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O Oscar 2022 já está decidido. Os últimos votos foram enviados na terça-feira (22) pelos cerca de 9,7 mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Os resultados serão anunciados neste domingo (27), no Dolby Theatre, em Los Angeles, a partir das 21h pelo horário de Brasília. As apresentadoras são as atrizes e comediantes Regina Hall, Amy Schumer e Wanda Sykes.
Mas o Oscar 2022 não está decidido. Na principal categoria, a de melhor filme, os troféus prévios apontam para um duelo entre Ataque dos Cães, que surgiu como grande favorito no início da temporada de premiações, e No Ritmo do Coração, que cresceu na reta final. Por coincidência (ou não, afinal, a Academia vem tentando reparar a histórica falta de reconhecimento ao talento feminino), são os dois únicos, entre os 10 concorrentes, assinados por diretoras: respectivamente, Jane Campion e Siân Heder.
No Brasil, a 94ª edição da cerimônia terá transmissão ao vivo pelo canal pago TNT, a partir das 21h, com Aline Diniz e Michel Arouca. No streaming, o Globoplay vai exibir para todos os usuários logados, sem necessidade de assinatura, com apresentação e comentários de Maria Beltrão, Marcelo Adnet, Fábio Porchat e Dira Paes. O site GZH publica notícias a partir das 20h, com o tapete vermelho. E eu farei entradas ao vivo na Rádio Gaúcha, nos programas Faixa Especial (a partir das 20h) e Bom Dia, Segunda-Feira (a partir da meia-noite).
Confira minhas apostas e minha torcida (clique nos links para saber mais sobre os filmes). No fim da coluna, estão todos os indicados, incluindo o serviço de onde podem ser vistos.
Melhor filme
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Campeão de indicações (são 12 no total, contra as 10 de Duna) e ganhador do Globo de Ouro de melhor filme dramático, do Critic’s Choice — dois troféus concedidos pela imprensa, que não vota no Oscar, vale ressaltar — e do Bafta (da Academia Britânica), Ataque dos Cães era tido como o favorito. Trata-se de um faroeste tardio (se passa em 1925) e desconstrutivo — não tem nada de bangue-bangue. É um filme extremamente tátil, pleno de silêncios e olhares ora furtivos, ora eloquentes. Forma e conteúdo se combinam: a diretora Jane Campion trata de atrito e de atração e acompanha personagens ambíguos, com desejos sexuais reprimidos que podem levar a situações de perigo.
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O favoritismo de Ataque dos Cães sofreu um abalo significativo no sábado passado, dia 19, quando No Ritmo do Coração conquistou o PGA Awards, da Associação dos Produtores dos EUA. Em 22 das 32 edições anteriores (69%), houve coincidência entre o vencedor do PGA e o do Oscar. Muitos dos eleitores dessa premiação também são membros da Academia de Hollywood, assim como votam no Oscar integrantes do Sindicato dos Atores dos EUA (que deram a No Ritmo do Coração o principal troféu do SAG Awards, o de melhor elenco, e não laurearam ninguém de Ataque dos Cães) e do Sindicato dos Roteiristas, que premiaram a cineasta Siân Heder na categoria de roteiro adaptado. CODA (título original) é versão do francês A Família Bélier (2014) e conta a história de uma adolescente que é a única ouvinte e falante em uma família de surdos, com a qual entra em conflito ao buscar o sonho de se tornar cantora.
A votação do Oscar foi realizada entre os dias 17 e 22 de março. Não duvido que, no contexto da guerra na Ucrânia — a invasão do país pela Rússia completou um mês na quinta-feira (24) —, a Academia tenha optado por um filme solar e otimista, com uma mensagem clara sobre representatividade (os personagens surdos são interpretados por atores surdos) e empatia, em detrimento de uma obra com mais qualidade e ressonância, mas também amarga e árida.
