Existem tesouros escondidos sob as pilhas de desenhos animados da Disney e da Pixar, aventuras de super-heróis da Marvel, clássicos e derivados da saga Star Wars que dominam o menu do Disney+.
E são filmes que só podem ser encontrados nessa plataforma de streaming.
Fiz uma lista com 50 títulos imperdíveis, mas há muitos outros para quem resolver garimpar. Clique nos links se quiser saber mais.
1) 127 Horas (2010)
De Danny Boyle. James Franco concorreu ao Oscar de melhor ator no papel de Aaron Ralston, montanhista que, em abril de 2003, aos 27 anos, saiu para se aventurar nos cânions do Estado de Utah, nos EUA, e acabou preso em uma fenda profunda e estreita, com a mão direita e o pulso emparedados por uma rocha de quase meia tonelada. O filme disputou outras cinco categorias, incluindo a principal da premiação de Hollywood.
2) Ajuste Final (1990)
De Ethan Coen e Joen Coen. Gabriel Byrne vive o braço-direito de um mafioso irlandês (Albert Finney) que precisa administrar o temperamento explosivo do patrão em meio a uma guerra com um chefão rival e um perigoso triângulo amoroso. John Turturro e Marcia Gay Harden também estão no elenco desta joia dos primeiros anos da carreira dos irmãos Coen.
3) Além da Linha Vermelha (1998)
De Terrence Malick. Um filme de guerra pode ser bonito? É a pergunta que vem à mente diante desta obra-prima de Malick, que venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim e foi indicada em sete categorias do Oscar, incluindo melhor filme e direção. Nick Nolte, John Cusack, Sean Penn, Woody Harrelson, Jim Caviezel e Adrien Brody integram o elenco desta reconstituição poética e filosófica da batalha de Guadalcanal, travada no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial.
4) Alien: O 8º Passageiro (1979)
De Ridley Scott. Uma nave espacial, ao retornar para Terra, recebe estranhos sinais vindos de um asteroide. Enquanto a equipe investiga o local, um dos tripulantes é atacado por um misterioso ser. Clássico fundamental da ficção científica, deu origem a uma franquia, ganhou o Oscar de efeitos visuais e traz no elenco Sigourney Weaver, Tom Skerritt e John Hurt.
5) Alta Fidelidade (2000)
De Stephen Frears. Fiel adaptação do romance pop do escritor inglês Nick Hornby. Rob Gordon (John Cusack) é um dono de loja de discos que está passando por uma crise aos 30 e poucos anos. Após ser dispensado pela namorada, ele resolve cruzar sua obsessão em fazer listas com a análise de seus cinco relacionamentos mais marcantes. No elenco, Jack Black, Iben Hjejle, Lisa Bonet e Todd Louiso.
6) Os Banshees de Inisherin (2022)
De Martin McDonagh. Foi o maior injustiçado do Oscar em 2023: recebeu nove indicações e não levou nenhuma estatueta dourada. Em uma fictícia ilha da Irlanda dos anos 1920, a batalha pessoal entre dois ex-melhores amigos, Pádraic (papel de Colin Farrell, concorrente ao prêmio de melhor ator) e Colm (Brendan Gleeson), não serve de metáfora apenas da guerra civil que marcou o país; o microcosmo representa qualquer cenário onde alguma diferença — política, religiosa, sexual, esportiva etc. — se impõe e anula as muitas semelhanças. Onde as pessoas dão um dedo para não dar o braço a torcer. Onde o ressentimento queima e se alastra.
7) O Bom Patrão (2021)
De Fernando León de Aranoa. Blanco (Javier Bardem) é o carismático dono de uma fábrica familiar que está sob pressão com a possibilidade de ganhar um prêmio por excelência empresarial. Ao mesmo tempo, tem de lidar com um trabalhador despedido vingativo, um supervisor deprimido e um estagiário ambicioso. Venceu seis prêmios no Goya, da Academia Espanhola, incluindo melhor filme, direção e ator.
