Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, nesta quarta-feira, 8 de março, eu ia fazer uma lista com oito filmes recentes e premiados que são assinados por diretoras.
Mas logo faltou espaço para contemplar tantas obras de alta qualidade. Acabaria deixando de fora algum título ganhador de um Oscar ou laureado em festivais como os de Berlim, Cannes e Veneza. Portanto, aumentei a seleção: são 20.
Os filmes estão em cartaz no cinema ou disponíveis no streaming. Como de costume, tem um bônus ao final da coluna. Clique nos links se quiser saber mais.
O Chão Sob meus Pés (2019)
De Maria Kreutzer. A diretora austríaca aborda a pressão que as mulheres sofrem no ambiente de trabalho, fazendo um drama com ares de suspense de Alfred Hitchcock. A personagem principal é uma executiva que esconde um segredo duplo: o namoro com uma superior e a existência de uma irmã mais velha, que é esquizofrênica. No papel da protagonista, Valerie Pachner ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Guadalajara, no México, e o troféu do Sindicato dos Atores da Alemanha. (Filmicca)
Retrato de uma Jovem em Chamas (2019)
De Céline Sciamma. Em 1776, em uma ilha francesa, uma pintora (Noémie Merlant) é contratada para fazer o retrato de uma garota (Adèle Haenel) prometida em casamento para um cavalheiro de Milão. A artista e a musa se apaixonam, mas esse romance precisa ser nutrido em silêncio. Aliás, o som ambiente é uma das virtudes do filme vencedor do prêmio de melhor roteiro e da Palma Queer no Festival de Cannes. O crepitar de uma lareira ou o estouro das ondas marcam cenas: o fogo como símbolo do desejo que cresce, o mar bravio como símbolo da perturbação emocional das personagens. Da mesma diretora, também vale ver Pequena Mamãe (2021). (canal Telecine do Globoplay)
Saint Maud (2019)
De Rose Glass. Em uma cidadezinha litorânea da Inglaterra, uma jovem enfermeira (Morfydd Clark) acredita falar com Deus, se flagela nas horas vagas e encara como missão religiosa cuidar de uma coreógrafa com câncer (Jennifer Ehle). Saint Maud mistura a dor física com a dor psicológica e explora a relação entre sanidade mental e devoção religiosa. E acerta em tudo: na opressiva direção de fotografia, na nervosa trilha sonora, na enxuta duração e na exposição de violência quando necessária. Recebeu dois troféus no British Independent Awards e concorreu a dois Baftas. (NOW)
Bela Vingança (2020)
De Emerald Fennell. Ganhador do Oscar de melhor roteiro original, o primeiro longa dirigido pela atriz britânica conta com uma atuação extraordinária de Carey Mulligan. Ela interpreta Cassie, que finge estar bêbada, desnorteada e desamparada em bares para atrair homens que, por sua vez, fingem não compactuar com a cultura do estupro. A mistura de visual colorido e tema sombrio do filme é muito bem resumida na cortante versão instrumental de uma canção pop de Britney Spears, Toxic, aqui executada apenas ao violino, à viola e ao cello. (canal Telecine do Globoplay)
First Cow: A Primeira Vaca da América (2020)
De Kelly Reichardt. O diretor do oscarizado Parasita (2019) sentiu inveja deste faroeste às avessas realizado pela cneasta estadunidense: no Oregon de 1820, um padeiro (John Magaro) e um imigrante chinês (Orion Lee) tentam sobreviver e, se possível, prosperar à sombra de um inglês rico (Toby Jones), capaz de defender as "recompensas financeiras advindas da punição corporal a empregados indolentes". Foi eleito o melhor filme da temporada 2021 ano pela revista francesa Cahiers du Cinèma. (MUBI)
Nomadland (2020)