Melhor direção
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Aqui, o favoritismo de Jane Campion parece intocável. Premiada no ano passado com o Leão de Prata no Festival de Veneza, a neozelandesa de 67 anos já ganhou por Ataque dos Cães o Globo de Ouro, o Bafta, o Critic’s Choice e o DGA Awards, do Sindicato dos Diretores dos EUA. Primeira mulher indicada duas vezes ao Oscar da categoria (concorreu por O Piano, em 1994), deve se tornar a terceira a conquistar a estatueta, depois de Kathryn Bigelow (por Guerra ao Terror, em 2010) e de Chloé Zhao (por Nomadland, em 2021).
Melhor atriz
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Após ser indicada como coadjuvante por Histórias Cruzadas (2011) e como melhor atriz por A Hora Mais Escura (2012), Jessica Chastain, 45 anos, já venceu o SAG Awards e o Critic’s Choice por Os Olhos de Tammy Faye (ainda inédito no Brasil). O filme do diretor Michael Showalter sobre o polêmico casal de televangelistas Jim Bakker (Andrew Garfield) e Tammy Faye Messner é protocolar e comete o pecado de tentar condensar toda uma vida em duas horas. Vale por Chastain, ainda que ela esteja escondida por uma maquiagem que acaba chamando mais atenção do que sua atuação. O trabalho inclui próteses para imitar a estrutura facial de Tammy, afinamento dos lábios, olhos extremamente pintados, perucas e rugas postiças.
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Minha favorita é outra (aliás, Kristen Stewart, de Spencer, também estaria na frente). Uma cena de A Filha Perdida já valeria o Oscar para Olivia Colman: a professora Leda Caruso revela ter ido embora quando suas filhas tinham sete e cinco anos. O rosto da atriz exprime uma mistura de dor e alívio, lágrimas e sorriso ao responder como foi passar três anos longe delas: “Foi maravilhoso. Como se eu tentasse não explodir e então explodisse”. Se o prêmio vier, será o segundo da atriz inglesa de 48 anos, vencedora por A Favorita (2018) e indicada como coadjuvante por Meu Pai (2020).
Melhor ator
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King Richard: Criando Campeãs remete às duas indicações anteriores de Will Smith. Richard Williams é uma figura real como Muhammad Ali e Chris Gardner. A exemplo do boxeador de Ali (2001), faz do esporte uma arena para o combate ao racismo. A exemplo do pai desempregado de À Procura da Felicidade (2006), não mede esforços para que as filhas (as tenistas Venus e Serena Williams) tenham um futuro radiante. Com figurino (calções curtos e meias esportivas levantadas até o joelho) e sotaque singulares, o personagem permite ao ator de 53 anos exercitar qualidades que estavam adormecidas. Os traços psicológicos contribuem: Richard é obsessivo, teimoso e rigoroso. Já levou o Globo de Ouro, o SAG Awards, o Bafta e o Critic’s Choice.
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Eu votaria em Benedict Cumberbatch, de Ataque dos Cães. Na segunda indicação ao Oscar — disputou por O Jogo da Imitação (2014) —, o inglês de 45 anos assombra como um rude caubói, Phil Burbank. Equilibrando contenção física e uma voz tensa e ameaçadora, o ator mostra como a masculinidade tóxica pode destruir não só tudo o que toca, mas também ser nociva para seu portador. O Doutor Estranho da Marvel mergulhou a fundo. A ideia de adotar o famoso Método partiu da diretora Jane Campion: "Ela me apresentou à equipe de filmagem como Phil e disse: 'Vocês conhecerão Benedict no final. Benedict é muito legal. Phil é Phil'". Ele permaneceu no personagem durante as 12 semanas de produção. Ficava distante do resto do elenco, chegou a matar o banho por seis dias seguidos e em três ocasiões passou mal por fumar cigarros sem filtro.
Atriz coadjuvante
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Revelada em 2009 no reality show So You Think You Can Dance, a atriz, cantora e dançarina Ariana DeBose, 31 anos, participou de Hamilton (2020) e de A Festa de Formatura (2020). Filha de um porto-riquenho, ela é o destaque individual de Amor, Sublime Amor. Tanto nas cenas musicais quanto nos momentos mais dramáticos de sua personagem, Anita. Já ganhou o Globo de Ouro, o SAG Awards, o Bafta e o Critic's Choice.
