A estreia de Velozes e Furiosos 10 nos cinemas convida a lembrar dos melhores filmes de ação.
É difícil definir quando o gênero surgiu, mas pode-se estabelecer como um marco Os Sete Samurais (1954), do japonês Akira Kurosawa, talvez o primeiro longa-metragem centrado no conflito físico constante. Infelizmente indisponível no streaming, o épico com quase três horas e meia de duração gira em torno de uma vila sob ameaça de bandidos. Para defendê-la, seus habitantes recrutam os sete samurais do título. Tanto sua estrutura — no ato inicial, forma-se a equipe, o segundo acompanha o treinamento, e, no último, eles vão à luta — quanto a visceralidade dos combates corporais exerceram imensa influência no cinema ocidental (a começar pelo faroeste hollywoodiano Sete Homens e um Destino, de 1960).
A seguir, listei 45 filmaços que podem ser encontrados nas plataformas. Alguns talvez estejam pelo caráter histórico, outros, por uma única (mas impressionante) sequência, e há aqueles que entraram porque confiei na recomendação de colegas e amigos. Como em qualquer seleção, haverá ausências — comente quais não poderiam faltar.
Os melhores filmes de ação no streaming
Fiz uma lista que vai dos anos 1960 aos 2020, com títulos marcantes pelas cenas de luta, tiroteios, perseguição automobilística e efeitos visuais, entre outros elementos.
1) Bullit (1968)
De Peter Yates. Aos olhos de hoje, pode parecer parado o filme em que Steve McQueen interpreta um policial de San Francisco tentando encontrar a pessoa que matou uma testemunha que estava sob sua proteção. Mas sua longa perseguição de carros no ato final é lendária por quão bem filmada e editada. (HBO Max)
2) Meu Ódio Será sua Herança (1969)
De Sam Peckinpah. Estrelado por William Holden e Ernest Borgnine, apresenta um panorama do Velho Oeste a partir da trajetória de foras-da-lei no Texas de 1913. A violência estilizada deste faroeste remete ao clima de civilização precária daquele contexto e também funciona como um paralelo à Guerra do Vietnã. (HBO Max)
3) Operação Dragão (1973)
De Robert Clouse. Foi o maior sucesso internacional na carreira de Bruce Lee (1940-1973), que morreu três semanas antes da estreia, vítima de um edema cerebral. Ele faz o papel de um lutador que quer vingar a morte da irmã e acaba em um torneio de artes marciais em uma ilha-fortaleza, organizado por um chefão do crime para recrutar novos traficantes. (HBO Max)
4) Os Caçadores da Arca Perdida (1981)
De Steven Spielberg. O clássico que inaugurou a franquia Indiana Jones se passa em 1936, quando o arqueólogo eternizado por Harrison Ford é contratado para encontrar a Arca da Aliança, que, segundo as escrituras bíblicas, conteria Os 10 Mandamentos que Deus revelou a Moisés. O problema é que o líder nazista Adolf Hitler também quer esse tesouro. (Disponível para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube)
5) Rambo: Programado para Matar (1982)
De Ted Kotcheff. Sylvester Stallone encarna um ex-combatente no Vietnã usa técnicas de guerrilha para enfrentar policiais que o perseguem injustamente. Aumentou a popularidade do ator da franquia Rocky e deu origem a outra cinessérie. (Disponível para aluguel em Apple TV, Google Play e YouTube)
6) Police Story: A Guerra das Drogas (1985)
De Jackie Chan. Para muitos críticos, é o melhor filme protagonizado por Chan, um herdeiro de Bruce Lee que usa tudo o que estiver à mão nas cenas de luta, incluindo muitas acrobacias e bastante humor. (Amazon Prime Video)
7) Os Intocáveis (1987)
De Brian De Palma. Entra na lista por causa do tiroteio antológico na estação de trem, onde o genial cineasta lança mão de quase todas as suas marcas, da câmera lenta ao caráter referencial: tendo um carrinho de bebê como condutor do nosso olhar, a ação presta tributo à sequência da escadaria de Odessa em O Encouraçado Potemkin (1926), clássico de Sergei Eisenstein. (Disponível para aluguel em Amazon Prime Video, Appole TV e Google Play)
8) Duro de Matar (1988)