De Chloé Zhao. A cineasta chinesa radicada nos EUA, colecionou prêmios, como o Leão de Ouro no Festival de Veneza, os Oscar de melhor filme e de melhor direção, o Bafta, o Globo de Ouro e o troféu da Associação dos Produtores. Nomadland aborda um tema absolutamente contemporâneo e bastante caro à população estadunidense: o impacto da recessão na vida das pessoas comuns. Com um olhar sensível tanto para com os personagens quanto para com as paisagens, acompanha o cotidiano de uma mulher de 60 e poucos anos encarnada por Frances McDormand (Oscar de melhor atriz, o terceiro na carreira) que, após o colapso econômico de uma cidade industrial, precisa morar dentro de uma van e passa a conviver com nômades de verdade. (Star+)
Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre (2020)
De Eliza Hittman. A estadunidense ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim por este filme delicado, mas também contundente. Na trama, uma adolescente (Sidney Flanigan) de uma cidadezinha tenta fazer um aborto após descobrir que está grávida. A diretora e roteirista mergulha na intimidade das personagens para trazer à tona as violências cotidianas a que garotas como a protagonista e sua prima (Talia Ryder) são submetidas. A denúncia é explícita, mas sem grito. Investe-se em silêncios e interditos, aposta-se na nossa intuição e na nossa imaginação para preencher lacunas. (Disponível para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV, Claro TV e Google Play)
Quo Vadis, Aida? (2020)
De Jasmila Zbanic. Venceu as categorias de melhor filme, direção e atriz (Jasna Duricic) no European Film Awards e concorreu no Oscar de longa internacional, representando a Bósnia e Herzegovina. Na trama de Quo Vadis, Aida?, uma tradutora da ONU tenta salvar o marido e os dois jovens filhos do Massacre de Srebrenica, perpetrado por tropas sérvias em julho de 1995. A cineasta defende a verdade como única forma de lidar com guerras, ditaduras, regimes de apartheid oficiais ou não oficiais, perseguições políticas, étnicas, religiosas etc. e faz um alerta: nunca podemos fechar os olhos para os traumas do passado. (canal Telecine do Globoplay)
O Acontecimento (2021)
De Audrey Diwan. Vencedor do Leão de Ouro e do prêmio da crítica no Festival de Veneza, o filme se passa na França de 1963, mas discute um assunto — o direito ao aborto — que ganhou enorme atualidade no ano passado. No Brasil, veio à tona o caso da menina de 11 anos que teve negada pela Justiça a interrupção da gravidez, prevista em lei, pelo fato de a garota ter sido vítima de estupro e correr risco. Nos Estados Unidos, a Suprema Corte revogou a decisão conhecida como Roe vs. Wade, de 1973, que garantia esse direito às mulheres de todo o país. Em O Acontecimento, Anamaria Vartolomei (troféu César de atriz revelação) interpreta Anne, uma estudante promissora que descobre ter engravidado. Em nome de seu futuro, ela decide abortar, desafiando a lei em uma jornada por conta própria. De modo seco e amparada pela atuação estoica de Vartolomei, Diwan retrata o quão solitária — e, também por isso, perigosa — pode ser a luta das mulheres por seus direitos. (HBO Max)
Ataque dos Cães (2021)
De Jane Campion. O filme da diretora de O Piano (1993), é um faroeste tardio e desconstrutivo: se passa em 1925 e desmancha a aura mítica dos caubóis. O protagonista é interpretado por Benedict Cumberbatch, o Sherlock da série de TV e o Doutor Estranho do Universo Cinematográfico Marvel. Seu personagem, Phil Burbank, estudou na prestigiada faculdade Yale mas preferiu levar uma vida de bronco. Essa vida começa a ser abalada quando o irmão dele (Jesse Plemons) se casa com uma mãe viúva (Kirsten Dunst), que tem um filho adolescente de traços e modos delicados (Kodi Smit-McPhee). Ataque dos Cães ganhou mais de 250 prêmios, incluindo o Leão de Prata no Festival de Veneza, os Globos de Ouro de melhor filme/drama, direção e ator coadjuvante (Kodi Smit-McPhee) e o Oscar de direção. (Netflix)
A Filha Perdida (2021)