8) Borat (2006)
De Larry Charles. Logo na abertura, Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América diz a que veio: o protagonista mostra seu pobre vilarejo natal no Cazaquistão (refletindo a visão estereotipada de muitos estadunidenses), seus hobbies (como fotografar às escondidas mulheres urinando) e uma das "tradições" da região, a Corrida do Judeu (a propósito: o criador e intérprete do personagem, Sacha Baron Cohen, é judeu). As piadas — ou ofensas? — antissemitas, escatológicas, misóginas, racistas e homofóbicas se multiplicam quando o falso repórter de TV e seu produtor, Azamat Bagatov (Ken Davitian), desembarcam em Nova York. Os dois estrelam uma sequência impossível de ser "desvista", cujo estopim são fotos da atriz e modelo Pamela Anderson.
9) Busca Implacável (2008)
De Pierre Morel. Foi o filme que tornou Liam Neeson um astro tardio do gênero. Com sua voz grave, ele imortalizou o seguinte monólogo: "Eu não sei quem você é. Eu não sei o que você quer. Se está em busca de resgate, saiba que não tenho dinheiro. O que eu tenho são habilidades muito específicas, habilidades que eu adquiri ao longo de uma carreira muito longa. Habilidades que fazem de mim um pesadelo para pessoas como você. Se você libertar minha filha agora, encerramos o assunto. Não vou te procurar ou te perseguir. Mas se você não a libertar, eu vou te procurar, eu vou te achar e eu vou te matar".
10) Butch Cassidy (1969)
De George Roy Hill. Wyoming, início de 1900. Butch Cassidy (Paul Newman) e The Sundance Kid (Robert Redford) são líderes de bandidos. Depois que um roubo de trem dá errado, eles fogem, com um pelotão atrás deles. A solução: fugir para Bolívia. O filme eternizou a canção Raindrops Keep Fallin' on my Head, de Burt Bacharach e Hal David, premiada com o Oscar.
11) Carruagens de Fogo (1981)
De Hugh Hudson. Reconstitui a preparação de dois atletas do Reino Unido para a Olimpíada de 1924, em Paris: Eric Liddel (Ian Charleson) é um missionário escocês que corre por devoção a Deus, e Harold Abrahams (Ben Cross), filho de judeus, quer provar sua capacidade para a comunidade de Cambridge. Ganhou os Oscar de melhor filme, roteiro original, figurinos e trilha sonora — composta por Vangelis e imortalizada em inúmeras citações: virou um clichê dos momentos de superação e das cenas em câmera lenta.
12) Cisne Negro (2010)
De Darren Aronofsky. Natalie Portman vive, no papel que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, uma promissora bailarina que tem um surto psicótico diante do desafio de assumir o posto de solista de sua companhia na montagem de O Lago dos Cisnes.
13) O Clã (2015)
De Pablo Trapero. Suspense argentino que recria o ambiente do país vizinho nos últimos anos de ditadura, quando um ex-agente da inteligência (Guillermo Francella) vinculado aos militares lidera uma gangue que faz uso de sua própria casa, aproveitando-se da imagem da família exemplar, para esconder sequestros e assassinatos. A incrível história realmente ocorreu, nos anos 1980.
14) Ed Wood (1994)
De Tim Burton. Cinebiografia estilosa e cativante de Ed Wood (papel de Johnny Depp), autor de Glen ou Glenda (1953) e Plano 9 do Espaço Sideral (1959) e considerado um dos piores cineastas de todos os tempos. Recebeu o Oscar de ator coadjuvante (Martin Landau) e o de melhor maquiagem.
15) Estrada para Perdição (2002)
De Sam Mendes. Tom Hanks fez seu papel mais soturno: o de um matador da máfia irlandesa na Chicago dos anos 1930. Filmaço que ganhou o Oscar de melhor fotografia e foi indicado a outras cinco estatuetas, incluindo ator coadjuvante (Paul Newman). No elenco, Daniel Craig.
