É recorrente a queixa de que o menu do Amazon Prime Video não é amigável. A busca também não ajuda — digite "filmes franceses", por exemplo, e você vai deparar com uma bagunça tanto na geografia quanto na ordem alfabética. Assim, títulos ótimos acabam escondidos.
Também há um ponto que requer muita atenção: nem todos os filmes que aparecem no cardápio estão incluídos na assinatura, porque ali estão agregadas as atrações de outros serviços (os chamados channels), como Adrenalina Pura, MGM, Paramount+ e Reserva Imovision, além de opções para aluguel ou compra.
Então, resolvi encarar uma gincana particular e, agora, trago a vocês uma seleção com os cem melhores filmes disponíveis na plataforma de streaming.
Dividi em sete categorias: América do Sul, Animação, Ásia, Documentário, Europa, Franquias (marquei em negrito os títulos de cada cinessérie considerados para a contagem dos 100) e Hollywood/Independentes dos EUA. A primeira coisa a saltar aos olhos é a baixíssima diversidade na comparação, por exemplo, com o catálogo da Netflix, no qual se encontra obras de muito mais países. Mas há clássicos do cinema, ganhadores do Oscar e tesouros a descobrir. Clique nos links se quiser saber mais.
Filmes sul-americanos no Amazon Prime Video
1) Argentina 1985 (2022)
De Santiago Mitre. Já premiado no Globo de Ouro, o filme argentino no Oscar internacional tem pelo menos três trunfos para buscar o tri. Primeiro: aborda os horrores cometidos durante a ditadura militar, entre 1976 e 1983, a exemplo de A História Oficial (1985), primeiro ganhador do país. Segundo: o protagonista é Ricardo Darín, ator que esteve à frente do elenco do oscarizado O Segredo dos seus Olhos (2009) e que atuou em outros dois indicados: O Filho da Noiva (2001) e Relatos Selvagens (2014). Terceiro: é um drama de tribunal, subgênero bastante apreciado pela Academia de Hollywood.
2) Bingo: O Rei das Manhãs (2017)
De Daniel Rezende. É uma cinebiografia mais ou menos fiel de Arlindo Barreto, um dos primeiros intérpretes do palhaço Bozo, sucesso da TV estadunidense que Silvio Santos importou no começo do anos 1980. Ocorre que Barreto era um tipo peculiar para se confiar uma atração do gênero. Com carreira nas pornochanchadas, entrou em crise por fazer sucesso sem mostrar a cara e mergulhou no álcool e na cocaína. No filme, Bozo vira Bingo, por questão de uso da marca, e Arlindo Barreto, em grande interpretação de Vladimir Brichta, atende por Augusto Mendes, para reforçar que a história é percorrida com alguns desvios. Emmanuelle Araújo encarna a cantora Gretchen.
3) Família Rodante (2004)
De Pablo Trapero. A comédia dramática é baseada em experiências autobiográficas do diretor, e tem como personagens 12 pessoas de uma família que viaja pela Argentina a bordo de um velho trailer. A pivô da grande aventura é a matriarca Emilia (Graciana Chironi), convidada para ser madrinha em um casamento na sua cidade natal, na fronteira com o Brasil. A estrada e a convivência serão cheias de tropeços, até o fim do caminho, onde há, na verdade, um recomeço — outra família dá a partida em sua história.
4) Pássaros de Verão (2018)
De Cristina Gallego e Ciro Guerra. No início da produção em massa de maconha na Colômbia, uma família de indígenas se envolve numa guerra pelo controle do tráfico de drogas. Logo fica nítida a ambição antropológica do filme: mais do que contar uma história policial, os cineastas reconstituem o encontro fatal dos povos indígenas com a chamada "civilização". Os principais personagens são Wayuu já aculturados, mas que preservam uma série de tradições, por exemplo, a de confinar moças como Zaida (Natalia Reyes) durante um ano até que possam ser apresentadas como mulheres à aldeia. É por ela que se apaixonará Rapayet (José Acosta), mas ele não dispõe de recursos para o dote exigido para o casamento: vacas, cabras, colares. Com um amigo negro, Moncho, percebe uma oportunidade de ascensão no emergente mercado das drogas.
5) O Segredo dos seus Olhos (2009)
De Juan José Campanella. O cineasta argentino dirige seu ator mais assíduo, Ricardo Darín, nesta mistura de policial noir, drama político e romance. O astro interpreta um oficial de justiça aposentado que resolve escrever um livro sobre um crime que investigou 25 anos atrás, na década de 1970. Trata-se de um estupro seguido de assassinato de uma jovem e bela mulher (Carla Quevedo). Ao puxar os acontecimentos pela memória, e não resistir à tentação de finalmente resolvê-los, o investigador se envolve pessoalmente com o caso, descobrindo ligações com a ditadura militar e abrindo a possibilidade de solucionar também uma paixão mal resolvida com uma colega de trabalho (Soledad Villamil). Fenômeno de público (em Porto Alegre, ficou 35 semanas em cartaz no saudoso cine Guion), conquistou o Oscar de melhor filme internacional.
6) Turma da Mônica: Lições (2021)
De Daniel Rezende. Baseado na homônima história em quadrinhos dos irmãos Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi, tem ares de Universo Cinematográfico Marvel. Pais, fiquem tranquilos: os personagens criados por Mauricio de Sousa não descambam para a pancadaria típica dos Vingadores nem acessam algum tipo de realidade alternativa. Mas, sim, o coelho Sansão é sacudido tanto quanto o martelo de Thor, há uma dupla ameaça física a nossos heróis mirins e o que acontece em uma peça de teatro (ou seja, em uma dimensão paralela) tem impacto dramático no mundo real. E mais: a exemplo da franquia Marvel, investe no povoamento do bairro do Limoeiro (estreiam Tina, Rolo e Franjinha, entre outros) e em cenas pós-créditos carregadas de surpresa, encanto e promessa.
Filmes de animação no Amazon Prime Video
7) Happy Feet: O Pinguim (2006)
De George Miller. Codirigido por Warren Coleman e Judy Morris, ganhou o Oscar de melhor longa animado na mesma edição que premiou o documentário Uma Verdade Inconveniente. Essa dobradinha colocou a questão ambiental sob um privilegiado foco. Na trama, Mano (voz de Elijah Wood no original) é um pinguim no papel de patinho feio. Por conta de um acidente quando ainda estava no ovo, ele nasce sem o dom da voz que caracteriza sua alegre colônia de pinguins cantantes — toda vez que abre o bico, solta um horrível grasnido. Mano, porém, se mostra um incrível bailarino, um Fred Astaire das neves. Mas para seu pai e seus amigos isso é mais motivo de piada do que admiração. Decepcionado, o jovem decide sair de casa e correr o mundo.