De Maggie Gyllenhaal. Em seu primeiro longa-metragem como diretora, a atriz estadunidense Maggie Gyllenhaal disputou o Oscar de roteiro adaptado — A Filha Perdida é baseado no romance homônimo publicado pela escritora italiana Elena Ferrante em 2006. Oscarizada por A Favorita (2018), a inglesa Olivia Colman concorreu de novo ao prêmio de melhor atriz no papel de Leda Caruso, uma professora universitária que, durante suas férias em uma praia da Grécia, fica obcecada por uma jovem mãe (Dakota Johnson) e sua filha. A partir de então, Leda se vê confrontada por memórias dos tempos em que ela própria (encarnada por Jessie Buckley, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante) tinha de lidar com suas duas crianças. A trama de mistério e perigo é entrelaçada à abordagem, com despudor, de temas como maternidade, sexualidade, papéis sociais e ambição profissional. (Netflix)
Identidade (2021)
De Rebecca Hall. Baseado em romance de Nella Larsen, o filme que disputou premiações como o Bafta, o Globo de Ouro e o SAG Awards é ambientado na Nova York dos anos 1920. Lá, se reencontram Irene (Tessa Thompson), que se identifica como negra e está casada com um médico negro (que sonha em se mudar para o Brasil, um país onde, segundo ele, não há racismo), e Clare (Ruth Negga), que se passa por branca e tem um marido rico e preconceituoso. Amparada pela belíssima fotografia em preto e branco e por uma melancólica trilha sonora, a atriz e agora diretora Rebecca Hall conduz a trama de Identidade com uma delicadeza que não esconde as turbulências. (Netflix)
A Noite do Fogo (2021)
De Tatiana Huezo. Ganhou menção honrosa na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, foi um dos 15 semifinalistas do Oscar de melhor filme internacional, representando o México, e valeu a Huezo uma indicação ao troféu do Sindicato dos Diretores dos EUA na categoria de estreante — embora ela não fosse: assinou antes os documentários El Lugar más Pequeño (2011) e Tempestade (2016). Há semelhanças temáticas e estilísticas entre as três obras. Em A Noite do Fogo, Huezo observa o cotidiano de um povoado violentado pelo narcotráfico pelos olhos de três meninas: Ana (vivida por Ana Cristina Ordóñez González na infância e por Marya Membreño na adolescência), Maria (Blanca Itzel Pérez/Giselle Barrera Sánchez) e Paula (Camila Gaal/Alejandra Camacho). O perigo e a morte estão sempre nas redondezas, o silêncio e a fuga são aliados vitais, o medo dita os passos — sobretudo os das mães e os das filhas, como enfatiza o título brasileiro do romance em que a ficção se baseia: Reze pelas Mulheres Roubadas. (Netflix)
Pleasure (2021)
De Ninja Tyberg. É o filme que desnuda a indústria pornô. Embora não faltem cenas com pênis eretos e expostos, a ênfase está em indústria. No seu primeiro longa-metragem, premiado nos festivais de Deauville, Ghent e Gotemburgo, a diretora sueca adota o olhar de uma atriz novata — interpretada com assombro pela estreante Sofia Kappel — para retratar o negócio do sexo explícito na Califórnia. Ganhamos acesso a bastidores que vão desde os termos de um contrato e uma espécie de glossário da profissão até as técnicas (ou mesmo improvisos) demandadas em uma produção. Pleasure acompanha a jornada de Bella Cherry, o pseudônimo artístico de Linnéa, garota de 19 anos que trocou a Suécia por Los Angeles em busca do estrelato. Mas até onde ela está disposta a ir? No fundo, este é um filme sobre as relações de poder no universo do trabalho. Sobre como podemos ser manipulados e sobre como nossas ambições podem nos dessensibilizar. No fim do dia, quem nunca se perguntou: vale a pena? (MUBI)
No Ritmo do Coração (2021)
