A pandemia valorizou o streaming. Com cinemas fechados, o público passou a procurar filmes em plataformas _ e também passou a procurar novas plataformas. Uma delas é a Reserva Imovision, serviço oferecido por uma distribuidora especializada em lançar no Brasil títulos exibidos nos grandes festivais do mundo. São obras muito diferentes daquelas encontradas na Netflix ou no Amazon Prime Video, por exemplo.
Nesta sexta-feira (14), entram no catálogo da Imovision quatro ganhadores da Palma de Ouro em Cannes (leia sobre os filmes logo abaixo). Uma rápida passada de olhos pela plataforma identifica pérolas como Pixote: A Lei do Mais Fraco (1981), de Héctor Babenco, A Separação (2011), do iraniano Asghar Farhadi, Urso de Ouro em Berlim e vencedor do Oscar e do Globo de Ouro de melhor filme internacional, Holy Motors (2012), do francês Leos Carax, A Assassina (2015), do chinês Hou Hsiao-Hsien, e duas obras do austríaco Michael Haneke que foram campeãs no Festival de Cannes: A Fita Branca (2009) e Amor (2012), também premiado com o Oscar e o Globo de Ouro.
A Reserva Imovision foi lançada em abril e é acessada neste link. Você pode assinar ou alugar (durante 72 horas). A assinatura mensal custa R$ 24,50, e há um preço promocional para o pacote anual: R$ 211,68 (os valores podem variar de acordo com o sistema operacional).
A plataforma pode ser acessada pelo computador, por celulares e tablets com sistema operacional iOS ou Android e conta com função de espelhamento para SmartTV e Chromecast. Também é possível acessar o aplicativo em Smart TVs com sistema Android TV (Sony, TCL, Philco, Philips), sistema Roku (AOC e Philips); dispositivos com sistema Android TV (TV Box, Mi TV Stick, Mi Box, entre outros), Roku Express e Apple TV.
A Criança (2005)
Os irmãos belgas Jean-Pierre, 69 anos, e Luc Dardenne, são queridinhos de Cannes. Extremamente naturalistas na abordagem de dramas da classe trabalhadora, de imigrantes e de jovens, venceram a Palma de Ouro duas vezes, por Rosetta (1999) e por A Criança (2005), mereceram o Prêmio Especial do Júri por O Garoto da Bicicleta (2011) e dividiram o prêmio de melhor roteiro por O Silêncio de Lorna (2008) e o de melhor direção por O Jovem Ahmed (2019). Também competiram com O Filho (2002), Dois Dias, uma Noite (2014) e A Garota Desconhecida (2016).
Em A Criança, os diretores ambientam a história em em uma pequena cidade industrial francesa. Um jovem e imaturo casal vive um rito de passagem à maturidade com a chegada de um bebê. A mãe, Sonia (Débora François), idealiza que o filho será um estímulo para o namorado, Bruno (Jérémie Renier), deixar de lado a vida de pequenos roubos e arrumar um emprego. Mas o rapaz é tão indiferente ao bebê que o vê apenas como uma possível fonte de lucro.
Entre os Muros da Escola (2008)
Indicado ao Oscar, o filme dirigido por Laurent Cantet e estrelado por atores não profissionais se tornou um fenômeno de bilheteria e de debate. O roteiro é baseado na experiência do professor de Francês François Bégaudeau, que interpreta o protagonista. O ensino é o tema central, mas a sala de aula, como escreveu meu colega Daniel Feix, "é uma metáfora para a sociedade contemporânea como um todo". Os conflitos incluem a inadequação dos imigrantes, a formação problemática que os jovens trazem como herança da infância invariavelmente difícil, a falta de disciplina e respeito, a distância cultural entre professor e alunos e a incomunicabilidade resultante dessa equação.
Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas (2010)
O cultuado e enigmático diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul faz o que se pode chamar de cinema hipnótico e sensorial. No filme, Boonmee (Thanapat Saisaymar) vive nas florestas do país do Sudeste Asiático. Ele tem um problema renal e acredita que morrerá logo. Essa proximidade do fim o coloca em condições de estabelecer contato com vidas passadas _ suas ou de familiares que já morreram, em delírios que incluem um macaco de iluminados olhos vermelhos e um peixe que deflora uma princesa.
Eu, Daniel Blake (2016)
Ao receber a Palma de Ouro no Festival de Cannes por este drama contundente, o cineasta inglês Ken Loach atacou o neoliberalismo "que leva milhões à miséria" e disse que "um outro mundo é necessário". No filme, ele faz um retrato crítico sobre o sistema de bem-estar social de seu país, contando a história de um carpinteiro de meia-idade (encarnado por Dave Johns) que encara agruras para conseguir o benefício por invalidez após uma parada cardíaca o impedir de trabalhar. Enquanto vaga pelos meandros kafkianos da burocracia inglesa, Daniel Blake depara com uma mãe solteira (Haley Squires), expulsa de Londres pelo processo de gentrificação.