada por empresários asiáticos.
Inverno em Chamas: A Luta pela Liberdade da Ucrânia (2015), de Evgeny Afineevsky. Concorrente ao Oscar, o filme dirigido acompanha as manifestações que ocuparam as ruas de Kiev entre o final de 2013 e o início de 2014 para protestar contra o governo de Viktor Yanukovych, que buscava estreitar laços econômicos com a Rússia. A violenta repressão acabou provocando uma guerra civil na Ucrânia.
As Mortes de Dick Johnson (2020), de Kirsten Johnson. A documentarista estadunidense resolveu homenagear o pai em vida, antes que a morte levasse seu corpo ou, no mínimo, sua memória ficasse comprometida pelo Alzheimer. A celebração também é do cinema, capaz de eternizar as coisas e as pessoas, e capaz também de matar sem matar.
Professor Polvo (2020), de Pippa Ehrlich e James Reed. Ganhador do Oscar, o filme retrata a aproximação entre um homem, o documentarista Craig Foster, e um polvo na costa da África do Sul. Além de exibir imagens fabulosas, Professor Polvo retoma algumas lições velhas, mas nem sempre aprendidas — como a de que, se descuidarmos, o trabalho pode nos devorar e a de que não somos visitantes, mas integrantes da natureza.
Virunga (2014), de Orlando von Einsiedel. Indicado ao Oscar, ao Bafta e aos troféus do Sindicato dos Diretores dos EUA e da Associação dos Produtores dos EUA, o documentário conta a história dos guardas que arriscam a vida para proteger o parque nacional mais precioso da África, na República Democrática do Congo, e seus gorilas em risco de extinção.
Europeus
18 Presentes (2020), de Franco Amato. Em uma cidadezinha italiana, uma mulher grávida e com câncer terminal deixa 18 presentes para a filha que vai nascer — um para cada aniversário, até que fique adulta. Inspirado em uma personagem verídica, o drama requer um pacote de lenços ao lado do sofá.
Carne Trêmula (1997), de Pedro Almodóvar. É a versão livre do diretor espanhol para um romance policial da inglesa Ruth Rendell. Ambientado em Madri, o filme acompanha o desastrado percurso do entregador de pizzas Victor (Liberto Rabal, anunciado à época como o novo Antonio Banderas). Aos 20 anos, o rapaz teve uma única experiência sexual, com a bela e viciada em heroína Elena (Francesca Neri). Na tentativa de repeti-la, ele atira acidentalmente no policial David (Javier Bardem).
Educação (2009), de Lone Scherfig. A diretora dinamarquesa assina esta produção britânica que concorreu a três Oscar: melhor filme, atriz (Carey Mulligan) e roteiro adaptado (pelo escritor Nick Hornby). Na trama ambientada na efervescente Londres da década de 1960, uma adolescente de 16 anos que mora no subúrbio e tenta realizar o sonho de sua família — que é ser aceita em uma escola da elite — encara uma reviravolta na vida ao conhecer um playboy com o dobro de sua idade (Peter Sarsgaard).
Fale com Ela (2002), de Pedro Almodóvar. Mulheres em coma e homens solitários. Touradas em Madri e coreografias de Pina Bausch. Cinema mudo e personagens que contam filmes. Caetano Veloso e Elis Regina. O cineasta espanhol congrega isso tudo e um pouco mais neste filme ganhador do Oscar de melhor roteiro original.
O que Ficou para Trás (2020), de Remi Weekes. Um casal que fugiu da guerra civil no Sudão do Sul vivencia o terror em casa num subúrbio da Inglaterra. Assusta, intriga e emociona.
Má Educação (2004), de Pedro Almodóvar. É o terceiro filme do espanhol na relação (e haverá um quarto logo abaixo). Acontece que a Netflix disponibilizou em 2022 um pacote com 12 títulos almodovarianos. Este aqui é um dos meus preferidos, a um só tempo uma crítica à hipocrisia e ao silêncio da Igreja em relação a padres pedófilos, uma homenagem ao cinema noir e um reflexo multifacetado da carreira do cineasta.
