A Companhia Fábrica de Pregos Pontas de Paris ficava em um prédio no início da Rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre. Com 70 sócios fundadores, a empresa abriu em 1891. Industriais, comerciantes, fazendeiros e militares imaginavam que seria um bom negócio, produzindo pregos com matéria-prima importada. O trem passava em frente à fábrica e o Guaíba ficava nos fundos. A empresa começou bem, pagando dividendos no primeiro ano.
Sem apresentar os resultados esperados nos anos seguintes, foi liquidada e posta à venda em dezembro de 1900. O comprador foi João Gerdau, um imigrante alemão que chegara ao Brasil em 1869. Sem saber, ele estava comprando a fábrica de pregos daria origem a um grupo gigante do setor do aço.
Johannes Heinrich Kaspar Gerdau, que no Brasil virou João, se estabeleceu inicialmente com uma venda no Morro Pelado, em Agudo, na Região Central do Estado. Morou também em Cachoeira do Sul antes de se mudar com a família para Porto Alegre em 1893, por insistência da esposa Alvine Maria. O casal já tinha três filhos: Hugo, Walter e Bertha.
Em 16 de janeiro de 1901, João Gerdau adquiriu a fábrica "em perfeitas condições de funcionamento", como fizeram questão de anotar os antigos donos na ata da liquidação registrada na Junta Comercial. Ele logo passou o comando da firma ao filho mais velho, Hugo, que aos 25 anos recém retornara dos Estados Unidos. Em 1903, mudou a razão social para João Gerdau & Filho. Hugo tocava a fábrica e o pai continuou cuidando de projetos imobiliários no interior e outros negócios.
O arame usado para produção de pregos era importado da Europa e dos Estados Unidos. Chegava a Porto Alegre todo enferrujado, o que era uma dificuldade adicional. Depois de limpo, o arame entrava nas máquinas que produziam os pregos. Movido a lenha, o locomóvel garantia a energia necessária para o funcionamento das máquinas importadas.
Os produtos saíam por uma das portas laterais do prédio direto para as carroças, que faziam entrega na cidade. O transporte para outras cidades era feito por trem e, mais tarde, caminhões. Em 1922, a produção média foi de 80 toneladas por mês.
Aos poucos, os pregos Gerdau começaram a chegar também em outras regiões do Brasil, levados pelos navios da Companhia Nacional de Navegação Costeira. Com frequência, a fábrica precisava parar por dois ou três dias devido à falta da matéria-prima.
Por quase cinco décadas, a estrutura não passou por grandes mudanças. A eletrificação das máquinas veio só nos anos 1950 com a transferência da indústria da Rua Voluntários da Pátria para a Avenida Farrapos.
Os pregos ponta de Paris são finos, de cabeça redonda e chata. Chegaram a Porto Alegre em meados do século 19, junto com os perfumes e os tecidos franceses. A rua que ficava ao lado da fábrica ganhou o nome Pontas de Paris e, mais tarde, foi renomeada como Rua Garibaldi.
Os pequenos pregos foram o início do Grupo Gerdau, um dos maiores produtores de aço do mundo.
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