8) Madagascar (2005)
De Eric Darnell e Tom McGrath. Uma zebra do minizôo do Central Park, em crise existencial, decide procurar a selva de verdade. Ele e seus amigos (um leão, uma hipopótama e uma girafa) terminam naufragados na ilha de Madagascar, entre lêmures alucinados e um embate clássico — natureza ou civilização. O esquadrão terrorista de pinguins é impagável, e há citações de filmes como Os Embalos de Sábado à Noite e Beleza Americana.
9) Shrek (2001)
De Andrew Adamson e Vicky Jenson. Vencedor do Oscar da categoria, deu início a uma tetralogia. Na trama, um cavaleiro do mal exila as criaturas de um conto de fadas para o pântano de um ogro rabugento (voz de Mike Myers em inglês e de Bussunda em português), que em sua ânsia de recuperar seu território faz um pacto para conseguir que uma linda princesa aceda a ser a namorada do cavalheiro.
10) Trolls (2016)
De Mike Mitchell. No ambiente virtual, troll é sinônimo de interlocutor grosseiro e intolerante. No campo mitológico, é uma criatura que assume diferentes formas e temperamentos conforme a cultura que o representa. No desenho animado da Dreamworks, são tipos fofinhos e pacíficos que só querem curtir a vida na sua coloridíssima floresta, cantando, dançando e abraçando uns aos outros sob uma chuva de glitter. São tipos irritantemente alegres, pensam os ogros que querem devorá-los para, acreditam os vilões, experimentar aquela alucinógena sensação de euforia e felicidade que não conhecem e não compreendem. Traz o sucesso Can't Stop the Feeling!, composto para o filme por Justin Timberlake, que assina a produção musical e também faz a voz original de um personagem.
O melhor filme da Ásia no Amazon Prime Video
11) Desejo e Perigo (2007)
De Ang Lee. Situado durante a ocupação japonesa na China, este thriller de espionagem tem a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo. Trata-se de uma trágica e comovente história sobre a impossibilidade do amor, a partir da aproximação de uma jovem ativista (Tang Wei) que integra a resistência chinesa com um político colaboracionista (Tony Leung) que trabalha para os japoneses — e que ela ficou incumbida de assassinar. Indicado ao Globo de Ouro de melhor longa estrangeiro e vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Documentários no Amazon Prime Video
12) Até o Fim: A Luta pela Democracia (2020)
De Lisa Cortés e Liz Garbus. As diretoras analisam a história e o ativismo contra a supressão de eleitores (especialmente os negros, os nativo-americanos e os latinos) nos Estados Unidos. O país, por exemplo, impunha taxa de voto para que a população negra, sem dinheiro para pagar, não pudesse participar das eleições, além de aplicar capciosos testes de alfabetização indecifráveis mesmo por alunos de Direito de hoje.
13) Boa Noite, Oppy (2022)
De Ryan White. Com narração da atriz Angela Bassett, reconstitui a trajetória de Spirit e Opportunity, robôs construídos pela agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, para explorar a geologia de Marte, à procura de sinais da existência de água no planeta vermelho. Esses dois rovers foram lançados ao espaço em 2003, com a expectativa de que operassem apenas por três meses. Mas Oppy, o apelido de Opportunity, acabou vivendo por quase 15 anos. O documentário pode ser um tanto apelativo em alguns momentos — e é evidente a tentativa de se aparentar a Wall-E, da Pixar —, mas o filme oferece emoção genuína em outros tantos. É bonito ver pessoas da ciência, às vezes associadas à frieza dos números, falando sobre sentimentos e inclusive se permitindo chorar.
14) One Child Nation (2019)
De Nanfu Wang e Jialing Zhang. Nascidas na China e formadas em cinema nos Estados Unidos, elas ganharam o Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance com este documentário. O filme é sobre a política do filho único implementada em seu país natal de 1979 a 2015. As diretoras recuperam a origem dessa medida (iniciada quando a população chegou à marca de 1 bilhão e a fome tornou-se um fantasma coletivo), as propagandas ameaçadoras do governo e o trágico destino de muitas mulheres e crianças — a própria Nanfu é uma espécie de sobrevivente.
15) Time (2020)
De Garrett Bradley. De forma poética e não linear, com o uso de muitos vídeos caseiros, a diretora documenta a luta de uma mulher negra, a empresária Sibil Fox Richardson, a Fox Rich, para tirar da cadeia seu marido e o pai de seus quatro filhos, condenado a 60 anos de prisão. A hipnótica música ao piano, composta por Emahoy Tsegue-Maryam Guebrou, reforça o embaralhamento de tempo e memória que nos afeta quando uma parte de nós está distante e sem previsão de retorno. Concorreu ao Oscar de melhor documentário.
16) Val (2021)
De Ting Poo e Leo Scott. O filme sobre Val Kilmer é surpreendente do começo ao fim. A primeira surpresa está ligada à cena de abertura, uma gravação em VHS dos bastidores de Top Gun: Ases Indomáveis (1986). Nela, Kilmer e outros integrantes do elenco, como Rick Rossovich, brincam que precisam de mais bebida, mais tabaco, mais mulheres e menos Tom Cruise no set. O ator que encarnou o arrogante Iceman, rival do mocinho Maverick, e chegou a ser Batman faz revelações e apresenta uma série de imagens de seus quase 40 anos de carreira — ele fazia questão de registrar em vídeo momentos de sua vida profissional e de sua vida íntima. E não apenas os felizes.
Filmes europeus no Amazon Prime Video
17) A Caça (2010)
De Thomas Vinterberg. Às vésperas do Natal em uma cidadezinha dinamarquesa, Lucas (Mads Mikkelsen, prêmio de melhor ator no Festival de Cannes), professor no jardim de infância, é injustamente acusado de abusar sexualmente de uma garotinha, o que o torna alvo de perseguição por toda a comunidade. Foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro.
18) Carne Trêmula (1997)
De Pedro Almodóvar. É a versão livre do diretor espanhol para um romance policial da inglesa Ruth Rendell. Ambientado em Madri, o filme acompanha o desastrado percurso do entregador de pizzas Victor (Liberto Rabal, anunciado à época como o novo Antonio Banderas). Aos 20 anos, o rapaz teve uma única experiência sexual, com a bela e viciada em heroína Elena (Francesca Neri). Na tentativa de repeti-la, ele atira acidentalmente no policial David (Javier Bardem).