A Mão de Deus (2021), de Paolo Sorrentino. O cineasta italiano recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza e disputou o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta de melhor filme internacional. Com toques autobiográficos, conta a história de Fabietto, 17 anos, que está prestes a ver seu ídolo Maradona jogar no Napoli, o time da sua cidade. "Mas a vida lhe reserva ainda outra surpresa, um forte empurrão para que se despeça da sua inocência", como escreveu em GZH a colunista Martha Medeiros.
Me Chame pelo seu Nome (2017), de Luca Guadagnino. No verão italiano de 1983, Elio (Timothée Chalamet), 17 anos, passa seus dias transcrevendo e tocando música clássica, lendo e flertando com uma amiga. Até que conhece um estudante estadunidense mais velho (Armie Hammer). Dirigido por Luca Guadagnino, o filme valeu o Oscar de roteiro adaptado para James Ivory.
Mignonnes (2020), de Maïmouna Doucouré. O polêmico filme de diretora franco-senegalesa levanta o debate sobre a adultização e a sexualidade infantil: o que nossas crianças andam imitando? Qual é o papel dos pais e responsáveis?
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988), de Pedro Almodóvar. Ganhadora da Osella de Ouro de melhor roteiro no Festival de Veneza e indicada ao Oscar de filme internacional, esta comédia dramática projetou Almodóvar globalmente. Carmen Maura interpreta Pepa, uma dubladora de filmes que entra em crise depois de ser deixada pelo namorado. Em busca de algo para curar a fossa, ela se propõe a ajudar uma amiga que mantém uma relação com um terrorista. A situação se complica quando Pepa encontra a amante de seu ex-companheiro e, depois, passa a ser perseguida pela polícia. Com Antonio Banderas.
Ninfomaníaca: Volumes 1 e 2 (2013), de Lars Von Trier. O díptico do controvertido cineasta dinamarquês conta como um título só nesta lista. A história é narrada em forma de flashback, como numa sessão de terapia em que Joe (Charlotte Gainbourg), uma mulher atormentada por seus desejos sexuais, narra sua perturbadora trajetória a um sujeito de vida pacata (Stellan Skarsgård) que a encontrou desmaiada na rua e a acolheu. O elenco inclui Stacy Martin (no papel da jovem Joe), Uma Thurman e Christian Slater.
O Poço (2020), de Galder Gaztelu-Urrutia. Esta distopia espanhola tem ecos de duas obras do sul-coreano Bong Joon-ho. Assim como ocorre nos vagões de O Expresso do Amanhã, o presídio vertical de O Poço separa os ricos dos pobres. Assim como em Parasita, o filme mistura humor com brutalidade ao encenar duelos de sobrevivência para os quais os mais abastados nem dão bola.
Rede de Ódio (2020), de Jan Komasa. O diretor polonês aborda temas como haters, milícias digitais, fake news e a influência das mídias sociais no crescimento do extremismo político. Na trama, um jovem interpretado de forma assombrosa por Maciej Musialowski vai trabalhar em uma empresa de monitoramento das redes sociais, fachada para um escritório de difamação, de onde ataca primeiro uma influenciadora digital da área de fitness e depois um candidato a prefeito de Varsóvia.
Sementes Podres (2018), de Kheiron. A comédia dramática é escrita, dirigida e protagonizada pelo franco-iraniano Kheiron. Seu papel é o do trapaceiro Wael, que vive aplicando golpes na companhia de Monique (a sempre charmosa Catherine Deneuve). Quando um desses golpes dá errado, Wael acaba incumbido de ser o mentor de adolescentes à beira de serem expulsos da escola.
Toc Toc (2017), de Vicente Villanueva. Seis pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) marcam consulta no mesmo horário com um psiquiatra, mas ele se atrasa muito. Enquanto esperam no consultório, eles descobrem as peculiaridades de cada um, provocando risadas no espectador — que mais adiante perceberá as sutilezas desta comédia espanhola estrelada por Oscar Martínez e Rossy de Palma, entre outros atores.
