A Casa Louro foi sinônimo de elegância para mulheres em Porto Alegre. A loja de roupas, calçados e acessórios ocupou de 1960 a 1976 a esquina mais movimentada da cidade, na Rua dos Andradas com a Avenida Borges de Medeiros. As decoradas e iluminadas vitrines eram ponto de parada.
A icônica loja sempre foi preocupada em oferecer às gaúchas as novidades da moda na Europa e nos Estados Unidos. Em concorridos desfiles, apresentava as roupas. As sacolas com estampa xadrez e a rosa vermelha eram inconfundíveis nas mãos das clientes que caminhavam pelas calçadas do Centro Histórico.
O sucesso da Casa Louro é creditado ao pioneirismo do comerciante João Sondermann. Em 1960, ele comprou a Casa Cecilia Louro, fundada pela modista Cecilia Louro em 1922. Sondermann ficou com o concorrido ponto, trocando o nome para Casa Louro. Em uma época sem os shoppings centers, a Rua da Praia era o principal ponto do varejo na cidade.
O alemão Hans Sondermann, que no Brasil virou João, nasceu em 1913. Fugindo da perseguição nazista, a família judia chegou em 1938 ao Uruguai. Na América, Sondermann conheceu e se casou com a judia austríaca Lisl (Alice, no Brasil), com quem teve um filho e duas filhas. A família veio a Porto Alegre em 1954. Na loja Esquina Modas, ele foi gerente antes de abrir o próprio comércio.
No livro Porto Alegre na vitrine: memória do comércio varejista da capital gaúcha, Eduardo Bueno revela que, "comerciante nato, o novo proprietário colocou em prática técnicas de marketing e de fidelização de clientes". Sondermann criou slogans que marcaram época, como "Presença da moda internacional em Porto Alegre" e "Casa Louro: onde o bom gosto não custa mais".
O empresário Ricardo Sondermann lembra que o pai estava à frente do seu tempo. Com ajuda de um amigo que era piloto da Varig, recebia ainda no domingo a edição dominical do jornal The New York Times. Nas páginas da publicação norte-americana, buscava inspiração para ações de marketing. O comerciante e a compradora da loja, Elsi Guimarães, também inovavam nos pedidos exclusivos para a indústria, não se contentando com o catálogo das coleções prontas para o comércio. A funcionária era enviada à Europa para buscar novidades para desenvolvimento de peças no Brasil.
A empresa chegou a ter 200 funcionários. Em 1975, sem sucessor, ele vendeu a loja para a gigante C&A. A multinacional usou a marca Casa Louro até 1976, mesmo ano da morte de Sondermann. Depois de dez anos, o filho fez novo registro da marca, que caducara.
No início dos anos 2000, a Casa Louro voltou com o empresário Sérgio Galbinski, que abriu lojas nos shoppings Moinhos e Iguatemi. Ele recorda que disponibilizou um livro de depoimentos para clientes antigas. Gotas de lágrimas ficaram nas folhas, mostrando as boas lembranças. Atualmente, as vendas são apenas on-line.
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