Ator coadjuvante
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Surdo como seu personagem em No Ritmo do Coração, Troy Kotsur, 53 anos, nunca teve muitas oportunidades desde o início da carreira, em 2001. O papel do pai com um senso de humor peculiar, às vezes turrão e em outras terno, há de ser um divisor de águas. Venceu o Gotham, o SAG Awards, o Bafta e o Critic’s Choice.
Roteiro original
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Os quatro candidatos ao Oscar de melhor filme com tramas escritas diretamente para o cinema concorrem em roteiro original. Adam McKay e Tony Sirota, que assinam a comédia do negacionismo Não Olhe para Cima, venceram o prêmio do Sindicato dos Roteiristas dos EUA. Certamente, foi a história mais comentada na temporada.
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A lista se completa com o norueguês A Pior Pessoa do Mundo, meu preferido. Joachim Trier (diretor do filme) e Eskil Vogt subvertem as comédias românticas e fazem, em um prólogo, 12 capítulos e um epílogo, um provocador retrato dos millennials.
Roteiro adaptado
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A briga é boa. Siân Heder (No Ritmo do Coração) ganhou o troféu do Sindicato dos Roteiristas dos EUA, batendo Maggie Gyllenhaal, que transformou em filme os sentimentos conflitantes do livro A Filha Perdida, de Elena Ferrante. E não dá para desprezar a versão de Jane Campion para o romance Ataque dos Cães, de Thomas Savage.
Fotografia
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Entre as atribuições da direção de fotografia, estão a iluminação e o enquadramento de uma cena, além da movimentação da câmera e da escolha do tipo de lente. Só tem fera nesta categoria. Em sua segunda indicação (a anterior foi por Lion), o australiano Greig Fraser — o mesmo de Batman (2022) —, venceu com Duna o prêmio do sindicato. Também da Austrália, Ari Wegner (Ataque dos Cães) faz uma estreia promissora no Oscar — ela tem 38 anos.
O veterano da turma é o dinamarquês Dan Laustsen (O Beco do Pesadelo), 67, que disputou por A Forma da Água. O mais experiente na premiação é o polonês Janusz Kaminski (Amor, Sublime Amor), vencedor por A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan e concorrente por Amistad, O Escafandro e a Borboleta, Cavalo de Guerra e Lincoln. Se Wegner não ganhar, gostaria que o troféu ficasse com o francês Bruno Delbonnel (A Tragédia de Macbeth), antes indicado por O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Eterno Amor, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Inside Llewyn Davis e O Destino de uma Nação. É o único representante da arte de filmar em preto e branco.
Edição
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Sem edição — o trabalho de selecionar as imagens filmadas para juntá-las e montá-las em uma estrutura narrativa, que pode ser acelerada ou compassada, linear ou complexa... —, o cinema praticamente não existiria. Por isso, foi bola fora da Academia tirar a categoria do Oscar ao vivo. O sindicato dos editores premiou Pamela Martin (King Richard) na categoria de filme dramático e Myron Kerstein e Andrew Weisblum (Tick, Tick... Boom!) entre as comédias e musicais. Eu votaria em Joe Walker, que, por Duna, chegou à terceira indicação (as anteriores foram por 12 Anos de Escravidão e A Chegada). Os outros bons rivais são Peter Sciberras (Ataque dos Cães) e Hank Corwin (Não Olhe para Cima).
Design de produção
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O Oscar de design de produção premia a materialização de ideias, visões e conceitos dos roteiristas e diretores. Envolve a escolha de locações, a construção de cenários, o mobiliário e os objetos de decoração. A tendência é de que Duna, com seus mundos fantásticos que misturam o antigo ao futurista, concebidos pela equipe de Patrice Vermette, vença. Já ganhou o troféu do sindicato na categoria dos filmes de fantasia — O Beco do Pesadelo foi o premiado entre os filmes de época, derrotando o meu candidato: A Tragédia de Macbeth. Inspirada no Expressionismo Alemão, a cenografia minimalista de Stefan Dechant faz valorizar as atuações, e como apontou o crítico Marcelo Hessel, "Joel Coen esmaga na encenação a pretensa grandeza dos homens. Seu filme está cheio de momentos que apequenam os personagens, seja nos close-ups em grande angular, no tamanho desproporcional dos cenários, ou na solução claustrofóbica de conceber esses cenários como becos sem saída ou vias de mão única".