16) Os Excêntricos Tenenbaums (2001)
De Wes Anderson. Um prólogo narrado por Alec Baldwin, embalado por Hey Jude, dos Beatles, e inspirado em Soberba (1942), de Orson Welles, e Uma Mulher para Dois (1961), de François Truffaut, nos familiariza com o fabuloso mundo dos Tenenbaums: gênios quando crianças, os irmãos Chas (Ben Stiller), Richie (Luke Wilson) e Margot (Gwyneth Paltrow) vivenciam na maturidade seu fracasso. O pai (Gene Hackman), que os abandonara na infância, vê-se à beira do despejo do hotel onde mora e, ao longe, observa um homem (Danny Glover) cortejar sua esposa (Anjelica Huston). Assim, não resta outra alternativa ao ex-advogado Royal Tenenbaum: voltar à casa (e, quem sabe, consertar os erros do passado). Concorreu ao Oscar de roteiro original e firmou as marcas estilísticas e temáticas do diretor.
17) A Forma da Água (2017)
De Guillermo Del Toro. Durante a Guerra Fria, cientistas fazem uma série de experimentos em um humanoide anfíbio (Doug Jones) aprisionado em um laboratório governamental — até Eliza (Sally Hawkins), zeladora muda do local, se apaixonar pela criatura. Venceu quatro Oscar — melhor filme, direção, design de produção e música original — e concorreu a outros nove, incluindo os de melhor atriz, ator coadjuvante (Richard Jenkins) e atriz coadjuvante (Octavia Spencer). Do diretor mexicano, também está disponível O Beco do Pesadelo (2021), que disputou os Oscar de melhor filme, fotografia, design de produção e figurinos.
18) Fresh (2022)
De Mimi Cave. Filme que não tem vergonha de ser franco (ou seria absurdo?) na sua metáfora sobre a violência sexual e a objetificação da mulher. As cenas não chegam a ser grotescas (na verdade, o caráter sedutor delas potencializa a crítica) e evitam ao máximo a exploração sádica — afinal, esta é uma perspectiva feminina. A primeira meia hora transcorre como se fosse uma comédia romântica: mostra a aproximação de Noa (Daisy Edgar-Jones), uma jovem já desencantada dos encontros marcados via aplicativos, com Steve (Sebastian Stan). Quando enfim aparecem os créditos de abertura, a mesa já está servida, apostando no apetite do espectador por um pouco de terror e um pouco de humor — e sabendo o momento de acentuar o sabor de um em detrimento do outro.
19) O Grande Hotel Budapeste (2014)
De Wes Anderson. Foi o maior sucesso do cineasta no Oscar (ganhou em design de produção, figurino, maquiagem/cabelos e trilha sonora, além de concorrer nas categorias de melhor filme, direção, roteiro original, fotografia e edição) e nas bilheterias (US$ 172,9 milhões). A figura central da trama é Gustave H. (Ralph Fiennes), concierge de um afamado hotel europeu do período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Um homem do passado, polido e altivo, que Anderson compôs inspirado em Stefan Zweig (1881-1942), autor judeu de origem austríaca que, com a ascensão do nazismo, refugiou-se no Brasil.
20) Hurricane: O Furacão (1999)
De Norman Jewison. Denzel Washington foi premiado no Festival de Berlim e no Globo de Ouro e indicado ao Oscar de melhor ator por interpretar Rubin Carter (1937-2014), boxeador negro injustamente preso por assassinato.
21) Jojo Rabbit (2019)
De Taika Waititi. Hitler pode ser engraçado? É permitido rir do homem que condenou ao sofrimento e à morte milhões de judeus? Humor e Holocausto combinam? Perguntas como essas assaltam o espectador assim que começa Jojo Rabbit, filme ganhador do Oscar de melhor roteiro adaptado e indicado a outras cinco estatuetas: melhor filme, atriz coadjuvante (Scarlett Johansson), edição, design de produção e figurinos.