19) Como Eu Era Antes de Você (2016)
De Thea Sharrock. Embora seja uma produção dos Estados Unidos, o filme tem DNA todo britânico, desde a diretora à escritora Jojo Moyes, autora do livro original, do cenário pastoral ao bom elenco, que inclui Emilia Clarke, Sam Claflin, Charles Dance, Janet McTeer e Vanessa Kirby. Clarke interpreta uma jovem desempregada que se torna cuidadora de um milionário tetraplégico (Claflin). Convém preparar um lencinho, porque o filme é hábil em fazer chorar.
20) Culpa (2018)
De Gustav Möller. Thriller dinamarquês sensorial — a audição é o sentido em destaque, e não a visão — em que um policial do serviço de emergência, Asger (Jakob Cedergren), tenta ajudar uma mulher em situação de risco que pede socorro pelo celular.
21) Ex-Machina (2014)
De Alex Garland. O cineasta britânico concorreu ao Oscar de melhor roteiro original com esta ficção científica que teve seus efeitos visuais premiados pela Academia de Hollywood. Na trama, um jovem programador (Domhnall Gleeson) é selecciondo para participar num experimento com inteligença artificial criado por um brilhante e recluso bilionário (Oscar Isaac). Alicia Vikander encarna Ava, o robô humanoide.
22) Guerra Fria (2018)
De Pawel Pawlikowski. O drama polonês concorreu a três Oscar — melhor filme internacional, direção e fotografia (em um sofisticado preto e branco) — e valeu ao cineasta o troféu da categoria no Festival de Cannes. A trama percorre um período de 15 anos turbulentos entre Wiktor (Tomasz Kot) e Zula (Joanna Kulig), tendo início no final da década de 1940, logo após a Segunda Guerra Mundial. Na Polônia stalinista, Wiktor é um maestro e pianista que coordena uma companhia estatal de dança e música chamada Mazurka, com foco nas tradições camponesas do país. Após selecionar Zula para o grupo, o sereno músico se encanta pelo talento da jovem cantora espevitada. Os dois iniciam um romance às escondidas, com receio da reação das autoridades comunistas.
23) O Homem Ideal (2021)
De Maria Schrader. A fim de obter fundos para sua pesquisa, uma cientista (a alemã Maren Eggert, premiada no Festival de Berlim) concorda em participar de um estudo inusitado — por três semanas ela viverá com um robô humanoide (Dan Stevens) programado para se adequar à sua personalidade e às suas necessidades.
24) Indochina (1992)
De Régis Wargnier. Na Indochina dos anos 1920, Eliane (Catherine Deneuve) adota Camille, cujos pais vietnamitas eram seus amigos. Mais tarde, um oficial da marinha francesa (Vincent Pérez) se interessa por Eliane e depois por Camille (Linh-Dan Pham). Enquanto isso, há uma revolta contra o poder colonial. Ganhou o Oscar de filme internacional e valeu a Deneuve uma indicação à estatueta de melhor atriz
25) Ladrões de Bicicleta (1948)
De Vittorio de Sica. Um pai de família (Lamberto Maggiorani) fica eufórico quando arranja emprego na cidade de Roma arruinada pela Segunda Guerra Mundial. Mas um dia seu instrumento de trabalho é roubado. Um clássico do neorrealismo italiano.
26) A Lenda do Cavaleiro Verde (2021)
De David Lowery. A partir de um célebre poema do chamado ciclo arturiano, datado do século 14 e conhecido como Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, o diretor e roteirista estadunidense realizou um épico sobrenatural e sensorial. Trata-se de um filme bem longe do convencional, convém avisar, cheio de simbolismos e com um final ambíguo. O inglês filho de indianos Dev Patel encarna o protagonista, Gawain, sobrinho do rei Arthur (Sean Harris). Boêmio, imaturo e imprudente, o jovem acaba embarcando em uma jornada de aventura e autodescobrimento após a visita do temido Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) a Camelot. Gawain é o único que topa o desafio proposto pelo visitante, menos por coragem e mais para provar que é mais do que apenas um parente do rei. Daí em diante, ele vai deparar com ladrões, fantasmas e gigantes, entre outros personagens que aludem a suas dúvidas, a suas angústias e a seus desejos. No elenco, Alicia Vikander e Joel Edgerton.
27) Match Point (2005)
De Woody Allen. O cineasta é estadunidense, mas esta é uma produção europeia no dinheiro, no cenário e nas inspirações. Indicado ao Oscar de roteiro original, o suspense de Allen substitui a tradicional trilha de jazz de suas comédias românticas por árias de ópera, gênero surgido na Itália que sempre associou desejo sexual a fatalidade. E, em vez de Nova York, estamos em Londres, onde um ex-tenista (Jonathan Rhys-Meyers) fica dividido entre suas ambições — o casamento com uma mulher rica (Emily Mortimer) — e seus desejos: a amante vivida por Scarlett Johansson. Na solução do conflito, o diretor mistura duas influências, a tragédia grega e o romance russo, e retoma temas como limites morais, culpa, falta de coragem para a renúncia e a existência ou não de uma justiça maior.
28) Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)
De Pedro Almodóvar. Ganhadora da Osella de Ouro de melhor roteiro no Festival de Veneza e indicada ao Oscar de filme internacional, esta comédia dramática projetou Almodóvar globalmente. Carmen Maura interpreta Pepa, uma dubladora de filmes que entra em crise depois de ser deixada pelo namorado. Em busca de algo para curar a fossa, ela se propõe a ajudar uma amiga que mantém uma relação com um terrorista. A situação se complica quando Pepa encontra a amante de seu ex-companheiro e, depois, passa a ser perseguida pela polícia. Com Antonio Banderas.
29) Pequena Mamãe (2021)
De Céline Sciamma. A diretora francesa apresenta aqui um pequeno grande filme. Pequeno porque dura apenas 70 minutos (transcorridos sem pressa nenhuma, como é característico da cineasta: sua câmera deixa que as coisas aconteçam, que os personagens sintam) e traz como protagonista uma menina de oito anos, que circula por poucos cenários. Grande porque, com uma mescla de economia narrativa e simbolismo sofisticado, Pequena Mamãe trata de temas complexos e perenes: o luto, a infância, a memória.
30) Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011)
De Lynne Ramsay. A escocesa dirige a adaptação do romance da escritora Lionel Shriver (talvez você tenha de procurar por We Need to Talk About Kevin). Injustamente ignorada nas indicações ao Oscar de melhor atriz, Tilda Swinton brilha vivendo Eva, mulher em estado permanente de torpor que tenta se recompor do baque que arruinou sua vida. Ela é mãe de um jovem psicopata (Ezra Miller) que massacrou colegas de escola. Do nascimento ao dia da tragédia, Eva viveu com o filho um calvário marcado por terríveis provações afetivas. Seu olhar em retrospectiva, por meio das cartas que escreve ao marido, não encontra culpa, falhas e respostas que possam justificar a tragédia, o que só aumenta a sensação de desconforto e desamparo.
31) Questão de Tempo (2013)
De Richard Curtis. Talvez seja a minha comédia romântica favorita no século 21. A trama aplica conceitos da ficção científica a um desejo que muitas pessoas devem nutrir: o de voltar ao passado para resolver pendências de sua vida e fazer dar certo aquela paixão. No caso, acompanhamos a jornada do jovem Tim Lake (Domhnall Gleeson), que, após descobrir que pode viajar no tempo, usa sua habilidade para tentar conquistar a garota dos seus sonhos, Mary (Rachel McAdams). A química entre os dois é ótima, o elenco de coadjuvantes inclui Bill Nighy, Tom Hollander, Margot Robbie e Vanessa Kirby, e a trilha sonora traz uma linda versão de How Long Will I Love You e a arrepiante Into my Arms (Nick Cave & The Bad Seeds).
32) Rec (2007)
De Jaume Balagueró e Paco Plaza. Em Barcelona, uma repórter de TV (Manuela Velasco) e seu cinegrafista estão fazendo uma reportagem sobre os bombeiros quando flagram a disseminação de uma infecção raivosa. O primeiro capítulo da franquia espanhola por trabalha muito bem o estilo found footage, com imagens captadas pelos próprios personagens. O imprevisto é a regra, o que torna tudo mais aterrorizante.
33) Tudo Sobre Minha Mãe (1999)
De Pedro Almodóvar. Vencedor do Oscar, do Globo de Ouro e do Bafta de melhor filme estrangeiro e do prêmio de direção no Festival de Cannes, é estrelado por Cecilia Roth, Penélope Cruz e Marisa Paredes. Roth encarna uma enfermeira que, após a morte do jovem filho, atropelado enquanto tentava conseguir um autógrafo de sua estrela preferida, a atriz Huma Rojo (Paredes), vai de Madri a Barcelona à procura do pai do rapaz. No caminho, ela encontra o travesti Agrado (Antonia San Juan) e a freira Rosa (Cruz).
Melhores franquias no Amazon Prime Video
007
O Amazon Prime Video dispõe de 24 dos 25 longas-metragens estrelados por James Bond _ falta apenas o último, Sem Tempo para Morrer (2021). Os meus destaques, são a estreia do agente secreto, 007 Contra o Satânico Dr. No (1962), dirigido por Terence Young e protagonizado por Sean Connery, 007 Contra Goldfinger (1964), considerado por muitos crítios o melhor de toda a franquia, e Cassino Royale (2006), de Martin Campbell, o primeiro com o ator Daniel Craig, que redefiniu o personagem surgido nos livros de Ian Fleming. Vale ver também um filme com Roger Moore, um com Timothy Dalton e um com Pierce Brosnan. Sugiro o começo de cada ator: respectivamente, Com 007 Viva e Deixe Morrer (1973), de Guy Hamilton (e com a célebre canção de Paul McCartney), Marcado para a Morte (1987), de John Glen, e 007 Contra Goldeneye (1995), de Martin Campbell. Ou seja, são os filmes 34, 35, 36, 37, 38 e 39 desta lista.
Rocky
Estão em cartaz os seis filmes que Sylvester Stallone estrelou e os dois com Michael B. Jordan no papel do filho de Apollo Creed, o campeão dos pesos-pesados que o mais célebre e longevo pugilista do cinema desafiou na sua estreia. Vejam o oscarizado Rocky, um Lutador (1976), de John G. Avildsen, a retomada do personagem, já aposentado, em Rocky Balboa (2006), assinado e protagonizado por Stallone, e Creed: Nascido para Lutar (2015), de Ryan Coogler.
O Senhor dos Anéis
Lançada entre 2001 e 2003, a trilogia de Peter Jackson baseada nos livros de J.R.R. Tolkien faturou quase US$ 3 bilhões nas bilheterias e 17 estatuetas no Oscar. É a franquia mais premiada. Aqui, tem de assistir aos três mesmo: A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei.
Filmes dos EUA no Amazon Prime Video
46) Adoráveis Mulheres (2019)
De Greta Gerwig. A cineasta estadunidense realçou o subtexto feminista na sétima adaptação cinematográfica do romance de 1868 de Louisa May Alcott. Em um filme com atuações (Saoirse Ronan, Florence Pugh, Laura Dern, Meryl Streep...), música e vestuário arrebatadores, um dos grandes acertos foi a mudança na estrutura cronológica do livro. A narrativa se dá em dois tempos intercalados, o do presente e o de sete anos atrás. Os flashbacks comparam e opõem situações e emoções da narrativa corrente. Concorreu a seis Oscar, levando o de melhor figurino.
47) Animais Noturnos (2016)
De Tom Ford. O filme baseado em livro de Austin Wright embaralha diferentes tempos narrativos. Amy Adams interpreta Susan, dona de galeria de arte que vê seu marido infiel ( Armie Hammer) ficar cada vez mais distante. Um dia, chega em sua casa a prova de um livro escrito por seu ex- marido, Edward (Jake Gyllenhaal), de quem se separou há quase 20 anos. Edward dedica a obra a Susan e quer sua opinião antes da publicação. A partir daí, acompanhamos a encenação da trama do livro, que descreve a tragédia familiar de um homem, Tony (também Gyllenhaal).Uma terceira camada narrativa lembra o passado de Susan e Edward, da apaixonada aproximação ao doloroso rompimento. Michael Shannon foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante na pele de um policial de poucas palavras e muita obstinação.
48) Atômica (2017)
De David Leitch. Sensualizando bastante, Charlize Theron encarna Lorraine Broughton, agente inglesa mandada para Berlim na semana da queda do emblemático muro da cidade alemã, em 1989. No meio das manifestações políticas, ela precisa localizar um espião russo que tem em seu poder uma lista de agentes ocidentais. Para ajudá-la, conta com um colega inglês (James McAvoy) e uma misteriosa espiã francesa (Sofia Boutella). O filme tem algumas das mais impressionantes cenas de ação do cinema contemporâneo.