Veronica (2017), de Paco Plaza. Neste terror espanhol do mesmo diretor de Rec (2007), uma adolescente aluna de escola católica e sobrecarregada de tarefas domésticas (é ela quem de fato cuida dos três irmãos mais novos) compra um tabuleiro ouija para tentar contatar o pai falecido.
Viver Duas Vezes (2019), de Maria Ripoll. Com sua filha e sua neta, Emilio embarca em uma louca jornada pela Espanha para encontrar a sua paixão da juventude antes que ele sucumba ao Alzheimer. Mais uma atuação memorável de Oscar Martínez.
Hollywood e independentes dos EUA
Amnésia (2000), de Christopher Nolan. O filme sobre um homem (Guy Pearce) que não consegue lembrar de nada minutos depois de algo acontecer ilude nossa memória ao narrar os eventos de trás para frente. A forma atrela-se ao conteúdo: Nolan discute de que são feitas e para que servem nossas lembranças, o quanto elas são reais ou interpretações.
Ataque dos Cães (2021), de Jane Campion. O faroeste tardio (se passa em 1925), silencioso (não espere um bangue-bangue) e desconstrutivo (esqueça a imagem mítica do caubói) tinha 12 indicações ao Oscar, mas, infelizmente, só levou a estatueta dourada de melhor direção. Benedict Cumberbatch, que concorria na categoria de ator, foi um dos grandes injustiçados.
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004), de Michael Gondry. O personagem encarnado por Jim Carrey descobre que a ex-namorada (Kate Winslet, indicada ao Oscar de melhor atriz) fez um tratamento para eliminar todas as lembranças dos dois. Assim escreveu meu colega Daniel Feix: "A ideia de 'apagar' alguém da memória tem a ver com as fantasias típicas da ficção científica, mas serve de retrato das gerações reais de jovens obcecados pelo presente que demonstram incapacidade de lidar com as dificuldades da vida adulta". Ganhou a estatueta dourada de roteiro original.
A Bruxa (2015), de Robert Eggers. Isolada à margem de uma floresta na Nova Inglaterra do século 17, uma família cai em desgraça quando o filho caçula, um bebê, é sequestrado por uma feiticeira. No seu caldeirão, A Bruxa reflete sobre o medo do poder feminino, o desabrochar da sexualidade, o fanatismo religioso e o caráter repressor da sociedade, cozinhando influências como Bergman e Goya.
Capitão Fantástico (2016), de Matt Ross. Após a morte da esposa, homem (Viggo Mortensen, indicado ao Oscar) que mora afastado da civilização precisa voltar à vida urbana, acompanhado dos seis filhos. O grupo tem de se adaptar enquanto o pai luta com o ex-sogro pelo direito de criar os filhos. A cena da família interpretando a canção Sweet Child O'Mine (Guns N' Roses) é radiante e arrepiante.
Clube da Luta (1999), de David Fincher. Um dos mais cultuados filmes dos anos 1990 celebra a parceria entre um diretor ousado e dois atores corajosos. Edward Norton e Brad Pitt encarnam personagens antológicos na delirante jornada do sujeito que encontra na celebração da violência uma válvula de escape para sua vidinha modorrenta.
De Repente 30 (2004), de Gary Winick. É uma deliciosa comédia inspirada em Quero Ser Grande (1988). No seu 13º. aniversário, Jenna Rink, que só tem um amigo, Matt, faz um pedido: virar adulta. No dia seguinte, ela acorda com 30 anos de idade (Jennifer Garner).
Drive (2011), de Nicolas Winding Refn. Ganhador do prêmio de direção no Festival de Cannes, o cineasta dinamarquês faz um sofisticado exercício estilístico sobre um arquétipo recorrente em Hollywood (e interpretado por Ryan Gosling): o do homem calado e calejado, às vezes travestido de justiceiro, noutras de criminoso, não raramente mocinho e bandido na mesma persona.
