Se tem um brinquedo que resistiu ao tempo e à tecnologia, são os bloquinhos coloridos de madeira da indústria gaúcha Xalingo. As icônicas peças já divertiram gerações. Montei cidades na infância e ajudei meus filhos a construírem as suas obras de engenharia. O segredo é a simplicidade e o estímulo à criatividade. Quem não tentou empilhar muitas peças, formando uma torre até todas tombarem? A diversão é ver todas espalhadas na mesa ou no chão
Com o nome Construtor, o brinquedo foi criado pela fábrica de Santa Cruz do Sul em 1956. A ideia foi de Norma Laura Baumhardt Minatto, então esposa de Ingo Ebert, um dos fundadores da Xalingo. Desenhando à mão, fez os protótipos na madeira. Na linha de produção, os bloquinhos ganhavam vida pintados em um processo de impressão manual, por serigrafia.
É impossível não associar os blocos com a Xalingo. O diretor-presidente da indústria, Rodrigo Ebert Harsteln, neto da criadora, brincou muito com a avó, montando cidades com os blocos.
— Ela gostava muito de viajar e observar a arquitetura. Eu tive a sorte de ter avós com uma fábrica de brinquedos, visitava a linha de produção - comenta Harsteln, recordando de Norma, que trabalhou na empresa até o ano 2000 e faleceu em 2013.
O nome da Xalingo surgiu da junção dos nomes dos fundadores: Xavier, Lindolfo e Ingo. Com o tempo, Ingo comprou a parte dos outros dois acionistas. Fundada em 1947, a fábrica começou produzindo utensílios em madeira para casa e escola. Da atual linha de 1,5 mil produtos, o tradicional apagador de quadro escolar está entre os mais antigos.
O clássico brinquedo Construtor foi renomeado, virando o Brincando de Engenheiro. Depois de seis décadas, os bloquinhos seguem o carro-chefe das vendas e estão na nova logomarca da indústria gaúcha. O brinquedo tem várias versões à venda, incluindo modelos para construir cenários de Londres e do Coliseu, de Roma.
Na indústria de Santa Cruz do Sul, são feitos os bloquinhos com madeira de pinus de reflorestamento. A pintura é realizada em máquina automatizada. A Xalingo exporta o Brincando de Engenheiro e outros produtos para 13 países.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)