49) Em um Bairro de Nova York (2021)
De Jon M. Chu. Versão de um musical da Broadway concebido por Lin-Manuel Miranda (o mesmo de Hamilton) e Quiara Alegría Hudes, In the Heights é uma vibrante celebração da cultura dos latino-americanos em Nova York. É muito gostoso passar quase duas horas e meia na companhia de personagens como o dominicano Usnavi (Anthony Ramos), a manicure Vanessa (Melissa Barrera) e a Abuela Claudia.
50) A Bruxa (2015)
De Robert Eggers. Na Nova Inglaterra do século 17, uma família cristã é excomungada. Isolados à margem de uma floresta, eles vão cair em desgraça quando o filho caçula, um bebê, é sequestrado por uma feiticeira. Eggers inspirou-se em lendas e em relatos reais da época para refletir sobre "o medo do poder feminino e o processo de transformá-lo em algo obscuro e mau", como definiu. No seu caldeirão, mistura temas como o desabrochar da sexualidade, o fanatismo religioso e o caráter repressor da sociedade, cozinhando influências como os filmes de Ingmar Bergman e a pintura O Sabá das Bruxas (1798), de Francisco Goya. A Bruxa revelou ao mundo a atriz Anya Taylor-Joy.
51) Capitão Fantástico (2016)
De Matt Ross. Após a morte da esposa, homem (Vigggo Mortensen, concorrente ao Oscar de melhor ator) que vive afastado da civilização precisa voltar à vida urbana, acompanhado dos seis filhos. O grupo tem de se adaptar enquanto o pai luta com o ex-sogro pelo direito de criar a família. Tem pelo menos uma sequência antológica: a de quando a turma canta Sweet Child o' Mine, do Guns N' Roses.
52) O Caso Richard Jewell (2019)
De Clint Eastwood. O veterano cineasta reconstitui história do segurança que evitou uma tragédia na Olimpíada de Atlanta, em 1996, mas acabou pintado como vilão por polícia e imprensa. O ótimo Paul Walter Hauser faz o papel principal, e Kathy Bates, como a mãe do protagonista, concorreu ao Oscar de atriz coadjuvante.
53) Clube da Luta (1999)
De David Fincher. Estrelado por Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham-Carter, tem uma das reviravoltas mais famosas do cinema.
54) Colateral (2004)
De Michael Mann. Um dos grandes heróis de Hollywood, Tom Cruise mostra aqui que pode ser um baita vilão. Ele interpreta um assassino profissional que obriga um taxista, vivido por Jamie Foxx (indicado ao Oscar de ator coadjuvante), a fazer uma corrida com cinco paradas mortíferas. Filmaço.
55) Corra! (2017)
De Jordan Peele. Por meio do terror, o diretor e roteirista discute o racismo, a perpetuação da escravidão, a normalização da agressão e as tentativas da sociedade estadunidense de apagar e reinterpretar o próprio passado de exploração e violência. Em Corra!, que ganhou o Oscar de melhor roteiro original, Daniel Kaluuya interpreta um fotógrafo negro que vai visitar a família da namorada, uma jovem branca vivida por Allison Williams. Na propriedade rural dos Armitage (Bradley Whitford e Catherine Keener), ele começa a ficar intrigado com estranhos acontecimentos e comportamentos.
56) Crime Sem Saída (2019)
De Brian Kirk. O saudoso Chadwick Boseman encarna um detetive de Nova York encarregado pelo capitão McKenna (J.K. Simmons) de caçar dois assaltantes (Taylor Kitsch e Stephan James) envolvidos num assalto e numa matança de policiais.
57) O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)
De David Fincher. Benjamin Button (Brad Pitt) nasceu de forma incomum, com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos 80 anos mesmo sendo um bebê. Ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce. Baseado em conto de F. Scott Fitzgerald, ganhou os Oscar de direção de arte, maquiagem e efeitos visuais, além de disputar outras 10 categorias, incluindo melhor filme, direção, ator e atriz coadjuvante (Taraji P. Henson).
58) Donnie Darko (2001)
De Richard Kelly. Neste que é um dos filmes mais cultuados do século 21, um adolescente (Jake Gyllenhaal) é atormentado pelas visões de um coelho gigante que o estimula a fazer brincadeiras humilhantes.
59) Efeito Borboleta (2004)
De Eric Bress e J. Mackye Gruber. Outro título cultuado do início da era 2000. Ashton Kutcher interpreta um jovem que está lutando para se livrar de memórias trágicas de sua infância quando descobre uma técnica que pode levá-lo ao tempo em que era criança, permitindo que ele mudasse a própria história.
60) Emergência (2022)
De Carey Williams. O baladeiro Sean (RJ Cyler) e o certinho Kunle (Donald Elise Watkins) são raríssimos alunos negros em uma prestigiada universidade. Prestes a partirem para uma noitada de festas lendárias, os dois e o amigo nerd com quem dividem a casa, o latino Carlos (Sebastian Chacon), precisam lidar com um pesadelo para pessoas de grupos marginalizados, seja nos EUA ou no Brasil: há uma garota branca inconsciente no meio da sala. Claro que o trio pensa em ligar para o 911, o número de emergência. Mas há muitos "e se" periclitantes que uma pessoa branca não teria de considerar.
61) Era uma Vez na América (1984)
De Sergio Leone. Este drama monumental de quase quatro horas de duração acompanha a história de mafiosos judeus que crescem na Nova York a partir dos anos 1920. No elenco, Robert De Niro, James Woods e Elizabeth McGovern.
62) À Espera de um Milagre (1999)
De Frank Darabont. O cineasta de Um Sonho de Liberdade (1994) volta a adaptar uma obra de Stephen King e volta ao cenário das penitenciárias neste drama sobrenatural, ambientado na época da Grande Depressão, sobre a vida de um agente penitenciário (Tom Hanks) no corredor da morte. Disputou quatro Oscar, incluindo melhor filme, e deu fama a Michael Clarke Duncan, que concorreu à estatueta de ator coadjuvante — e que morreu em 2012, aos 54 anos, por problemas cardíacos.
63) E.T.: o Extraterrestre (1982)
De Steven Spielberg. Mistura de ficção científica com conto de fadas sobre a amizade entre o menino Elliot (Henry Thomas) e um alien que se perde nas florestas da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Criado pelo artista italiano de efeitos especiais Carlo Rambaldi, o pequeno personagem de cabeça grande e rosto enrugado é capaz de curar com um toque de seu dedo luminoso e descobre-se encantado por doces. Foi o primeiro filme a ultrapassar a marca dos US$ 700 milhões nas bilheterias (sendo que custou US$ 10 milhões), liderando o ranking mundial durante 10 anos. Concorreu a nove Oscar, incluindo melhor filme, diretor e roteiro original, e ganhou quatro: música, efeitos visuais, som e efeitos sonoros
64) O Exorcista (1973)
De William Friedkin. Primeiro terror indicado ao Oscar de melhor filme, deu origem não apenas a uma franquia, mas ao próprio subgênero dos títulos de exorcismo. Mesmo proibida para menores de 18 anos, foi também um campeão de bilheteria. Ainda hoje, a história sobre a menina possuída pelo belzebu impressiona, tanto pelas atuações (Ellen Burstyn, a mãe, concorreu ao Oscar de atriz, e Linda Blair e Jason Miller, o padre, foram indicados como coadjuvantes) quanto pela atmosfera, pelos sustos e mesmo pelos efeitos especiais.
