Vencedor de dois Oscar — ator coadjuvante (Daniel Kaluuya) e canção original (Fight for You, composta H.E.R., Tiara Thomas e Dernst Emile II) —, Judas e o Messias Negro (Judas and the Black Messiah, 2021) acaba de estrear no streaming. Um dos oito concorrentes da categoria de melhor filme, e indicado também aos prêmios de roteiro original e fotografia, está disponível para compra em Apple TV, Google Play, Microsoft e Playstation. A partir de 3 de junho, também poderá ser alugado nas mesmas plataformas e no Vivo Play.
O filme do diretor Shaka King é sobre a ascensão e a queda de Fred Hampton (papel de Kaluuya), líder do partido dos Panteras Negras na Chicago do final dos anos 1960 (a propósito, o ativista aparece também em Os 7 de Chicago: na pele de Kelvin Harrison Jr, ele é visto conversando com Bobby Seale, um dos fundadores dos Panteras Negras, durante o julgamento reencenado pelo diretor e roteirista Aaron Sorkin).
Com 21 anos, Hampton era o presidente da filial de Illinois dos Panteras Negras. Não acreditava em reforma, "que só transforma escravos em escravos melhores". Pregava uma revolução cultural, política, econômica e, se fosse preciso, armada. Mas ele não queria a guerra.
— Não acreditamos que a melhor forma de combater o fogo seja com fogo. A melhor forma de combater o fogo é com água — diz o personagem. — Vamos combater o racismo não com racismo, mas com solidariedade. Não vamos combater o capitalismo com o capitalismo negro, mas com o socialismo.
Como o título indica, Judas e o Messias Negro retrata uma traição. Concorrente de Kaluuya na categoria de ator coadjuvante, Lakeith Stanfield (um dos policiais de Entre Facas e Segredos) interpreta William O'Neal, um ladrão de carros que, coagido por um agente do FBI (Jesse Plemons, de Estou Pensando em Acabar com Tudo), infiltra-se nos Panteras Negras. O objetivo é se tornar um informante sobre as ações de Fred Hampton (uma situação semelhante ocorre em Estados Unidos vs Billie Holiday, de Lee Daniels, que deu a Andra Day o Globo de Ouro e uma vaga no Oscar de melhor atriz).
No papel de Fred Hampton, Kaluuya, um inglês de 32 anos filho de ganeses, que já havia concorrido a melhor ator por Corra! (2017), ganhou todos os prêmios possíveis: o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta (da Academia Britânica) e o SAG (do Sindicato dos Atores dos EUA). Ao comentar a conquista da estatueta dourada, ele enalteceu os ideais de seu personagem — para levar adiante seu sonho, Hampton também apostou em uma "Coalizão Arco-Íris", aproximando os Panteras de outras comunidades discriminadas, fossem latinas ou até mesmo brancas.
— Ele viveu só 21 anos e achou uma maneira de alimentar e educar crianças — disse Kaluuya. — O partido dos Panteras Negras me ensinou a me amar. Hampton devolveu isso à comunidade negra e mostrou o poder da união. Enquanto os outros fazem a gente se dividir, nós nos unimos. Obrigado por me mostrar quem eu sou.