Porto Alegre já teve uma diversificada indústria de bens de consumo: fogões, geladeiras, ventiladores, aparelhos de ar-condicionado e outros eletrodomésticos. Em um prédio da Rua Voluntários da Pátria, a fábrica Teleunião S.A. produziu rádios, eletrolas e televisores. A empresa fechou, mas aparelhos estão preservados nas casas de famílias e colecionadores.
O jornal Diário de Notícias publicou, em 1959, que a indústria gaúcha empregava 300 pessoas e ocupava área de 5 mil metros quadrados. Pela reportagem, a firma foi fundada em 1950 "por grupo de capitalistas rio-grandenses, dentre os quais destacamos os srs. Werner Hunsche, Ernesto Herrmann, Antônio Chaves Barcellos, Paulo Fayet, Joseph Schuck Drecoll, Jorge Fayet e Alfredo Renner Filho". O diretor técnico era Tibor Ujvari, com passagem por indústrias da Hungria e Alemanha. Ferruccio Vio era o diretor comercial e administrativo, e João Nipper, gerente de vendas e publicidade.
Os rádios eram a especialidade da empresa. Na primeira década de operação, aumentou em cinco vezes a área da fábrica e conquistou a confiança do consumidor. No início, enfrentou falta de mão de obra qualificada, insuficiência de fornecedores e desconfiança do comércio do ramo. Desde o princípio, os fundadores apostaram na qualificação técnica da equipe, fazendo surgir a "qualidade Teleunião". Na fábrica, eram feitas peças e máquinas para a linha de produção. Em 1961, respondia por 20% da produção de rádios transistorizados no Brasil.
Três anos antes do início das transmissões da TV Piratini, inaugurada no final de 1959, a Teleunião começou a preparação para entrar no mercado de televisores. Os protótipos precisaram ser testados em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde o público já estava encantado com a novidade.
A empresa oferecia assistência técnica dos televisores em casa para os clientes em Porto Alegre. Em 1964, o Jornal do Dia apresentou a Teleunião como a mais antiga fábrica de eletrônicos do Estado, ocupando área de 8 mil metros quadrados. Nos laboratórios de pesquisa, engenheiros trabalhavam no novo rádio Transpolar, modelo portátil que seria lançado no mercado nacional. A equipe prometia melhorar o rendimento, dobrando a vida útil das pilhas.
Na enchente de 1965, a fábrica foi invadida pelo Guaíba. O prédio continua em pé na Rua Voluntários da Pátria, número 3.811, perto da Igreja Navegantes. Em 2024, novamente a área ficou inundada.
Parceira da alemã Siemens, a Teleunião consolidou as marcas Teleunião e Orbiphon. A empresa fechou as portas no início da década de 1970.
Conheça a história de indústrias do RS:
- Cervejaria Bopp
- Cervejaria Continental
- Cervejaria Polar
- Chocolate Neugebauer
- Companhia Fábrica de Vidros Sul-Brazileira
- Fábrica Rio Guahyba Fiação e Tecelagem
- Fogão Geral
- Fogão Wallig
- Fruki
- Gerdau
- Geladeira Steigleder
- Mercur
- Moinho Germani
- Pastelina
- Pepsi
- Renner
- Springer e o televisor Admiral
- Xalingo