65) Fantasmas do Passado (2002)
De Mariama Diallo. Para escrever e dirigir este terror, a cineasta baseou-se na própria experiência como mulher negra em uma instituição de ensino majoritariamente branca, a Universidade Yale. O título original vem de um cargo que existiu em universidades como Harvard até poucos anos atrás: Master é uma espécie de bedel, responsável por acompanhar os alunos e ter certeza de que tudo está indo bem nos dormitórios. Mas master também é a palavra utilizada para designar os donos de escravos — com o passar do tempo, esse duplo sentido perturbou Diallo.
66) A Felicidade Não se Compra (1946)
De Frank Capra. Um candidato a anjo tem a missão de ajudar um homem à beira do suicídio, personagem vivido por James Stewart. Absolutamente inspiradora, a comédia dramática dirigida por Frank Capra volta e meia é referenciada ou homenageada em obras como Um Homem de Família (2000). Disputou cinco Oscar, incluindo melhor filme, direção e ator.
67) Fogo Contra Fogo (1995)
De Michael Mann. Solenemente ignorado pelo Oscar, este filmaço policial apresenta o maior duelo já visto em Hollywood: Robert De Niro versus Al Pacino. Seus dois personagens só estão separados pela lei e pela ética: um é o ladrão Neil McCauley (De Niro), o outro é o policial Vincent Hanna (Pacino). O primeiro não vai hesitar em sacrificar inocentes em nome do bem pessoal; o segundo sacrificou a si próprio para proteger inocentes. McCauley será caçado por Hanna depois que um meticuloso e milionário assalto a um carro-forte termina em um banho de sangue.
68) Fragmentado (2016)
De M. Night Shyamalan. Três adolescentes (entre elas, Anya Taylor-Joy) são sequestradas no estacionamento de um shopping. Aos poucos, elas vão conhecer muitas das 23 personalidades do vilão encarado com assombro por James McAvoy. O final do filme reservou uma senhora surpresa para quem acompanhava a carreira de Shyamalan.
69) Garota Exemplar (2014)
De David Fincher. Nada é o que parece ser nesta adaptação de romance de Gillian Flynn que valeu a Rosamund Pike uma indicação ao Oscar de melhor atriz. O próprio filme, que durante a maior parte do tempo transcorre como um suspense policial sobre o desaparecimento de uma mulher, casada com o personagem de Ben Affleck, a certa altura transfigura-se em um potente manifesto sobre o desaparecimento de muitas mulheres: aquelas que são forçadas ou se forçam a serem as "garotas exemplares ", uma fantasia montada para atender aos desejos masculinos e incentivada pela indústria do entretenimento.
70) Gladiador (2000)
De Ridley Scott. Superprodução que praticamente ressuscitou o gênero épico, traz Russell Crowe no papel de Maximus, general que, por causa de intrigas e traições, é transformado em escravo e obrigado a lutar como gladiador no Coliseu romano. Ganhou cinco Oscar, incluindo melhor filme e ator, e disputou outras sete categorias, como direção e ator coadjuvante (Joaquin Phoenix).
71) O Homem das Sombras (2012)
De Pascal Laugier. Especializado em filmes pesados, o cineasta francês pega um pouco mais leve neste terror estrelado por Jessica Biel. Uma cidade isolada começa a se desfazer pouco a pouco, conforme as crianças vão desaparecendo sem deixar pistas. De acordo com uma lenda local, o responsável seria um homem alto e misterioso, que vive nos arredores. Mas a enfermeira Julia não acredita em nada disso. Pelo menos até seu filho ser raptado.
72) Judas e o Messias Negro (2021)
De Shaka King. Vencedor de dois Oscar — ator coadjuvante (Daniel Kaluuya) e canção —, também disputou os prêmios de melhor filme, roteiro original e fotografia. Narra a ascensão e a queda de Fred Hampton, líder do partido dos Panteras Negras na Chicago do final dos anos 1960. Como o título indica, Judas e o Messias Negro retrata uma traição. Concorrente de Kaluuya na premiação, Lakeith Stanfield interpreta William O'Neal, um ladrão de carros que, coagido por um agente do FBI (Jesse Plemons), infiltra-se na organização que combatia o racismo.
73) Juno (2007)
De Jason Reitman. A ex- stripper Diablo Cody ficou famosa ao escrever o roteiro — e ganhar o Oscar — desta comédia dramática sobre dois adolescentes de 16 anos que têm de enfrentar a gravidez inesperada da menina. Os papéis são de Michael Cera e Elliot Page (na época, Ellen Page). Juno também disputou as estatuetas de melhor filme, direção e atriz.
74) King Kong (2005)
De Peter Jackson. O cacife atingido com a trilogia O Senhor dos Anéis (2001 a 2003) permitiu a Jackson cometer uma extravagância no seu trabalho seguinte. Em King Kong, o cineasta neozelandês gastou US$ 205 milhões. O filme arrecadou US$ 562,3 milhões, ganhou três Oscar (efeitos visuais, edição de som e mixagem de som) e resgatou o gigantesco gorila do passado mecânico e maquiado de Hollywood para as superproduções digitais do século 21.
75) Licorice Pizza (2021)
De Paul Thomas Anderson. O cineasta concorreu (e perdeu, como sempre) a três Oscar: melhor filme, direção e roteiro original. Nesta comédia romântica, ele imprime um olhar nostálgico para a Califórnia de 1973, retratando o romance platônico entre um ator de 15 anos e uma mulher de 25 — personagens interpretados pelos estreantes Cooper Hoffman e Alana Haim.
76) Los Angeles, Cidade Proibida (1997)
De Curtis Hanson. Recebeu nove indicações ao Oscar: melhor filme, diretor, atriz coadjuvante (Kim Basinger, premiada), roteiro adaptado (premiado), fotografia, edição, direção de arte, música original e som. Baseada em livro do escritor James Ellroy, a história se passa na década de 1950 e envolve os bastidores de Hollywood. Com ótimas atuações, Kevin Spacey, Guy Pearce e Russell Crowe interpretam três policiais da mesma delegacia, mas muito distintos entre si, que terão suas trajetórias cruzadas a partir da investigação de uma chacina em um café.