22) Meninos Não Choram (1999)
De Kimberly Peirce. Narra a história real de Brandon Teena, um forasteiro simpático que conquistou a pequena comunidade rural de Falls City, interior dos EUA. Enquanto faz novas amizades, ele envolve-se com uma garota local. Mas ninguém é capaz de imaginar quem ele realmente é. Hilary Swank recebeu o Oscar de melhor atriz, e Chlöe Sevigny foi indicada como atriz coadjuvante.
23) O Menu (2022)
De Mark Mylod. O principal diretor da série Succession (2018-2023) assina este filme em que um jovem casal (Anya Taylor-Joy e Nicholas Hoult) visita um restaurante exclusivo em uma ilha remota onde um aclamado e tirânico chef (Ralph Fiennes) prepara, como diz a sinopse providencialmente econômica, "um delicioso menu e algumas surpresas chocantes".
24) A Mosca (1986)
De David Cronenberg. Jeff Goldblum e Geena Davis estrelam um dos mais populares filmes do cineasta canadense. Ao experimentar seu novo invento, um cientista não percebe que uma mosca entrou na cabine do teletransporte. O imprevisto faz com que os padrões moleculares do homem e do inseto se misturem e, pouco a pouco, ele sofre terríveis transformações.
25) Moulin Rouge!: Amor em Vermelho (2001)
De Baz Luhrmann. A história de amor entre um escritor inglês (Ewan McGregor) e a principal cortesã (Nicole Kidman) de um cabaré é o pano de fundo neste frenético musical. O diretor australiano leva para a boêmia Paris de 1899 canções que só surgiriam nas últimas décadas do século 20, como Like a Virgin (Madonna), Heroes (David Bowie), Smells Like Teen Spirit (Nirvana) e Roxanne (The Police). Ganhou o Oscar de direção de arte e figurinos e disputou mais seis, incluindo melhor filme e melhor atriz.
26) Não me Abandone Jamais (2010)
De Mark Romanek. A adaptação do aclamado romance de Kazuo Ishiguro aproxima o melodrama clássico da ficção científica. O filme acompanha, no início do século 20, a amizade entre três jovens internos de uma escola britânica. Keira Knightley, Carey Mulligan e Andrew Garfield vivem um triângulo, na medida do possível, amoroso. Seus personagens descobrem não apenas seus sentimentos amorosos mútuos, mas como lidar com um destino sombrio e predeterminado que os aguarda no futuro próximo.
27) Nomadland (2020)
De Chloé Zhao. Chinesa radicada nos EUA, a cineasta ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o Oscar de melhor filme e melhor direção ao abordar o impacto da recessão na vida das pessoas comuns. Com um olhar sensível tanto para com os personagens quanto para com as paisagens, acompanha o cotidiano de uma mulher (Frances McDormand, premiada como melhor atriz) que, após o colapso econômico de uma cidade industrial, precisa morar dentro de uma van e passa a conviver com nômades de verdade.
28) Nove Rainhas (2000)
De Fabián Bielinsky. É um dos títulos que lançaram o ator argentino Ricardo Darín para o mundo. Ele interpreta um pequeno vigarista que se une a outra picareta (Gastón Pauls) para tentarem dar um golpe milionário, que envolve uma série de selos falsificados conhecidos como Nove Rainhas. Difícil saber quem está enganando quem neste filme que consegue equilibrar tensão, humor, drama e um comentário sobre a crônica crise econômica na Argentina.
29) Obrigado por Fumar (2005)
De Jason Reitman. A comédia dramática sobre um lobista (Aaron Eckhart) que defende a indústria do cigarro é formalmente interessante, tem um humor afiado e questionamentos morais sobre liberdade de escolha e o apelo da publicidade.
