A TV Piratini fazia as transmissões externas em um caminhão comprado nos Estados Unidos. Quando a emissora foi inaugurada, em 20 de dezembro de 1959, o veículo já estava em Porto Alegre. Inicialmente, sem videoteipe, toda a programação do Canal 5 era ao vivo.
Em 1960, por exemplo, a equipe de externas exibiu uma corajosa reportagem de Celestino Valenzuela, sentado sobre uma chapa de ferro, pendurado em cabo estendido entre o Edifício União e o terraço do novo prédio da prefeitura. Nas alturas, ele entrevistou o acrobata Peter Rehlinger, chefe do grupo "Suicidas do Espaço".
O Diário de Notícias publicou que foi "uma das mais arrojadas proezas da equipe de reportagens do Canal 5". O repórter descrevia o arriscado número, assistido por milhares de pessoas no Centro Histórico. A TV Piratini colocava as imagens e o áudio nas casas dos telespectadores.
Primeiro contratado pela emissora em Porto Alegre, o jornalista João Batista de Melo Filho recorda que o caminhão era usado em grandes coberturas na Capital e no interior do Estado, desde jogos de futebol até o concurso Miss Rio Grande do Sul.
— A TV foi inaugurada com os melhores equipamentos da época. Uma equipe permanente de sete a oito pessoas ficava no caminhão — recorda Batista Filho.
A TV Piratini pertencia ao grupo Diários e Emissoras Associados, de Assis Chateaubriand. Em 1980, encerrou atividades. O Canal 5 de Porto Alegre ficou com o SBT.
O veículo Ford, ano 1959, tem carroceria da empresa norte-americana Gerstenslager. Em 2014, o comerciante Basílio Tarrago comprou esta relíquia, que já estava sem a pintura original. O proprietário anterior transformou o veículo em motorhome.
— Quando era jovem, via o caminhão em uma oficina mecânica em frente ao Estádio Olímpico. Ficava encantado — relembra Tarrago.
O empresário deseja restaurar o veículo com a pintura da época da inauguração do Canal 5.