Eu lembro do nome Steigleder na porta da geladeira na casa da minha avó. Uma geladeira daquelas de porta pesada, com cantos arredondados. Um design muito bonito. Elas ainda podem ser encontradas na internet e lojas especializadas em produtos vintage. O restaurador Edegar Girardi, da Oficina da Geladeira, me contou que recupera de quatro a cinco unidades da marca todos os meses em Porto Alegre. Os clientes, normalmente, pedem para manter a bela estrutura original, substituindo o motor antigo por um moderno.
A tradicional indústria de Porto Alegre começou com uma carpintaria, de propriedade de Germano Steigleder Sobrinho. Um anúncio no jornal A Federação ofertava, em 1895, portas e janelas, garantindo "nitidez e perfeição no trabalho". A Carpintaria Porto-Alegrense já ficava na esquina da Rua Voluntários da Pátria com Rua Hoffmann. Em 1900, outra propaganda convidava para a Exposição Estadual com produtos de carpintaria. A fábrica já tinha telefone, de três dígitos.
Em 1916, outro comercial colocava em destaque os "frigoríficos" na lista de produtos da Steigleder. É assim que chamavam as estruturas para conservar alimentos na época. Uma propaganda de 1918, na revista Mascara, traz a imagem da "geladeira" da época. Na verdade, um móvel com espaço para guardar os produtos, conservados com gelo.
No livro Indústria de Ponta - Uma História da Industrialização do Rio Grande do Sul, Eduardo Bueno e Paula Taitelbaum contam que a partir de 1893 a empresa produziu uma caixa de madeira com recipiente para gelo. Com o tempo, Reynaldo Steigleder assumiu a empresa do pai e Archimimo Magnus de Souza, ex-varredor de serragem da fábrica, virou sócio no final dos anos 1920. Ele comprou a fábrica mais tarde. Claro, manteve a marca Steigleder, muito tradicional, e passou a produzir geladeiras elétricas a partir de 1950.
Como outras indústrias pioneiras de Porto Alegre, a Steigleder ficou no passado, mas está na memória de muitos gaúchos.
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