30) Operação França (1971)
De William Friedkin. Vencedor de cinco Oscar — melhor filme, diretor, ator (Gene Hackman), roteiro adaptado e edição — e segunda maior bilheteria de 1971, tornou-se uma baliza para os títulos e os personagens do gênero policial. O detetive Popeye Doyle interpretado por Hackman é um dos precursores do processo de amoralização dos homens da lei que seria, digamos, aperfeiçoado pelo Dirty Harry de Clint Eastwood em Perseguidor Implacável, do mesmo ano. Na trama baseada em uma história real, Doyle e seu parceiro Buddy Russo (Roy Scheider, indicado ao Oscar de coadjuvante) combatem um esquema de tráfico de drogas que liga Nova York a Marselha. Instável, durão e pragmático, o protagonista fica obcecado em capturar o chefão francês (Fernando Rey), o que rende cenas de tiroteio nas ruas e de perseguições automobilísticas. Teve uma sequência, Operação França II (1975), dirigida por John Frankenheimer e também disponível na plataforma.
31) Ou Tudo ou Nada (1997)
De Peter Cattaneo. Fez sucesso esta comédia inglesa (que inclusive disputou o Oscar de melhor filme) que acompanha a inusitada jornada de um grupo de desempregados da indústria metalúrgica que, para ganhar dinheiro, resolve montar um improvável show de strip-tease. Com Robert Carlyle, Tom Wilkinson e Mark Addy.
32) A Outra Face (1997)
De John Woo. Autor do fundamental Fervura Máxima (1992), o cineasta chinês comanda Nicolas Cage e John Travolta nesta deliciosa extravagância noventista. O filme acompanha a obsessão do agente do FBI Sean Archer (Travolta) em prender o terrorista Castor Troy (Cage). Quando o bandido fica entre a vida e a morte após um acidente de avião, Archer se submete a uma cirurgia plástica para ter o mesmo rosto e poder se infiltrar na organização criminosa. Troy, por sua vez, tem a mesma ideia que o policial quando acorda do coma.
33) O Pecado Mora ao Lado (1955)
De Billy Wilder. Marido certinho (Tom Ewell) despacha esposa e filho para uma temporada de férias e cruza com uma nova vizinha. E que vizinha. Da primeira à última cena, Marilyn Monroe despenca queixos, tanto posando de loira tonta e romântica quanto bancando o mulherão lascivo e ronronante capaz de levar o mais centrado dos homens a perder a cabeça. Foi o título que a consolidou no topo do estrelato e apresentou uma das cenas mais memoráveis do cinema: Marilyn na calçada tendo a saia levantada pelo passar dos trens do metrô de Nova York. O filme é a cores, mas a foto está em preto e branco para deixar a imagem ainda mais clássica.
34) Pequena Miss Sunshine (2006)
De Jonathan Dayton e Valerie Faris. Ganhador dos Oscar de ator coadjuvante (Alan Arkin) e roteiro original, é um filme de estrada que oferece uma espécie de resposta a uma sociedade tão obcecada pelo sucesso como a dos Estados Unidos, onde existe uma terrível divisão de classes: se você não é um vencedor, é um perdedor. Na trama desta comédia dramática, as diferenças entre uma família disfuncional afloram quando a amável e gordinha Olive (Abigail Breslin) ganha uma vaga em um concurso infantil de miss, na Califórnia, para onde seguem todos a bordo de uma velha Kombi amarela.
35) O Planeta dos Macacos (1968)
De Franklin J. Schaffner. Em cena antológica, o astronauta interpretado por Charlton Heston descobre que não foi parar em outro planeta, mas, sim, no futuro da Terra (3978), devastada por um conflito nuclear. Como uma crítica às nossas arrogância e beligerância (a corrida espacial entre EUA e URSS e a Guerra Fria estavam em pleno andamento), a humanidade agora está sob jugo de macacos inteligentes e falantes — cuja hierarquia social baseada nas diferentes espécies também permitia abordar o tema do racismo, igualmente em voga à época.
