As duas fotos que ilustram esta coluna servem como indicativo do que o espectador vai encontrar em Atômica (Atomic Blonde, 2017), cartaz da Tela Quente desta segunda-feira (1º), às 23h30min, na RBS TV.
Dirigido pelo norte-americano David Leitch e protagonizado pela sul-africana Charlize Theron, o filme tem algumas das mais impressionantes cenas de ação do cinema contemporâneo.
Não é por acaso. Leitch, 45 anos, cineasta de Deadpool 2 (2018), é um ex-dublê que resolveu virar diretor para mostrar como se faz. Seguiu o rumo de Chad Stahelski, por exemplo, realizador de De Volta ao Jogo (2014), o primeiro capítulo da franquia na qual Keanu Reeves interpreta o assassino profissional John Wick. Ajudou a abrir caminho para Sam Hargrave, coordenador de dublês do próprio Atômica, que estreou atrás das câmeras com o intenso Resgate (2020).
Não é por acaso, parte 2: depois de dar tiro, soco e pontapé e pisar no acelerador em Mad Max: Estrada da Fúria (2015), Charlize Theron tornou-se, aos 40 e poucos anos, uma estrela dos filmes de ação. Em Atômica, ela mandou ver, tanto que teve dois dentes quebrados. Pouco se comparado ao que acontece com ela em cena: à medida que a trama se aproxima do final, sua personagem vai ficando com o corpo cheio de hematomas e inchaços, além dos cortes no rosto.
Após esse filme, Charlize foi a vilã de Velozes e Furiosos 8 (2017) e a líder dos guerreiros imortais em The Old Guard (2020). Em breve, será vista em Atômica 2 e em Velozes e Furiosos 9. Curiosamente, ficou de fora de um novo filme com a personagem de Mad Max — o diretor George Miller escalou Anya Taylor-Joy (a protagonista do seriado O Gambito da Rainha) para mostrar a juventude de Furiosa.
Com US$ 100 milhões arrecadados nas bilheterias, Atômica é a adaptação de uma história em quadrinhos escrita por Antony Johnston e desenhada por Sam Hart, lançada no Brasil pela editora DarkSide com o subtítulo A Cidade Mais Fria. Sensualizando bastante, Charlize encarna Lorraine Broughton, agente inglesa mandada para Berlim na semana da queda do emblemático muro da cidade alemã, em 1989.
No meio das manifestações políticas, ela precisa localizar um espião russo que tem em seu poder uma lista de agentes ocidentais. Para ajudá-la, conta com um colega inglês (James McAvoy) e uma misteriosa espiã francesa (Sofia Boutella).
O enredo traz o característico jogo de verdades e mentiras do gênero, mas as coreografias dos combates corpo a corpo são surpreendentes. Às vezes, convém avisar, revelam-se espantosas por conta da brutalidade.
Por fim, também vale destacar a trilha sonora, recheada por canções dos anos 1980. Podemos ouvir 99 Luftballons, da alemã Nena, e Father Figure, do inglês George Michael, assim como covers de Blue Monday (New Order, pelo Health) e Der Komissar (Falco, pelo After the Fire). E ainda tem Cat People (David Bowie), Cities in Dust (Siouxsie & The Banshees), I Ran (So Far Away) (A Flock of Seagulls), London Calling (The Clash)...