77) Louca Obsessão (1990)
De Rob Reiner. Nesta versão de uma história do escritor Stephen King, James Caan interpreta um escritor de sucesso que sofre um acidente de carro e é salvo por uma ex-enfermeira que se revela sua fã número 1 (Kathy Bates, ganhadora do Oscar de melhor atriz). Mas ela não fica nada contente quando descobre os planos do autor para sua personagem preferida. Um filme extremamente atual nestes tempos em que fãs se acham donos das obras que assistem.
78) Um Lugar Silencioso (2018)
De John Krasinski. O som (ou a ausência dele) é um personagem à parte. Bebendo de filmes como Encurralado, Tubarão, Jurassic Park e Guerra dos Mundos, todos de Steven Spielberg, e da franquia Alien, o filme centra o foco em uma família da cordilheira dos Apalaches, nos EUA, para contar uma história de invasão alienígena. Os monstros vindos do espaço não enxergam, mas têm uma audição muito apurada, uma espécie de radar, e atacam ao menor ruído.
79) Malcolm X (1992)
De Spike Lee. Cinebiografia do influente e controverso ativista do movimento negro nos EUA, desde o início de sua carreira, como gângster, até se tornar líder muçulmano. Denzel Washington ganhou o Urso de Prata de melhor ator no Festival de Berlim e disputou o Oscar (o figurino também foi indicado).
80) Matrix (1999)
De Lilly e Lana Wachowski. Vencedor de quatro Oscar (melhor edição, som, efeitos visuais e efeitos sonoros), virou uma febre mundial. Até quem nunca viu o filme já deve conhecer bem a trama: num futuro sombrio, o hacker Neo (Keanu Reeves) descobre que a realidade é controlada por computadores e passa a ser ameaçado por agentes cibernéticos com poderes paranormais e armas com munição aparentemente infinita, contra os quais trava combates coreografados pelo mestre das artes marciais Yuen Woo-Ping.
81) Namorados para Sempre (2010)
De Derek Cianfrance. O título brasileiro contradiz o original, Blue Valentine (algo como Namoro Triste). A trama estrelada por Michelle Williams, indicada ao Oscar de melhor atriz, e Ryan Gosling acompanha, embaralhando dois tempos narrativos, o relacionamento de um casal que se desintegra entre a apaixonada aproximação e a dolorosa ruptura.
82) O Nevoeiro (2007)
De Frank Darabont. Na sua terceira adaptação de uma obra de Stephen King, o diretor retrata o colapso da civilização em uma pequena cidade do Maine, depois que um estranho nevoeiro cobre o local. Thomas Jane, Marcia Gay Harden e Andre Braugher encabeçam o elenco deste filme, que tem um dos mais lancinantes finais.
83) Uma Noite em Miami (2020)
De Regina King. Imagina o que aconteceu e foi falado no encontro, em 1964, de quatro ícones do movimento negro nos Estados Unidos: o ativista político e líder muçulmano Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o boxeador Cassius Clay (Eli Goree), às vésperas de se converter ao islamismo e mudar o nome para Muhammad Ali, o cantor Sam Cooke (Leslie Odom Jr. indicado ao Oscar de coadjuvante) e o jogador de futebol americano e ator de Hollywood Jim Brown (Aldis Hodge). Concorreu também às estatuetas de roteiro original e canção.
84) O Peso do Talento (2022)
De Tom Gormican. A comédia de ação aparece no menu com a tradução literal de seu título original, O Insuportável Peso de um Grande Talento. Nicolas Cage faz o papel do próprio Nicolas Cage, que, em crise financeira e existencial, aceita a proposta de US$ 1 milhão para ser o convidado de honra no aniversário de um bilionário que pode estar ligado ao tráfico de armas e ao sequestro da filha de um político. É o Cageverso: a lista de citações inclui a piscina de Despedida em Las Vegas, o coelhinho de pelúcia de Con Air, as pistolas douradas de A Outra Face, as perseguições automobilísticas de 60 Segundos, as abelhas de O Sacrifício e um personagem digital, o jovem, vulgar e falastrão Nicky Cage, que remete tanto a Coração Selvagem quanto a Adaptação.
85) À Prova de Morte (2007)
De Quentin Tarantino. Tributo aos filmes exploitation dos anos 1970, produções tipo B que faziam os barbados suspirar na sala escura diante de carrões envenenados, mulheres voluptuosas e muito sangue jorrando. Tem uma estrutura dois-em-um, com duas metades que se complementam: a noite do caçador e o dia da caça. Na primeira parte, o dublê serial killer Mike ( Kurt Russell) observa e persegue um time de belas garotas que joga conversa fora e enche a cara em bares de beira de estrada. Na segunda, ele tenta repetir a dose, mas encontra pela frente gatas duras na queda.
86) O Quarto de Jack (2015)
De Lenny Abrahamson. Não dá para falar muito da sinopse deste filme que começa mostrando a rotina doméstica de uma mãe (Brie Larson) com seu filho pequeno (Jacob Tremblay). Venceu o Oscar de melhor atriz e concorreu aos troféus de melhor filme, direção e roteiro adaptado.
87) Rain Man (1988)
De Barry Levinson. A história edificante do jovem (Tom Cruise) que se aproxima do irmão mais velho e autista (Dustin Hoffmann) foi um sucesso de público e no Osar _ ganhou as estatuetas de melhor filme, direção, ator (Hoffmann) e roteiro original. Também competiu nas categorias de fotografia, edição, direção de arte e música.
88) O Refúgio (2020)
De Sean Durkin. O cineasta canadense dirige o inglês Jude Law e a estadunidense Carrie Coon nesta mistura chique de drama e suspense sobre uma família que se muda dos Estados Unidos para a Inglaterra, na década de 1980, por conta da ambição financeira do marido, um empreendedor carismático. O Refúgio pergunta: o que acontece com uma vida calcada em mentiras e aparências quando a verdade começa a vir à tona?
89) Robocop: O Policial do Futuro (1987)
De Paul Verhoeven. É um dos melhores trabalhos nos EUA do diretor holandês. Em uma sociedade do futuro, com a segurança pública comandada por uma grande corporação, policial (Peter Weller) morto em ação é transformado em um androide programado para combater o crime.