36) Pobres Criaturas (2023)
De Yorgos Lanthimos. Ganhadora do Oscar nas categorias de melhor atriz (Emma Stone), design de produção, figurinos e maquiagem e cabelos, esta mistura de Frankenstein, socialismo e muito sexo é um dos filmes mais polêmicos dos últimos anos. Para algumas pessoas é uma obra-prima feminista; para outras, uma ofensiva fantasia sexual masculina.
37) A Primeira Profecia (2024)
De Arkasha Stevenson. Eu confesso que quase deixei passar quando estreou nos cinemas, cansado de tantas apostas de Hollywood na nostalgia e do excesso de títulos de terror protagonizados por freiras. Mas o prelúdio do clássico A Profecia (1976) parte de uma ótima ideia: contar a história da mãe de Damien, o Anticristo, mulher que não havia recebido atenção nos cinco filmes e no seriado anteriores.
38) Quiz Show: A Verdade dos Bastidores (1994)
De Robert Redford. A dramatização de um escândalo da TV estadunidense do final dos anos 1950 concorreu aos Oscar de melhor filme, direção, ator coadjuvante (Paul Scofield) e roteiro adaptado. Um jovem advogado (Rob Morrow) investiga um programa de perguntas e respostas possivelmente fraudado. Entre os suspeitos, está o professor de literatura Charles Van Doren (Ralph Fiennes), um grande vencedor do show.
39) Romeu + Julieta (1996)
De Baz Luhrman. Transporta os clássicos personagens de Shakespeare (intepretados por Leonardo DiCaprio e Claire Danes) da Veneza antiga para uma ensolarada Califórnia dos anos 1990. Filme com os exageros típicos e deliciosos do diretor australiano.
40) Rye Lane: Um Amor Inesperado (2023)
De Raine Allen Miller. Conta a história de Dom e Yas, personagens vividos com graça, energia e química por David Jonsson e Vivian Oparah. Eles se conhecem por acaso em um banheiro unissex de uma galeria de arte. Recém-saídos de namoros fracassados, os dois discutem relacionamentos, amores, sonhos e decepções enquanto passeiam pelas ruas do sul de Londres. O cenário é um personagem à parte, e a solução encontrada para apresentar flashbacks é muito bacana.
41) O Sequestro do Voo 375 (2023)
De Marcus Baldini. A reconstituição de um caso ocorrido em 1988, durante o governo de José Sarney, derruba um preconceito: o de que o cinema brasileiro não sabe fazer filme de ação. Danilo Grangheia e Jorge Paz brilham como, respectivamente, o comandante Fernando Murilo e o sequestrador Raimundo Nonato.
42) O Sexto Sentido (1999)
De M. Night Shyamalan. O filme sobre o psiquiatra (Bruce Willis) que atende um guri (Haley Joel Osment, concorrente ao Oscar de ator coadjuvante) que diz ver pessoas mortas valeu ao cineasta suas duas únicas indicações ao prêmio da Academia de Hollywood (melhor direção e melhor roteiro original), transformou-se em um sucesso de bilheteria (US$ 672,8 milhões arrecadados) e virou ícone das reviravoltas na trama.
43) Summer of Soul (2021)
De Ahmir "Questlove" Thompson. Ganhador do Oscar de documentário, resgata um evento que havia sido apagado da memória "oficial" (como indica o subtítulo: ...ou Quando a Revolução Não Pôde Ser Televisionada). É o Harlem Cultural Festival, que, por seis finais de semana seguidos, em 1969, reuniu alguns dos maiores nomes da música negra estadunidense da época: Stevie Wonder, Nina Simone, B.B. King, Sly & the Family Stone, Gladys Knight & The Pips, The 5th Dimension... O filme intercala as apresentações com depoimentos de artistas e de pessoas comuns que ajudaram a lotar um parque no Harlem, bairro de Nova York. Há uma narrativa brilhante que vai dando conta do contexto social, político e cultural, da luta contra o racismo, do papel do gospel ("Nós não vamos ao psiquiatra, nós vamos à igreja", diz alguém) e da valorização das origens africanas. Explica-se, por exemplo, por que a população negra dos EUA deu tão pouca bola à chegada do homem à Lua, ocorrida em meio ao festival.
