A Casa Krahe foi sinônimo de elegância e de produtos de qualidade. A loja era um dos principais pontos da Rua dos Andradas, em Porto Alegre. Oferecia uma variedade de produtos, desde louças de porcelana e lustres até brinquedos e roupas. A empresa começou vendendo livros e artigos de papelaria.
No final do século 19, o alemão João Fernando Krahe virou sócio de Adolfo Henrique Gundlach em uma livraria da Rua da Praia, a Gundlach & Krahe. Em 1900, após mudança na sociedade, a firma trocou o nome para Krahe & Cia. Em pouco tempo, diversificou o comércio, oferecendo outros produtos importados.
O fundador morreu em 1938, aos 66 anos. A administração da loja passou para os filhos João Geraldo e Rolf e o genro Otto Klepzig. Rolf fazia as bonitas vitrines, especialmente na Páscoa e no Natal.
A loja foi destruída nos atos de fúria de brasileiros contra estabelecimentos de alemães em agosto de 1942, na Segunda Guerra Mundial. O aposentado João Fernando Krahe Neto, neto do fundador e filho de Rolf, lembra da quebradeira. Naquele dia, o menino de seis anos estava no Centro para uma consulta no dentista.
— Não saiu da minha memória um homem jogando bonecas contra os lustres da loja — recorda Krahe Neto.
Desde o tempo da livraria, a Casa Krahe ocupava o mesmo prédio da Rua dos Andradas, número 1.519. Na década de 1950, foram executadas obras de ampliação. No térreo, ficou o inesquecível barzinho, que oferecia lanches, refrigerantes e sorvetes.
— A mistura de Coca-Cola e duas bolas de sorvete, chamada de Moreninha, era a preferida dos clientes — conta Krahe Neto.

O neto do fundador é guardião de uma relíquia, o álbum de fotos da Casa Krahe, vendida pela família em 1969. O tradicional bazar fechou as portas na década de 1980. No Edifício Krahe, está em atividade hoje uma loja de cosméticos.