De John McTiernan. O filme que estabeleceu o nome de Bruce Willis como um dos principais do gênero convida a trocar o panetone pela pancadaria: o ator interpreta um policial de Nova York que só queria passar o Natal com a esposa em Los Angeles, na festa da empresa onde ela trabalha, mas um grupo de terroristas alemães, liderado pelo sensacional personagem de Alan Rickman, invade o local. (Star+)
9) Caçadores de Emoção (1991)
De Kathryn Bigelow. Na Califórnia, um grupo de surfistas liderado pelo personagem do saudoso Patrick Swayze forma uma gangue que assalta bancos utilizando máscaras de ex-presidentes dos Estados Unidos. Para capturar os ladrões, um agente do FBI (Keanu Reeves) é infiltrado no bando. Ganhou uma versão em 2015 que explora esportes radicais como montanhismo e snowboard, mas não tem o mesmo charme e a mesma dramaticidade. (Amazon Prime Video, MUBI e canal Telecine do Globoplay)
10) O Exterminador do Futuro 2: Julgamento Final (1991)
De James Cameron. Arnold Schwarzenegger reinventa um de seus mais marcantes personagens: agora, o T- 800 é um dos mocinhos, vindo do amanhã para proteger o filho de Sarah Connor (Linda Hamilton, precursora da Charlize Theron heroína de ação). O filme faturou quatro Oscar técnicos, incluindo os de maquiagem e efeitos visuais, que ainda hoje impressionam. (Disponível para aluguel em Apple TV e Google Play)
11) Velocidade Máxima (1994)
De Jan De Bont. Foi um dos grandes sucessos do gênero na década de 1990. Dennis Hopper interpreta um terrorista que instala bombas em um ônibus de Los Angeles, Keanu Reeves encarna o agente encarregado de detê-lo, e Sandra Bullock faz a passageira que precisa dirigir o veículo sem reduzir a velocidade para menos de 80 km/h, para evitar a explosão. (Star+)
12) Fogo Contra Fogo (1995)
De Michael Mann. O duelo de interpretações de Al Pacino e Robert De Niro e o jogo de gato e rato entre o policial Vincent Hanna e o ladrão Neil McCauley conta com um longo (10 minutos!), selvagem e influente tiroteio pelas ruas de Los Angeles na saída de um assalto a banco, cuja crueza é realçada pela captação de som ao vivo, via microfones espalhados pelo set, em vez do tradicional processo de "dublagem" na pós-produção. (Amazon Prime Video, HBO Max e Star+)
13) A Outra Face (1997)
De John Woo. Autor do fundamental Fervura Máxima (1992, indisponível no streaming), o cineasta chinês comanda Nicolas Cage e John Travolta nesta deliciosa extravagância noventista. O filme acompanha a obsessão do agente do FBI Sean Archer (Travolta) em prender o terrorista Castor Troy (Cage). Quando o bandido fica entre a vida e a morte após um acidente de avião, Archer se submete a uma cirurgia plástica para ter o mesmo rosto e poder se infiltrar na organização criminosa. Troy, por sua vez, tem a mesma ideia que o policial quando acorda do coma. (Star+)
14) Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998)
De Guy Ritchie. A partir da aposta de um grupo de amigos em jogo com um mafioso, o diretor britânico monta uma ciranda de hiperviolência, humor, referências pop e linguagem das ruas. Marcou o início de sua parceria com o ator Jason Statham. (Lionsgate+)
15) Matrix (1999)
De Lana Wachowski e Lilly Wachowski. A mítica aventura de ficção científica protagonizada por Keanu Reeves não inventou o bullet time, o efeito de câmera lenta que praticamente congela as cenas de ação. Mas foi o sucesso deste filme que popularizou o recurso. (Amazon Prime Video e HBO Max)
16) Gladiador (2000)
De Ridley Scott. Superprodução que praticamente ressuscitou os épicos históricos, traz Russell Crowe no papel de Maximus, general que, por causa de intrigas e traições, é transformado em escravo e obrigado a lutar como gladiador no Coliseu romano. Ganhou cinco Oscar, incluindo melhor filme e ator, e disputou outras sete categorias, como direção e ator coadjuvante (Joaquin Phoenix). (Amazon Prime Video e Star+)
17) O Tigre e o Dragão (2000)
De Ang Lee. É um dos mais belos filmes de artes marciais. As coreografias de ação, como a da luta no alto de uma floresta de bambu, são verdadeiros poemas visuais. Disputou 10 categorias do Oscar, como melhor filme e diretor, e ganhou quatro, entre elas, filme estrangeiro e fotografia. (HBO Max)