Dunkirk (2017), de Christopher Nolan. A oscarizada edição intercala três distintos arcos temporais (uma semana, um dia e uma hora), que gradativamente vão convergindo para um clímax simultâneo em um episódio dramático da Segunda Guerra Mundial.
Era uma Vez em... Hollywood (2019), de Quentin Tarantino. Ambientada em 1969, esta fábula cruza os caminhos de um ator decadente (Leonardo DiCaprio) e um dublê (Brad Pitt, Oscar de coadjuvante), ambos personagens fictícios, com o da atriz Sharon Tate (Margot Robbie), assassinada pela seita de Charles Manson.
Estou Pensando em Acabar com Tudo (2020), de Charlie Kaufman. De carro, um casal de namorados (Jesse Plemons e Jessie Buckley) convida o público a embarcar em uma viagem verborrágica e a desvendar um quebra-cabeças sobre memórias reinventadas, afetos partidos e relacionamentos abusivos.
O Estranho Sem Nome (1973), de Clint Eastwood. É um dos filmes que imortalizaram Eastwood no gênero do faroeste. O próprio diretor interpreta o protagonista contratado para proteger uma cidadezinha no Arizona, Lago, de bandidos que prometem aterrorizar seus moradores. Ele impõe algumas condições, como pintar o local de vermelho e rebatizá-lo como Hell (Inferno).
O Farol (2019), de Robert Eggers. O diretor distorce a percepção do espectador e permite variadas interpretações ao contar a história de dois marinheiros (Robert Pattinson e Willem Dafoe) isolados em uma ilha na Nova Inglaterra dos anos 1880.
A Filha Perdida (2021), de Maggie Gyllenhaal. Baseado no romance homônimo escrito por Elena Ferrante, o filme disputou os Oscar de roteiro adaptado (assinado pela própria diretora estreante), melhor atriz (Olivia Colman) e atriz coadjuvante (Jessie Buckley).
Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), de Robert Zemeckis. Conquistou seis Oscar: melhor filme, direção, ator (Tom Hanks), roteiro adaptado, edição e efeitos visuais (aqueles que fazem o protagonista contracenar com políticos e celebridades do passado). A trilha sonora é um legítimo cancioneiro dos Estados Unidos.
Gladiador (2000), de Ridley Scott. Superprodução que praticamente ressuscitou o gênero épico, traz Russell Crowe no papel de Maximus, general que, por causa de intrigas e traições, é transformado em escravo e obrigado a lutar como gladiador no Coliseu romano. Ganhou cinco Oscar, incluindo melhor filme e ator, e disputou outras sete categorias, como direção e ator coadjuvante (Joaquin Phoenix).
Guerra ao Terror (2008), de Kathryn Bigelow. Retrata o perigoso cotidiano de um esquadrão antibombas do exército dos Estados Unidos durante o mais recente conflito no Iraque. No elenco, estão Jeremy Renner e Anthony Mackie, hoje super-heróis da Marvel (o Gavião Arqueiro e o Falcão, respectivamente). Bigelow tornou-se a primeira mulher a ganhar o Oscar de direção, em 2010, e também levou o troféu de melhor filme. O curioso é que ela derrotou seu ex-marido, James Cameron, que era favorito nas duas categorias, por Avatar.
História de um Casamento (2019), de Noah Baumbach. Ambos indicados ao Oscar, Adam Driver e Scarlett Johansson equilibram força e fragilidade como um casal que espelha dúvidas e angústias nossas: o que fazer do amor quando um relacionamento acaba? O quanto nos dispomos a viver a vida com o outro — a viver a vida do outro? O que justifica um fim? As palavras duras que dizemos um ao outro são a verdade ou um exagero temperado pela ira e pelo ressentimento? Como proteger os filhos se estamos em guerra?