De Siân Heder. CODA, o título original, é a sigla de Child of Deaf Adults, filho de pais surdos. Trata-se da versão da cineasta estadunidense para o filme francês A Família Bélier (2014). A premissa é a mesma, trocando uma fazenda por uma cidade pesqueira. A adolescente Ruby (papel de Emilia Jones) é a única ouvinte e falante entre os Rossi — todos interpretados por atores surdos: Troy Kotsur (o pai), Marlee Matlin (a mãe) e Daniel Durant (o irmãos mais velho). Atraída por um colega de escola que canta, Miles (Ferdia Walsh-Peelo), resolve se inscrever nas aulas do coral comandado pelo professor Bernardo Villalobos (o mexicano Eugenio Derbez, equilibrando humor, rabugice e ternura). A situação acabará criando um dilema doloroso para Ruby, abrindo portas para temas como amadurecimento e pertencimento. Comovente e também divertido, No Ritmo do Coração ganhou os Oscar de melhor filme, roteiro adaptado e ator coadjuvante (Troy Kotsur), quatro troféus no Festival de Sundance e os prêmios de melhor elenco e ator coadjuvante no SAG Awards, do Sindicato dos Atores dos EUA. (HBO Max e NOW)
Titane (2021)
De Julia Ducournau. A cineasta fez história no Festival de Cannes. Primeiro por apresentar um filme em que a personagem principal é uma assassina serial que faz sexo com um carro. Depois porque, quase 30 anos após a conquista da neozelandesa Jane Campion com O Piano, a francesa tornou-se a segunda mulher na história a ganhar a Palma de Ouro. Como em Raw (2016), Ducournau tem uma jovem como protagonista e trabalha questões como identidade e sexualidade — na obra anterior, uma vegetariana que estuda Veterinária vira canibal. Para tanto, a diretora e roteirista não se furta de lançar mão de imagens perturbadoras e da violência gráfica. O corpo, seja o da atriz Agathe Rousselle, que interpreta a dançarina Alexia, seja o do ator Vincent Lindon, que encarna um bombeiro à procura do filho desaparecido, é um personagem à parte em Titane. (MUBI)
Aftersun (2022)
De Charlotte Wells. Ganhadora do troféu de melhor diretor, roteirista ou produtor estreante no Bafta, a cineasta escocesa conta a história de um pai divorciado e sua filha de 11 anos durante uma viagem de férias pela Turquia, na década de 1990, quando a Macarena ainda era coqueluche mundial. Ele é Calum, interpretado por Paul Mescal, indicado ao Oscar de melhor ator. Ela é Sophie, vivida pela novata Frankie Corio. Há uma terceira personagem importante: a Sophie 20 anos mais velha (Celia Rowlson-Hall). Ela surge no reflexo de uma TV, assistindo às cenas do passeio gravadas por uma filmadora caseira. Sophie é vista ainda no que parece ser uma festa, mas a luz estroboscópica do ambiente também funciona como uma representação do quanto a perturba revisitar suas recordações. Seu olhar melancólico completa o alerta: durante aqueles dias ensolarados na Turquia, em meio aos banhos de piscina e aos mergulhos no mar, às tardes no fliperama e às noites no karaokê, às piadas internas ("Torremolinos!") e às bebidas coloridas, algo aconteceu, algo se perdeu, algo se quebrou. Mas o quê?, pode se perguntar o espectador diante da doçura com a qual Calum trata a filha e da adoração que ela tem por ele. Aqui está o ponto de Aftersun: agora adulta, Sophie pode — por mais doloroso que seja — vasculhar suas memórias à procura das fissuras que não enxergamos na infância. (Em cartaz na Sala Eduardo Hirtz e no MUBI)
Klondike: A Guerra na Ucrânia (2022)
De Maryna Er Gorbach. Vencedor do prêmio de melhor direção em longas estrangeiros no Festival de Sundance e do Prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Berlim, o filme escrito, dirigido e editado por Maryna Er Gorbach se passa em 2014. Irka, a protagonista interpretada por Oksana Cherkashyna, e seu marido, Tolik, vivem em Donetsk, nas proximidades da turbulenta fronteira entre Ucrânia e Rússia. Na primeira cena, descobrimos que o casal aguarda o primeiro filho. Assim que Tolik diz que quer se mudar para longe da guerra, uma bomba destrói parcialmente a casa dos personagens.