18 e 19) Kill Bill vol. 1 (2003) e Kill Bill vol. 2 (2004)
De Quentin Tarantino. O cultuado cineasta oferece uma mistura de Bruce Lee, séries policiais dos anos 1970, faroeste italiano, mangás e o que mais houver de bacana na cultura pop. Com a peculiar estrutura fragmentada, o filme narra a história de uma assassina profissional: a Mamba Negra, agora conhecida como A Noiva e vivida por Uma Thurman. No dia de seu casamento, em uma igrejinha do Texas, ela é vítima de um massacre ordenado por seu ex-chefe, o Bill do título, interpretado por David Carradine, astro da série de TV Kung Fu na década de 1970. Sobrevive e, após quatro anos em coma, busca sua vingança no fio afiado de uma espada samurai. (Lionsgate+)
20) B13: 13º Distrito (2004)
De Pierre Morel. Ninguém consegue controlar o 13º Distrito, no subúrbio de Paris, dominado pela criminalidade, acossado pela corrupção policial e ameaçado pela iminente explosão de uma bomba. A aventura de dois jovens heróis ajudou a popularizar o parkour. (Paramount+)
21) O Clã das Adagas Voadoras (2004)
De Zhang Yimou. Como em Herói (2002), o diretor volta a fazer das artes marciais um espetáculo visual, A ação se passa em 859, época em que a dinastia Tang começava a sucumbir diante de grupos insurgentes. Dois policiais desconfiam que a nova cortesã do bordel de sua cidade, a jovem cega Mei (Zhang Ziyi), é na verdade uma guerreira da organização secreta do título. (Disponível para aluguel em Google Play)
22) 007: Cassino Royale (2006)
De Martin Campbell. Na estreia de Daniel Craig como James Bond, percebe-se a influência da saga de Jason Bourne nas cenas de ação (leia logo abaixo). Na trama, o agente secreto participa de um jogo de pôquer de alto escalão para prejudicar os negócios de Le Chiffre (Mads Mikkelsen), homem que financia grupos terroristas. (Amazon Prime Video)
23) Adrenalina (2006)
De Brian Taylor e Mark Neveldine. Chev Chelios (Jason Statham), um matador de aluguel, acorda pela manhã com um telefonema que o informa que ele foi envenenado e tem somente uma hora de vida, a não ser que mantenha um alto nível de adrenalina em seu corpo. Ele faz de tudo para manter seus batimentos acelerados e para vingar-se de seus inimigos. (Globoplay, Lionsgate+ e NOW)
24) 300 (2007)
De Zack Snyder. Em 480 a.C., o imperador da Pérsia, Xerxes (Rodrigo Santoro), envia seu exército para conquistar a Grécia. Mas os espartanos liderados pelo personagem de Gerard Butler prometem uma resistência feroz. A adaptação da história em quadrinhos de Frank Miller ficou famosa pelas cenas de ação estilizadíssimas. (Amazon Prime Video e HBO Max)
25) Mandando Bala (2007)
De Michael Davis. A mistura de humor e violência lembra os desenhos animados de Pernalonga, Pica-Pau e Tom & Jerry. Clive Owen vive um homem misterioso, perito em armas e viciado em comer cenouras (!) que, certa noite, ajuda uma mulher a dar à luz em pleno tiroteio. Ele salva o bebê, mas logo se vê perseguido por um gângster (Paul Giamatti) que quer pôr as mãos na criança. Com a ajuda de uma prostituta (Monica Bellucci), o pistoleiro passa a empilhar corpos com os mais variados armamentos. Até com as suas cenouras. (HBO Max)
26) O Ultimato Bourne (2007)
De Paul Greengrass. O terceiro filme é tido como o melhor da franquia do agente desmemoriado. Aqui, o diretor inglês aprimora as armas de sua filmografia: o realismo cru, em tom semidocumental, mas com pontos de vista subjetivos, e o uso de câmera na mão. Esse senso de urgência é acentuado por uma montagem sufocante, e para esquentar ainda mais o ambiente, Greengrass adota um método caótico: não isola seus cenários, ou seja, os atores misturam-se à multidão que frequenta, por exemplo, a estação de metrô Waterloo, em Londres. Tamanho verismo causa um paradoxo: se por um lado torna a ação mais espetacular, por outro é uma tentativa de evitar a espetacularização da violência. Sem o distanciamento dos efeitos especiais ou das frases de efeito, sentimos com os personagens cada golpe. (Amazon Prime Video e Star+)
27) Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)
De Christopher Nolan. Indicado a oito Oscar, incluindo melhor ator coadjuvante (o saudoso Heath Ledger, premiado postumamente), fotografia e edição, o segundo filme da trilogia de Christopher Nolan merecia ter concorrido também na categoria principal. Gotham tem um novo rei do crime: o Coringa (Ledger), que começa um jogo de gato e rato com Batman (Christian Bale) e o promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart). (HBO Max)
28) Busca Implacável (2008)
De Pierre Morel. Foi o filme que tornou Liam Neeson um astro tardio do gênero. Com sua voz grave, ele imortalizou o seguinte monólogo: "Eu não sei quem você é. Eu não sei o que você quer. Se está em busca de resgate, saiba que não tenho dinheiro. O que eu tenho são habilidades muito específicas, habilidades que eu adquiri ao longo de uma carreira muito longa. Habilidades que fazem de mim um pesadelo para pessoas como você. Se você libertar minha filha agora, encerramos o assunto. Não vou te procurar ou te perseguir. Mas se você não a libertar, eu vou te procurar, eu vou te achar e eu vou te matar". (Star+)
29) Os Mercenários (2010)
De Sylvester Stallone. O astro da franquia Rambo criou uma nova ao juntar um grande e multinacional elenco do gênero: além do próprio Stallone, atuam no primeiro filme Jason Statham, Jet Li e Dolph Lundgren. Depois, deram as caras Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Jean-Claude Van Damme, Chuck Norris, Mel Gibson, Harrison Ford e Wesley Snipes, além da ex-lutadora profissional Ronda Rousey. (Netflix e canal Telecine do Globoplay)
30) Operação Invasão (2011)
De Gareth Evans. Esse eu não vi ainda, mas aparece em várias listas semelhantes. Diz a sinopse: o chefe da máfia mais perigosa de toda a Indonésia e seu grupo de assassinos se escondem em um edifício. Vinte policiais treinados entram no prédio para tentar capturá-los. Disse um crítico: "Operação Invasão sacrifica seu enredo em favor da pura ação: uma dança cuidadosamente coreografada entre um herói solitário e incontáveis vilões. O protagonista rasga um fluxo interminável de inimigos como se fossem feitos de papel, desviando de balas, facas, espadas e explosões com a fúria imparável de um furacão. (HBO Max)
31) 2 Coelhos (2012)
De Afonso Poyart. Na trama ambientada em São Paulo, Fernando Alves Pinto interpreta um carinha viciado em games e pornô que bola um plano para, ao mesmo tempo (daí o nome do filme), ganhar milhões de dólares e colocar em rota de colisão bandidos malvadões e políticos corruptos. No meio do caminho, ele cruzará com personagens como uma promotora maluquete, vivida por Alessandra Negrini, um garçom sorumbático, papel de Caco Ciocler, e um motoboy ladrão, o rapper Thaíde. Suas cenas de ação não devem nada a Hollywood (a não ser, claro, a inspiração estilística). (Globoplay)
32) John Wick: De Volta ao Jogo (2014)
De Chad Stahelski. O surgimento de uma franquia milionária comandada por um ex-dublê e o ressurgimento de Keanu Reeves como herói de ação. O ator interpreta um assassino profissional aposentado que, após a morte da esposa (Bridget Moynahan) para uma doença terminal, recebe uma beagle chamada Daisy para ajudá-lo a lidar com o luto. Depois de um desentendimento por conta do carro do protagonista, um Mustang de 1969, gângsteres russos invadem a casa dele e acabam matando o cachorrinho. Pronto: John partirá para uma vingança temperada por cenas impactantes, personagens curiosos, violência coreografada e mortes sem fim. (Amazon Prime Video, Globoplay e NOW)
33) Lucy (2014)
De Luc Besson. Lucy (Scarlett Johansson) é uma jovem estadunidense morando em Taiwan que, ao fazer um favor para o namorado, acaba involuntariamente envolvida com um chefão do crime. Ao lado de três homens, ela é forçada a virar "mula" para o gângster sul-coreano Mr. Jang (Choi Min-shik, protagonista de Oldboy), carregando dentro do corpo sacos de uma poderosa nova droga sintética. Mas, antes de viajar, a embalagem no abdômen de Lucy se rompe.