Identidade (2021), de Rebecca Hall. Na Nova York dos anos 1920, duas mulheres que cresceram se reencontram na vida adulta: Irene (Tessa Thompson) se identifica como negra e está casada com um médico negro (que sonha em se mudar para o Brasil, um país onde, segundo ele, não há racismo); Clare (Ruth Negga) se passa por branca e tem um marido rico e preconceituoso. Foi uma ausência inexplicável nas indicações ao Oscar de 2022.
Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese. É uma das seis parcerias do diretor com o ator Leonardo DiCaprio. Aqui, ele interpreta um policial do FBI que, em 1954, ao lado de seu novo parceiro (Mark Ruffalo), investiga em um hospital psiquiátrico a fuga de uma paciente que matou seus próprios filhos.
O Irlandês (2019), de Martin Scorsese. Indicado a 10 Oscar, incluindo melhor filme e direção, é um parque temático de Scorsese. Estão lá a violência endêmica da sociedade estadunidense; o tormento espiritual, a culpa católica e a busca por algum tipo de redenção; o corpo e a alma, o pecado e a fé. Estão lá os gângsteres, não mitologizados nem glamorizados, mas os homens que precisam sujar as mãos. Estão lá os "bons companheiros" do cineasta, três dos atores que ele mais dirigiu: Robert De Niro, Harvey Keitel e Joe Pesci (indicado ao Oscar de coadjuvante, assim como Al Pacino).
Joias Brutas (2019), de Ben Safdie e Josh Safdie. Adam Sandler tem um dos melhores desempenhos de sua carreira na pele de um joalheiro de Nova York endividado por causa do vício em jogos de azar. Mas o que mais se destaca é o trabalho dos irmãos diretores, que constroem uma atmosfera opressiva e asfixiante em torno desse personagem.
O Lado Bom da Vida (2012), de David O. Russell. A comédia dramática que rendeu a Jennifer Lawrence o Oscar de melhor atriz concorreu em outras sete categorias: melhor filme, direção, ator (Bradley Cooper), atriz coadjuvante (Jacki Weaver), ator coadjuvante (Robert De Niro), roteiro adaptado e edição. A trama acompanha a aproximação de Tiffany e Pat, dois adultos mentalmente instáveis.
Mosul (2020), de Matthew Michael Carnahan. Um filme de guerra estadunidense muito incomum — o conflito contra o Estado Islâmico é visto e falado pela perspectiva dos iraquianos.
Não Olhe para Cima (2021), de Adam McKay. Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett e Timothée Chalamet estrelam a comédia do negacionismo. Na trama, dois astrônomos tentam alertar as autoridades, a imprensa e a população sobre a iminente destruição da Terra por um cometa.
Passageiro Acidental (2021), de Joen Penna. Se você curte filmes que nos jogam contra a parede e perguntam "o que você faria?", convido a tomar assento no voo dirigido por este brasileiro radicado nos EUA. Toni Collette, Daniel Dae Kim e Anna Kendrick interpretam três astronautas que descobrem um intruso em meio a uma viagem de dois anos rumo a Marte. Trata-se de um problema muito sério: não há oxigênio para quatro pessoas a bordo.
The Perfection (2019), de Richard Shepard. Charlotte (Allison Williams), uma jovem que era um prodígio do violoncelo, teve de abandonar a música quando sua mãe adoeceu. Anos depois, ela resolve procurar seu antigo mentor, que agora tem uma nova pupila. A partir daí, o filme toma rumos inesperados _ e por vezes bizarros e violentos.
O Plano Perfeito (2006), de Spike Lee. Assaltantes vestidos com uniformes de pintor invadem um movimentado banco em Nova York e fazem reféns. A polícia chega ao local esperando resolver a situação rapidamente, mas os detetives vividos por Denzel Washington e Chiwetelk Ejiofor se surpreendem com a inteligência e a frieza do líder dos bandidos (Clive Owen). O elenco de luxo inclui Jodie Foster, Willem Dafoe e Christopher Plummer. Como este é um filme de Spike Lee, saiba que não será apenas um filme de assalto.