Mas Irka está decidida a ser mãe ali mesmo. Tenta manter uma rotina — ordenha a vaca, limpa a casa — como forma de lidar com o horror e o absurdo da guerra. Une seu instinto de sobrevivência ao amor pelo país. Enquanto isso, Tolik é pressionado por seus amigos separatistas pró-Rússia a se juntar a eles. A tensão aumenta com a visita do irmão de Irka, um soldado nacionalista. A situação se complica ainda mais quando um avião civil, o Boeing 777 da Malaysian Airlines, cai na região, matando 298 pessoas, provavelmente abatido por engano. A tragédia não é fictícia: aconteceu em 17 de julho de 2014. Se Klondike fosse um filme de Hollywood, veríamos cenas de ação e catástrofe, mas aqui essas coisas são pano de fundo. O foco está no impacto da guerra em uma família comum. (Belas Artes à La Carte)
Entre Mulheres (2022)
De Sarah Polley. Está concorrendo aos Oscar de melhor filme e roteiro adaptado. Quando a história começa, a gente pode achar que se passa em uma época já distante, por causa dos cenários, dos figurinos e das restrições impostas às mulheres — nessa colônia menonita, elas não podem nem estudar, são todas analfabetas. Mas não: a trama se passa em 2010, em uma comunidade religiosa isolada do resto do mundo, onde mulheres de todas as idades precisam conviver com as agressões dos maridos e o abuso sexual cometido por um bando de homens. Quando elas descobrem que os agressores têm usado tranquilizante empregado em vacas para dopar as mulheres e adolescentes, eles são presos e levados para uma cidade próxima, mas logo, logo vão voltar, afinal, a maioria dos homens compactua com a cultura do estupro. Aí, as personagens interpretadas por atrizes como Frances McDormand, Claire Foy, Jessie Buckley e Rooney Mara têm dois dias para se reunir e decidir como vão proceder. Precisam decidir se não fazem nada, ficam e enfrentam os homens ou se vão embora. (Em cartaz no Espaço Bourbon Country e no GNC Moinhos)
A Mulher Rei (2022)
De Gina Prince-Bythewood. Esnobada no Oscar, mas concorrente no Bafta, no Globo de Ouro, no troféu do Sindicato dos Atores dos EUA e no Critics' Choice, Viola Davis protagoniza este filme que conecta Hollywood, a África e o Brasil. O drama de ação está ambientado à época da escravização dos povos africanos pelos colonizadores europeus. A trama se passa em 1823, no então poderoso Reino do Daomé, onde hoje fica o Benim. Davis interpreta Nanisca, general das Agojie (também conhecidas como Ahosi ou Mino), um histórico grupo de guerreiras que inspirou a guarda real da fictícia Wakanda, as Dora Milaje, em Pantera Negra. Na abertura do filme, elas libertam mulheres daomeanas que haviam sido sequestradas por traficantes de escravos de um império rival, o Oyó — personificado na imponente e aterradora figura de Oba Ade, papel do nigeriano Jimmy Odukoya. (NOW)
Bônus: dois filmes brasileiros
Carvão (2022)
De Carolina Markowicz. Vencedor dos troféus de roteiro, atriz coadjuvante (Aline Marta Maia) e direção de arte no Festival do Rio, o filme aborda o absurdo, a violência e a hipocrisia do Brasil. Na trama, Irene (Maeve Jinkings) e o marido, Jairo (Rômulo Braga), vivem de uma pequena carvoaria no quintal de casa, em uma cidadezinha do interior. Os dois têm um filho de seus oito, nove anos, o esperto Jean (o estreante Jean de Almeida Costa), e o pai dela, doente, não sai mais da cama, não fala, não ouve. Irene e Jairo acabam tentados a aceitar uma proposta lucrativa, mas de risco: hospedar em sua casa um desconhecido. Para o espectador, contudo, o sujeito já tinha sido bem apresentado: Miguel, vivido pelo argentino César Bordón, é um chefão do tráfico de drogas que forjou a própria morte durante uma matança. (Disponível para aluguel em Apple TV e Google Play)
Regra 34 (2022)
De Julia Murat. Ganhou o Leopardo de Ouro, o principal prêmio do Festival de Locarno, na Suíça. No filme, Simone (Sol Miranda) é uma jovem advogada negra que pagou sua faculdade fazendo performances sexuais online. Enquanto trabalha com acolhimento de mulheres vítimas de abusos, ela se envolve em um mundo de erotismo e violência. (NOW)