
O zagueiro Airton Ferreira da Silva, o Airton Pavilhão, inflacionou o futebol gaúcho em 1960. Cobiçado por clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo, aceitou a renovação de contrato com o Grêmio. O clube ofereceu uma casa, um automóvel DKW e remuneração de Cr$ 80 mil por mês, equivalente a 16 salários mínimos da época.
A Revista do Globo citou que era "um dos ordenados mais caros de toda a história do futebol brasileiro". Somando tudo, a remuneração do contrato chegava a Cr$ 140 mil por mês — corrigido pelo Índice Geral de Preços (IGP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), esse valor seria equivalente a R$ 53.180,20.
O jogador estreou no Grêmio em 1954. O apelido surgiu após a negociação com o Força e Luz, porque o tricolor entregou o velho pavilhão do Estádio da Baixada como parte do pagamento pelo atleta.
Desde a conquista da Copa do Mundo de 1958, os jogadores do Brasil estavam mais valorizados. Em 1959, o jornalista Walter Galvani escreveu na Revista do Globo que, "em sua paixão desenfreada pelo futebol, o brasileiro valorizou a bola, o calção e as chuteiras muito mais do que o diploma".
Os melhores jogadores recebiam de Cr$ 40 mil a Cr$ 50 mil por mês. Para efeito de comparação, a maior remuneração de um engenheiro no serviço público chegava a Cr$ 17 mil. O salário mínimo era regionalizado na época. Em Porto Alegre, era Cr$ 5 mil.
Um plantel de primeira linha custava de Cr$ 700 mil e Cr$ 800 mil. No Estado, a maioria dos jogadores recebia até Cr$ 20 mil, além das luvas. Pela conquista do campeonato gaúcho de 1959, o técnico gremista Oswaldo Rolla, o Foguinho, ganhou um automóvel no valor de Cr$ 538 mil. O salário do técnico do Inter, Sylvio Pirillo, era Cr$ 40 mil por mês.
Airton Pavilhão jogou no Grêmio até 1967. O lendário zagueiro morreu em 2012, aos 77 anos. O salário extraordinário de 1960 é uma mixaria no futebol de 2025.