Ao absorver a substância, a personagem expande vertiginosamente sua capacidade cerebral. Munida de crescentes superpoderes, a heroína parte para a França com dois objetivos: impedir que a droga se espalhe pela Europa e encontrar o cientista Samuel Norman (Morgan Freeman), pesquisador dedicado a estudar as habilidades adormecidas do cérebro. Preste atenção em uma estonteante sequência de perseguição automobilística e na espetacular viagem de Lucy através do tempo e do espaço, até a origem da Terra, até a origem da vida. (Lionsgate+ e Star+)
34) Mad Max: Estrada da Fúria (2015)
De George Miller. Neste pós-apocalíptico faroeste de comboio, uma espécie de versão siderada do clássico No Tempo das Diligências (1939), o cineasta australiano retoma o protagonista da trilogia Mad Max (1979-1985), agora vivido por Tom Hardy, mas quem assume as rédeas da trama é a Imperatriz Furiosa encarnada por Charlize Theron. Sua personagem se rebela contra Immortan Joe: resolve resgatar da Cidadela governada com mão de ferro as Cinco Noivas, as mulheres que o vilão mantinha aprisionadas para lhe trazer filhos "perfeitos". É o ponto de partida para uma caçada incessante e eletrizante pela inóspita e hipnótica paisagem da Namíbia, na África, onde o longa-metragem foi rodado e onde o diretor de fotografia John Seale apostou no contraste entre variações do laranja, indo do amarelo ao vermelho, e o azul para ajudar o espectador a centrar sua atenção na ação que se desenrola. E a ação está sempre no centro da cena, que é limpa, embora selvagem. Uma tremenda lição a cineastas que apresentam sequências sujas e confusas como sinônimo da urgência e do caos de um combate. (HBO Max)
35) Velozes e Furiosos 7 (2015)
De James Wan. Campeão de bilheteria da franquia (arrecadou US$ 1,5 bilhão), aposta em cenas inverossímeis, como carros saltando de aviões usando paraquedas ou pulando de um prédio para outro em Abu Dhabi, e uma emocionante despedida ao ator Paul Walker, que morreu durante o intervalo nas filmagens. (Canal Telecine do Globoplay e disponível para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play)
36) Invasão Zumbi (2016)
De Yeon Sang-ho. É uma mistura de terror e ação que também permite leitura sociológica: as criaturas que se multiplicam em um trem para Busan nos lembram que a qualquer momento as circunstâncias (políticas, econômicas, sanitárias etc.) podem tornar irreconhecíveis as pessoas ao nosso redor. Estão sempre em xeque os laços sociais e afetivos que nos dão identidade e segurança. (Netflix)
37) Atômica (2017)
De David Leitch. Sob direção de um ex-dublê, Charlize Theron mandou ver nas brutais sequências de ação, tanto que teve dois dentes quebrados. Pouco se comparado ao que acontece com ela em cena: à medida que se aproxima do final a trama ambientada na semana da queda do Muro de Berlim, em 1989, sua personagem, uma agente secreta inglesa, vai ficando com o corpo cheio de hematomas e inchaços, além dos cortes no rosto. (Amazon Prime Video e Globoplay)
38) A Vilã (2017)
De Jung Byung-gil. Oferece um banquete sul-coreano para os apreciadores daquelas cenas de ação que provocam espanto e dúvida no espectador: como eles filmaram isso? Duvido que os atores não tenham se machucado de verdade! A Vilã já começa em ritmo alucinante. Até demora um pouquinho para entendermos o que está acontecendo, pois a câmera assume o ponto de vista de uma pessoa que invadiu um lugar e passa a matar todo mundo que encontra pela frente, ora com arma de fogo, ora com uma faca, ora com o que estiver à mão - ou as próprias mãos. (Star+)
39) Missão: Impossível: Efeito Fallout (2018)