À Procura da Felicidade (2006), de Gabriele Muccino. Neste filme ambientado na São Francisco dos anos 1980, Will Smith (indicado ao Oscar) aceita um estágio não remunerado em uma corretora da bolsa de valores na esperança de ser contratado e, assim, poder sustentar o filho pequeno — que é vivido pelo filho do próprio ator. Eu choro sempre que vejo.
O Resgate do Soldado Ryan (1998), de Steven Spielberg. Na Segunda Guerra Mundial, após chegar a Normandia, um grupo de soldados dos Estados Unidos procura encontrar o único irmão vivo de três que morreram na guerra. A sequência do desembarque na costa francesa — o Dia D — ainda hoje impressiona. Disputou 11 Oscar, incluindo melhor filme e ator (Tom Hanks), e conquistou cinco, entre eles, o de direção.
Scarface (1983), de Brian De Palma. O diretor e o ator Al Pacino estavam no auge quando fizeram essa modernização do filme de 1932 que apresentava uma versão ficcional da trajetória do gângster Al Capone. Agora, temos Tony Montana, um cubano que almeja ser o chefão do tráfico de drogas em Miami. Michelle Pfeiffer encarna seu interesse romântico, Elvira, Steven Bauer é Manny, seu grande amigo, uma metralhadora M16 é seu "pequeno amigo" — "Say hello to my little friend", diz o ensandecido protagonista em uma sequência antológica.
O Segredo de Brokeback Mountain (2005), de Ang Lee. Brokeback é o nome da montanha onde o vaqueiro Ennis del Mar (Heath Ledger) e o caubói de rodeio Jack Twist (Jake Gyllenhaal) vivem um romance secreto por quase 20 anos. Ganhou três Oscar (direção, roteiro adaptado e trilha sonora) e concorreu a outros cinco: melhor filme, ator (Ledger), atriz coadjuvante (Michelle Williams), ator coadjuvante (Gyllenhaal) e fotografia.
Um Sonho de Liberdade (1994), de Frank Darabont. Todo o culto em torno deste drama de prisão — número 1 entre os usuários do site IMDb — é justificado. Baseada em obra de Stephen KIng, a história do banqueiro (Tim Robbins) condenado pelo assassinato de sua esposa e do amante dela concorreu a sete Oscar, incluindo melhor filme e ator coadjuvante (Morgan Freeman, que a partir daí passou a ser costumeiramente escalado também como narrador).
Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese. Segunda das 10 parcerias já realizadas entre o diretor e o ator Robert De Niro, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, concorreu em quatro categorias do Oscar — melhor filme, ator, atriz coadjuvante (Jodie Foster, que tinha apenas 13 anos quando atuou) e música original (em uma indicação póstuma de Bernard Herrmann, o mesmo de Cidadão Kane e Psicose) — e influenciou títulos como Um Dia de Fúria (1993) e Coringa (2019).
Tick, Tick... Boom! (2021), de Lin-Manuel Miranda. O musical é sobre o processo criativo do compositor de um dos maiores sucessos da Broadway, Rent (1994), mas o filme se concentra na história de seu maior fracasso, Superbia, que nunca chegou a estrear. No papel de Jonathan Larson, Andrew Garfield disputou o Oscar de melhor ator.
Tubarão (1975), de Steven Spielberg. Se Encurralado (1971) trouxe à tona o nome de Spielberg, Tubarão fez dele um dos gigantes de Hollywood. Aqui, novamente o diretor encena um duelo afeito a simbolismo (o homem versus a natureza, o humano versus o monstruoso, a ciência versus o negacionismo etc) e aprimora as técnicas de suspense demonstradas anteriormente, trabalhando muito mais com a sugestão da presença do que com a presença em si do predador marinho. O mérito precisa ser compartilhado com o compositor John Williams, autor da inesquecível e icônica música original.