44) Titanic (1997)
De James Cameron. A brilhante reconstituição do mais célebre naufrágio é uma das recordistas de conquistas no Oscar, com 11 estatuetas, incluindo as categorias de melhor filme e direção. Também fez gigantesco sucesso de público: com US$ 2,26 bilhões, é a quarta maior bilheteria na história (Cameron também é dono da primeira, Avatar, com US$ 2,92 bilhões, e da terceira, Avatar: O Caminho da Água, US$ 2,32 bilhões).
45) Todos Nós Deconhecidos (2023)
De Andrew Haigh. Indicado a categorias do Bafta e do Globo de Ouro, foi um dos grandes esnobados no Oscar. A direção de fotografia, a edição e a trilha sonora dão uma aparência etérea, onírica e algo fantasmagórica a este filme bonito sobre solidão, luto e traumas ligados à sexualidade, à relação com os pais e ao bullying na escola.
46) Três Anúncios para um Crime (2017)
De Martin McDonagh. Em um pequeno lugarejo no Missouri, uma mãe, inconformada com a falta de empenho da polícia na investigação do assassinato da filha, paga para instalar três outdoors na entrada da cidade, cobrando uma atitude do xerife. A reação na comunidade toma tons desproporcionais. Venceu o Oscar nas categorias de melhor atriz (Frances McDormand) e ator coadjuvante (Sam Rockwell, que tinha entre os concorrentes o colega Woody Harrelson) e disputou os troféus de mehor filme, roteiro original, edição e música.
47) Tropas Estelares (1997)
De Paul Verhoeven. Inspirado em livro de ficção científica de Robert Heinlein, o diretor holandês fez um filme que equilibra a exposição de sangue e tripas com uma aventura de moldes hollywoodianos e um tom satírico que remete à primeira Guerra do Golfo, travada pelos EUA no início da década de 1990. No elenco, Casper Van Dien e Denise Richards.
48) A Última Noite (2002)
De Spike Lee. Foi o primeiro filme pós-11 de Setembro a mostrar o Ground Zero, o local onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center. O protagonista interpretado por Edward Norton, que vive a última noite antes de cumprir sete anos de prisão, personifica a perda da ilusão da invulnerabilidade, o medo pelo futuro de Nova York e o desejo de ficar perto de quem ama: seu pai (Brian Cox), sua namorada (Rosario Dawson) e seus amigos (Barry Pepper e Phillip Seymour Hoffman).
49) O Último Duelo (2021)
De Ridley Scott. A exemplo do que fez o japonês Akira Kurosawa no clássico Rashomon (1950), o diretor inglês mostra três pontos de vista dos mesmos fatos neste filme baseado na história real de Marguerite de Thibouville (em ótima atuação de Jodie Comer). A nobre contrariou os costumes patriarcais da sociedade medieval e pôs-se em risco ao reivindicar justiça após ser vítima de estupro. O autor da violência sexual é Jaques Le Gris (Adam Driver), outrora amigo e agora rival do marido de Marguerite, Jean de Carrouges (Matt Damon). Le Gris nega o crime e é desafiado por Carrouges para um duelo mortal, o último a ser autorizado na França da Idade Média — um combate vigoroso e extenuante em que o realizador de Gladiador (2000), Falcão Negro em Perigo (2001) e Cruzada (2005) exibe seu talento para as cenas de ação.
50) Wall Street: Poder e Cobiça (1987)
De Oliver Stone. Este clássico oitentista é um grande registro da geração yuppie — ou geração Y. Narra a ascensão de um jovem ambicioso (Charlie Sheen) no mercado de ações, sob a sombra de um bilionário, Gordon Gekko (Michael Douglas). No elenco, Daryl Hannah.
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