De Christopher McQuarrie. Praticamente qualquer filme da franquia protagonizada pelo longevo Tom Cruise poderia entrar na lista. Escolhi o sexto, em que o agente secreto Ethan Hunt deve enfrentar um grupo de criminosos denominados "apóstolos" que pregam a destruição total do mundo usando ogivas nucleares. Para isso, ganha um novo aliado, interpretado por Henry Cavill, que se soma a Simon Pegg, Ving Rhames e Rebecca Ferguson. A escalada do Preikestolen, um icônico penhasco da Noruega, faz uma autorreferência, lembrando a abertura da segunda aventura. (HBO Max, Netflix, Star+ e canal Telecine do Globoplay)
40) Shadow (2018)
De Zhang Yimou. As intrigas palacianas dominam a primeira hora do filme ambientado na China antiga e envolvem romances proibidos, traições, desonras e, principalmente, a sombra do título em inglês. Trata-se de um dublê de corpo: como proteção diante das ameaças de morte, os chineses de outrora selecionavam sósias para substituir integrantes da realeza ou das altas esferas do poder. A partir de sua metade, Shadow apresenta um espetáculo sem igual e praticamente incessante. Há ataques coletivos, emboscadas e lutas corpo a corpo, uso de espadas, flechas, lanças e outras armas mais criativas (não vou estragar a surpresa). Tão deslumbrante quanto a violência coreografada é a maneira como a edição ordena as cenas, intercalando duelos bem próximos e planos gerais, aumentando nossas expectativas e nossa aflição sobre o destino dos personagens. (Disponível para aluguel em Apple TV e Google Play)
41 e 42) Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019)
De Anthony Russo e Joe Russo. O Universo Cinematográfico Marvel fica bem representado por este díptico. O primeiro filme trouxe momentos impactantes, como a chegada de Thor em Wakanda, as interações inéditas entre vários personagens e o estalar de dedos de Thanos que dizimou metade da humanidade. Em Ultimato, a batalha final reúne uma multidão de super-heróis. (Disney+)
43) Resgate (2020)
De Sam Hargrave. Outro filme dirigido por um ex-dublê, o que se traduz em cenas de ação mais extensas, mais cruas e mostradas de perto — destaque para a perseguição que dura aproximadamente 12 minutos, simulando um grande plano-sequência, envolvendo carros e muita luta. Na trama, Chris Hemsworth encarna um mercenário contratado para resgatar o filho de um chefão do crime da Índia que foi sequestrado por um rival. A continuação será lançada em 16 de junho. (Netflix)
44) RRR: Revolta, Rebelião, Revolução (2022)
De S.S. Rajamouli. Filmaço indiano que não tem pudor nenhum para abraçar o absurdo e o exagero. Basta ver as cenas de apresentação de seus dois personagens principais. O policial Raju (Ram Charan Teja) surge aos nossos olhos em meio a um grande protesto contra a prisão de um líder indiano. Ele parece um super-homem, que se engalfinha com centenas de adversários em uma luta à base de soco, pedra e porrete, para capturar seu alvo e entregá-lo aos oficiais britânicos. Bheem (N.T. Rama Rao Jr.) é outro herói que não deve nada aos da DC ou aos da Marvel: de mãos vazias e peito nu, enfrenta um lobo e um tigre - ambos gerados por computação gráfica, como todos os animais que aparecerão no prosseguimento da trama, não raro atacando e devorando humanos. (Netflix)
45) Top Gun: Maverick (2022)
De Joseph Kosinski. Continuação de um filme icônico dos anos 1980, Top Gun: Ases Indomáveis (1986), a nova aventura aérea estrelada por Tom Cruise voa muito além do saudosismo. As ótimas cenas de ação também convidam à reflexão sobre temas bem atuais, como a substituição do humano pela máquina, e sobre a Hollywood contemporânea. Maverick é um bem-vindo contraste à vigência dos efeitos visuais, dos personagens digitais e dos cenários gerados por computação gráfica (com a vantagem de oferecer um risco emocional muito raro nas aventuras de super-herói). Ainda se pode fazer mágica à moda antiga. (Paramount+ e canal Telecine do Globoplay)