Figurinos
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Há duas figurinistas com larga experiência no Oscar. Jenny Beavan, de Cruella, soma 11 indicações e duas vitórias que ilustram versatilidade: Uma Janela para o Amor, em 1987, e Mad Max: Estrada da Fúria, em 2016. Jacqueline Durran, de Cyrano, também tem dois troféus — por Anna Karenina (2012) e Adoráveis Mulheres (2019) —, em oito indicações. Beavan já ganhou o Bafta e o prêmio do sindicato dos figurinistas em filmes de época. Jacqueline West e Robert Morgan, de Duna, venceram entre os títulos de fantasia e ficção científica.
Maquiagem e cabelos
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Um Príncipe em Nova York 2 ganhou três prêmios do sindicato da categoria: maquiagem contemporânea, efeitos especiais e penteados. Nos filmes de época, deu Cruella. Embora premiada no Bafta, a transformação de Jessica Chastain em Os Olhos de Tammy Faye pode ter virado o fio.
Som
No som, vou com os especialistas da área, da Cinema Audio Society, que elegeram Duna. Afinal, os efeitos sonoros são fundamentais para a imersão do espectador. Mas valorizo também o trabalho de Belfast.
Música original
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Meu coração e meus ouvidos estão divididos entre Jonny Greenwood, que, de forma sinistra e minimalista, sublinha os sentimentos de melancolia e de dissonância dos personagens de Ataque dos Cães em relação a seu entorno e aos papéis que deveriam desempenhar; e Hans Zimmer, que realça a sedução do mistério de Duna ao sintetizar elementos percussivos e uivos humanos, além de agregar instrumentos anacrônicos, como gaitas de foles, refletindo a fusão de futurismo e feudalismo inerente à obra de Frank Herbert. Deve dar Zimmer.
Canção original
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Nas canções, sempre dou preferência para aquelas efetivamente integradas à trama — em vez de aparecerem somente nos créditos. Ponto para a linda Dos Oruguitas, de Encanto. Mas eu poderia abrir exceção à envolvente No Time to Die (premiada no Globo de Ouro), que escutamos depois da eletrizante sequência de abertura do último 007 com Daniel Craig, Sem Tempo para Morrer.
Efeitos visuais
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Entendo que os efeitos visuais são bons quando atingem a ilusão da realidade. Isso elimina os artificiais (e escuros) Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. Os outros três filmes são bacanas no quesito. Votaria em Free Guy, por ter mais ação do que Duna e por ser mais pirado do que Sem Tempo para Morrer. Mas Free Guy nem concorreu ao prêmio do sindicato da categoria, que elegeu Duna.
Filme internacional
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Esta é uma das categorias sempre fortes no Oscar — aliás, bom seria que houvesse 10 candidatos, porque muitos títulos ótimos acabaram de fora. A tendência é de mais um triunfo do japonês Drive my Car, que já venceu o Globo de Ouro, o Bafta e o Critic's Choice com seus longos e belos diálogos sobre amor, sexo, perda, morte, culpa, inveja, segredos e arrependimentos. Mas não deixe de ver o norueguês A Pior Pessoa do Mundo, que acabou de estrear no Espaço Bourbon Country e no GNC Moinhos, em Porto Alegre, o italiano A Mão de Deus (seu diretor, Paolo Sorrentino, já tem um Oscar, por A Grande Beleza) e o representante do Butão, A Felicidade das Pequenas Coisas, ainda em cartaz nos cinemas e agora disponível na plataforma Belas Artes à La Carte. O dinamarquês Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar vai ser lançado no cinema, no dia 21 de abril.