90) Sempre em Frente (2021)
De Mike Mills. Rodado em um belo preto e branco, é o filme que o ator Joaquin Phoenix fez para exorcizar Coringa (2019). Após sofrer física e psicologicamente para encarnar o atormentado Arthur Fleck, em Sempre em Frente ele vive uma história sobre empatia e esperança e até se permite ter uma pança. Seu personagem, Johnny, é um jornalista de rádio que está dando início a um novo projeto: entrevistar crianças e adolescentes de várias partes dos Estados Unidos para saber o que elas esperam do futuro (e também como se sentem no presente). A certa altura, Johnny terá de cuidar do sobrinho de nove anos, Jesse (Woody Norman), para que a mãe dele (Gaby Hoffmann) possa resolver questões ligadas ao ex-marido e pai do garoto.
91) O Show de Truman (1998)
De Peter Weir. Filme que antecipou a cultura de reality shows como o Big Brother, traz Jim Carrey no papel de um homem que descobre ter nascido e crescido dentro de um estúdio de TV e que sua vida segue um roteiro para manter a audiência de milhões de espectadores. Disputou os Oscar de direção, ator coadjuvante (Ed Harris, como uma espécie de Boninho) e roteiro original.
92) O Silêncio dos Inocentes (1991)
De Jonathan Demme. Foi o terceiro e, até agora, último dos títulos que conquistaram as cinco principais categorias do Oscar: melhor filme, diretor, ator (Anthony Hopkins), atriz (Jodie Foster) e roteiro (no caso, adaptado por Ted Tally a partir do romance policial de Thomas Harris). Narra a insólita e perigosa parceria que se forma entre uma jovem e talentosa agente do FBI, Clarice Starling, e um psiquiatra psicopata, o doutor Hannibal Lecter. A ambiciosa policial terá de contar com ajuda do brilhante canibal para capturar outro assassino serial neste filme que sedimentou o personagem na cultura pop, além de abrir caminho para outros serial killers, como o de Seven (1995).
93) O Som do Silêncio (2019)
De Darius Marder. O baterista (Riz Ahmed) de uma dupla de punk metal formada com sua namorada, a cantora Lou (Olivia Cooke), descobre que está perdendo a audição. Se continuar se expondo a ruídos como os de um show de rock, ficará totalmente surdo. Belíssimo, O Som do Silêncio ganhou os Oscar de edição e som e concorreu a aos prêmios de melhor filme, ator, ator coadjuvante (Paul Raci) e roteiro original.
94) Spencer (2021)
De Pablo Larraín. Kristen Stewart recebeu sua primeira indicação ao Oscar por esta cinebiografia não convencional. O diretor chileno transforma em filme de terror um final de semana da princesa Diana (1961-1997) com a família real britânica, no Natal de 1991. Stewart acha um equilíbrio na interpretação: tanto personifica a eterna Lady Di, incorporando seu jeito de falar, por exemplo, como empresta um tanto de sua própria personalidade para o papel.
95) Thelma & Louise (1991)
De Ridley Scott. Geena Davis e Susan Sarandon embarcam em uma jornada de emancipação feminina e de reação à violência masculina. Ganhou o Oscar de melhor roteiro e deu holofote a Brad Pitt.
96) 300 (2007)
De Zack Snyder. Com Gerard Butler e Rodrigo Santoro, é a versão de uma história em quadrinhos de Frank Miller. Em 480 a.C., o imperador da Pérsia, Xerxes, envia seu exército para conquistar a Grécia. No entanto, a cidade grega de Esparta tem os melhores guerreiros de sua época, e 300 deles estão escalados para lutarem contra os persas, em cenas de ação que se tornaram referência.
97) Trovão Tropical (2008)
De Ben Stiller. É uma sátira impagável sobre os bastidores de Hollywood. O título faz referência a um blockbuster de guerra que está sendo rodado nas florestas asiáticas com uma constelação de astros, entre eles um ídolo de filmes de ação (o próprio Stiller), um ganhador de vários Oscar (Robert Downey Jr.), que leva seu trabalho tão a sério que fez pigmentação de pele para incorporar um soldado negro, e um comediante viciado em drogas (Jack Black). O diretor não consegue se impor diante do elenco e muito menos diante do inescrupuloso produtor (Tom Cruise, em ponta memorável). E o que poderia ficar pior de fato fica quando a turma cruza com guerrilheiros de verdade.
98) Tubarão (1975)
De Steven Spielberg. Foi o filme que fez o cineasta abocanhar Hollywood. Neste clássico, Spielberg aprimora as técnicas de suspense demonstradas em Encurralado (1971), trabalhando muito mais com a sugestão da presença do que com a presença em si do predador marinho, e novamente lida com um duelo afeito a simbolismo (o homem versus a natureza, o humano versus o monstruoso, a ciência versus o negacionismo etc).
99) Vice (2018)
De Adam McKay. Tragicomédia que se dedica a biografar, mas de forma nada convencional (o que inclui momentos surrealistas e quebra da quarta parede), o controverso Dick Cheney, vice-presidente dos EUA entre 2001 e 2009. Durante os dois mandatos de George W. Bush, Cheney foi um dos grandes artífices da Guerra ao Terror implementada após o 11 de Setembro. No Oscar, Vice recebeu oito indicações: melhor filme, direção, roteiro original, ator (Christian Bale), atriz coadjuvante (Amy Adams), ator coadjuvante (Sam Rockwell), edição e maquiagem/cabelos (a única categoria premiada).
100) X: A Marca da Morte (2022)
De Ti West. Foi uma das sensações do ano passado entre os fás de terror, a ponto de gerar uma trilogia (depois de Pearl, virá MaXXXine). Na década de 1970, um grupo de atores se propõe a fazer um filme pornô na zona rural do Texas, mas acaba entrando em atrito com seus anfitriões, um estranho casal de idosos.
Bônus
Depois que eu fechei a lista, entraram no catálogo do Amazon Prime Video Quero Ser John Malkovich (1999), de Spike Jonze, que concorreu aos Oscar de melhor direção, atriz coadjuvante (Catherine Keener) e roteiro original (Charlie Kaufman), Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo (2003), de Peter Weir, ganhador das estatuetas douradas de fotografia e edição de som e indicado em outras oito categorias, incluindo melhor filme e direção, e Coringa (2019), de Todd Phillips, que valeu a Joaquin Phoenix o Oscar, o Bafta, o Globo de Ouro e o troféu do Sindicato dos Atores dos EUA. Também reencontrei o dinamarquês O Amante da Rainha (2012), concorrente no Oscar de melhor filme internacional, e o recente 7500 (2019), de Patrick Vollrath, que considero um bom exemplo de tensão a bordo.