A Voz Suprema do Blues (2020), de George C. Wolfe. Recria os bastidores da gravação de Black Bottom, um dos sucessos da cantora Ma Rainey (1886-1939), considerada a mãe do blues. Os personagens de Viola Davis e Chadwick Boseman (ambos indicados ao Oscar) duelam, mas no fundo lutam contra o mesmo adversário: a opressão racial, a apropriação cultural, a exploração da mão de obra e do talento negros pela sociedade branca.
Latino-americanos
Amores Brutos (2000), de Alejandro González-Iñárritu. Vencedor de três prêmios paralelos no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de melhor filme internacional, narra três histórias paralelas na Cidade do México. Um acidente de automóvel entrelaça os destinos de um jovem que participa de lutas clandestinas com cães (Gael García Benal), uma modelo de sucesso e um dublê de mendigo e justiceiro. O título deu projeção internacional ao cineasta que depois venceria o Oscar de direção com Birdman (2014) e O Regresso (2015).
A História Oficial (1985), de Luis Puenzo. Primeira produção argentina a ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro, retrata a vida de uma professora de história (Norma Aleandro) que, após o final do regime militar, tenta descobrir quem é a mãe biológica de sua filha adotada.
Crimes de Família (2020), de Sebastian Schindel. Cecilia Roth brilha neste retrato da tradicional família hipócrita, que cultiva na aparência os vínculos afetivos e dorme sob a proteção de Cristo, mas é capaz de mentir, burlar, ameaçar, corromper.
Ninguém Sabe que Estou Aqui (2020), de Gaspar Antillo. Neste filme chileno, Jorge García, o Hurley da série Lost, dá show em um solo silencioso no papel de um ex-cantor mirim que virou um ermitão.
A Noite do Fogo (2021), de Tatiana Huezo. Observa o cotidiano de um povoado mexicano violentado pelo narcotráfico sob o olhar de três amigas, na infância e na adolescência. Um dos meus filmes preferidos na temporada.
O Patrão: Radiografia de um Crime (2014), de Sebastian Schindel. Baseado em uma história real, registra o calvário do humilde e analfabeto Hermógenes, que assassinou o dono do açougue do qual era gerente. Por quê?
Roma (2018), de Alfonso Cuarón. Filmado em preto e branco, faz um tributo às mulheres que criaram o diretor no começo dos anos 1970 no bairro homônimo da Cidade do México. Venceu três Oscar — longa internacional, direção e fotografia (também assinada por Cuarón) — e disputou outros sete, incluindo melhor filme, atriz (Yalitza Aparicio) e atriz coadjuvante (Marina De Tavira).
Uma Mulher Fantástica (2017), de Sebastián Lelio. Vencedor do Oscar de melhor filme internacional, representando o Chile, acompanha a trajetória de Marina, uma mulher trans que precisa enfrentar o preconceito da família de seu recém-falecido namorado.
Vamos Consertar o Mundo (2022), de Ariel Winograd. Um bem-sucedido produtor de TV (em cativante interpretação de Leonardo Sbaraglia) precisa aprender a ser pai de um menino de nove anos. É uma daquelas comédias dramáticas que os argentinos sabem fazer tão bem.
Whisky (2004), de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll. Neste saboroso filme uruguaio que ganhou dois prêmios na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes e três Kikitos em Gramado, o dono de uma fábrica de meias propõe à sua funcionária se passar por esposa durante a visita do irmão, seu eterno rival.
Bônus
Bo Burnham: Inside (2021), de Bo Burnham. É um filme? É um especial de comédia? É um musical? É um monólogo? É um registro documental sobre a vida durante a pandemia? Inside é — parafraseando uma das canções do próprio comediante estadunidense — um pouco de tudo o tempo todo.
Se Algo Acontecer... Te Amo (2020), de Will McCormack e Michael Govier. Premiado com o Oscar de melhor curta de animação, começa mostrando um casal separado dentro da própria casa. Aos poucos, graças a um inteligente e emotivo jogo de sombras, vamos entendendo o que os levou àquela condição e o profundo sentido do título.