Médico, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre em 1937 e faleceu na mesma cidade em 2011. Autor de romances, ensaios e livros de crônicas, Scliar colaborou com Zero Hora por mais de 30 anos.
A história, até certo ponto surpreendente, está na revista Time desta semana. Uma nova orquestra jovem está sendo formada. Até aí, claro, nada demais; jovens músicos com talento não são raros e juntá-los numa orquestra não é nada difícil, em qualquer parte do mundo. Mas a nova orquestra, com 78 músicos, tem um característico importante e alentador. Metade dos jovens são israelenses, a outra metade são árabes, procedentes de vários países.
A ideia nasceu de duas cabeças privilegiadas, aquelas do maestro e pianista israelense Daniel Barenboim e do intelectual palestino, radicado nos Estados Unidos, Edward Said. A presença deste último no projeto também é uma surpresa: Said é um crítico contundente da política de Israel. Mas é um homem que não se recusa a conversar com adversários. E, detalhe curioso, é também um bom pianista, o que deve ter funcionado como motivação. No momento, Said vive um transe doloroso: doente, com leucemia, trabalhar pela orquestra é para ele um grande esforço. Que não recusa: trata-se, diz, de “um paradigma coerente, e inteligente, para uma vida em comum”. Fundações europeias ajudaram com 600 mil euros e a orquestra começou recentemente a ensaiar em conjunto num seminário católico perto de Sevilha.
Alguém poderia perguntar: será a música um antídoto para o ódio que reina no Oriente Médio? Provavelmente não: as armas falam mais forte. Mas é uma tentativa, que se reunirá a muitas outras tentativas, até que se tenha uma suficiente massa crítica de boa vontade. Orquestra é um modelo particularmente adequado. Em muitos campos de concentração nazistas os prisioneiros judeus formaram orquestras, que eram seu único e precário elo com a vida e com a esperança, um estímulo para a sobrevivência. No conflito israelense-palestino a música pode funcionar da mesma maneira. Afinal, estamos falando de harmonia, estamos falando de trabalho conjunto, estamos falando de arte. E se estamos falando destas coisas, não estamos falando em bombardeios nem em atentados. O que já é alentador.
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