Longa de animação
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Encanto tem tudo para ganhar o Oscar (menos o meu voto). É um título histórico na trajetória da Disney, o 60º longa do estúdio; fez sucesso de público, US$ 240,6 milhões, nada mal em tempos de pandemia e chegada rápida ao streaming; celebra a diversidade étnica e cultural — a trama se passa na Colômbia; já ganhou o Globo de Ouro, o Bafta e o PGA Awards.
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O meu predileto (e o do Critic's Choice) é A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, que tem crítica social (os vilões reforçam o alerta sobre nossa dependência em relação a dispositivos eletrônicos e às redes sociais e sobre a diabólica dobradinha entre comportamento consumista e obsolescência programada), aventura, drama e muitas piadas, tanto para os baixinhos quanto para os grandinhos (vide as citações musicais de Kill Bill).
Documentário
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Outra categoria fortíssima no Oscar. Surge como favorito Summer of Soul, que, como indica o subtítulo — (...ou Quando a Revolução Não Pôde Ser Televisionada) —, resgata um evento que havia sido apagado da memória "oficial". É o Harlem Cultural Festival, que, por seis finais de semana seguidos, em 1969, reuniu em um parque de Nova York grandes nomes da música negra: Stevie Wonder, Nina Simone, B.B. King, Sly & the Family Stone, Gladys Knight & The Pips, The 5th Dimension... O filme dirigido pelo produtor musical, DJ e jornalista Ahmir "Questlove" Thompson intercala os shows com depoimentos de artistas e de espectadores. Há uma narrativa brilhante que vai dando conta do contexto social, político e cultural, da luta contra o racismo, do papel do gospel ("Nós não vamos ao psiquiatra, nós vamos à igreja", diz um dos entrevistados) e da valorização das origens africanas. Ganhou dois troféus no Festival de Sundance, o Bafta de melhor documentário e o prêmio da categoria no PGA Awards.
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Mas eu não ficaria triste se o Oscar fosse para Ascensão, documentário observacional e impressionista de Jessica Kingdon sobre trabalho, consumo e lazer na China; ou para Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar, de Jonas Poher Rasmussen, uma animação em que um refugiado afegão na Dinamarca, prestes a se casar com seu companheiro, compartilha pela primeira vez os dramas de seu passado; ou ainda Escrevendo com Fogo, de Rintu Thomas e Sushmit Ghosh sobre jornalistas que enfrentam a cultura do estupro na Índia.
Curtas-metragens
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Só vi os documentais. Torço para Onde Eu Moro, que pode valer o primeiro Oscar para um brasileiro: o carioca Pedro Kos, que assina com o estadunidense Jon Shenk o humanizante curta sobre moradores de rua de Los Angeles, San Francisco e Seattle.
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Mas tendo a achar que vai dar Três Canções para Benazir, do casal afegão Elizabeth Mirzaei e Gulistan Mirzaei, por sua mistura de sensibilidade e concisão ao narrar a história de um jovem recém-casado que tenta entrar no exército para ter uma vida menos miserável. É lindo e arrasador.
Todos os indicados (e onde ver)
Melhor filme: Amor, Sublime Amor (Disney+), Ataque dos Cães (Netflix), O Beco do Pesadelo (Star+), Belfast (nos cinemas), Drive my Car (nos cinemas e a partir de 1º/4 no MUBI), Duna (HBO Max), King Richard: Criando Campeãs (HBO Max), Licorice Pizza (nos cinemas), Não Olhe para Cima (Netflix) e No Ritmo do Coração (Amazon Prime Video)
Direção: Paul Thomas Anderson, por Licorice Pizza, Kenneth Branagh, por Belfast, Jane Campion, por Ataque dos Cães, Ryûsuke Hamaguchi, por Drive my Car, e Steven Spielberg, por Amor, Sublime Amor
Atriz: Jessica Chastain, por Os Olhos de Tammy Faye (estreia em breve no Star+), Olivia Colman, por A Filha Perdida (Netflix), Penélope Cruz, por Mães Paralelas (Netflix), Nicole Kidman, por Apresentando os Ricardos (Amazon Prime Video), e Kristen Stewart, por Spencer (aluguel ou compra no Amazon Prime Video)
Ator: Javier Bardem, por Apresentando os Ricardos, Benedict Cumberbatch, por Ataque dos Cães, Andrew Garfield, por Tick, Tick... Boom! (Netflix), Will Smith, por King Richard: Criando Campeãs, e Denzel Washington, por A Tragédia de Macbeth (Apple TV+)
Atriz coadjuvante: Jessie Buckley, por A Filha Perdida, Ariana DeBose, por Amor, Sublime Amor, Judi Dench, por Belfast, Kirsten Dunst, por Ataque dos Cães, eAunjanue Ellis, por King Richard: Criando Campeãs
Ator coadjuvante: Ciarán Hinds, por Belfast, Troy Kotsur, por No Ritmo do Coração, Jesse Plemons, por Ataque dos Cães, J.K. Simmons, por Apresentando os Ricardos, e Kodi Smit-McPhee, por Ataque dos Cães
Roteiro original: Belfast, King Richard, Licorice Pizza, Não Olhe para Cima e A Pior Pessoa do Mundo (em cartaz nos cinemas)
Roteiro adaptado: Ataque dos Cães, Drive my Car, Duna, A Filha Perdida e No Ritmo do Coração
Fotografia: Amor, Sublime Amor, Ataque dos Cães, O Beco do Pesadelo, Duna e A Tragédia de Macbeth
Edição: Ataque dos Cães, Duna, King Richard, Não Olhe para Cima e Tick, Tick... Boom!
Design de produção: Amor, Sublime Amor, Ataque dos Cães, O Beco do Pesadelo, Duna e A Tragédia de Macbeth
Figurinos: Amor, Sublime Amor, O Beco do Pesadelo, Cruella, Cyrano e Duna
Maquiagem e cabelos: Casa Gucci, Cruella, Duna, Os Olhos de Tammy Faye e Um Príncipe em Nova York 2
Som: Amor, Sublime Amor, Ataque dos Cães, Belfast, Duna e 007: Sem Tempo Para Morrer (para aluguel ou compra em plataformas digitais)
Música original: Ataque dos Cães, Duna, Encanto (Disney+), Mães Paralelas e Não Olhe para Cima,
Canção original: Be Alive, de King Richard, Dos Oruguitas, de Encanto, Down to Joy, de Belfast, No Time to Die, de 007: Sem Tempo Para Morrer, e Somehow You Do, de Quatro Dias com Ela (Telecine)
Efeitos visuais: Duna, Free Guy: Assumindo o Controle (Star+), Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (para aluguel ou compra em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube), Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Disney+) e 007: Sem Tempo Para Morrer
Filme internacional: Drive My Car (Japão), A Felicidade das Pequenas Coisas (Butão, nos cinemas e na plataforma Belas Artes à La Carte), Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar (Dinamarca, estreia nos cinemas no dia 21/4), A Mão de Deus (Itália, Netflix) e A Pior Pessoa do Mundo (Noruega)
Documentário: Ascensão (Paramount+), Attica (sem previsão de estreia), Escrevendo com Fogo (Apple TV, Google Play e YouTube), Fuga e Summer of Soul (... ou Quando a Revolução Não Pode Ser Televisionada) (deve entrar em breve no Star+)
Longa de animação: Encanto, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (Netflix), Fuga, Luca (Disney+) e Raya e o Último Dragão (Disney+)
Documentário em curta-metragem: Audible (Netflix), Onde Eu Moro (Netflix), The Queen of Basketball, Três Canções para Benazir (Netflix) e When We Were Bullies
Curta de animação: Affairs of the Art, Bestia, Boxballet, Robin Robin e The Windshield Wiper
Curta de ficção: Ala Kachuu: Take and Run, The Dress, The Long Goodbye, On My Mind e Please Hold
Obs.: plataformas de streaming foram citadas apenas na primeira vez em que os filmes aparecem.