A J.H. Santos é daquelas empresas que fechou as portas, mas continua na memória dos consumidores. Talvez, foi o primeiro crediário de muitos gaúchos. A rede de lojas teve a falência decretada em 1997, encerrando uma história de 82 anos marcada por pioneirismo, expansão, acidentes aéreos e derrocada.
Em 1915, o jovem José Honorato Santos usou as iniciais do seu nome e o sobrenome da família quando abriu um comércio de couros na Rua Dr. Flores, no Centro de Porto Alegre. Ele administrou a J.H. Santos por 35 anos. Em 1950, o filho Fábio Araújo Santos assumiu a empresa e ampliou a linha de produtos. A loja passou a vender também móveis e itens de decoração.
A década de 1960 foi marcada pelo crescimento da empresa. Em 1963, abriu a primeira filial na Avenida Presidente Roosevelt, na zona norte da capital. A expansão pelo interior começou com a abertura, quatro anos depois, da unidade em Uruguaiana. A loja da Dr. Flores ficou maior e passou a comercializar eletrodomésticos. Um objeto de desejo das famílias na época, o televisor, impulsionou as vendas.
A J.H. Santos inaugurou a loja de Caxias do Sul em 1970, quando comemorava 55 anos. A abertura do capital da empresa no ano seguinte ajudou na expansão da rede, que virou o maior anunciante do Rio Grande do Sul. Com investimento alto em publicidade, contratou nomes como Jô Soares para comerciais de TV. Ele foi a estrela da tradicional promoção "Barbadíssimas J.H. Santos".
Em 1981, a rede estava com 59 lojas quando foi impactada por duas tragédias aéreas no dia 23 de setembro, antes da festa de inauguração da primeira filial em Santa Catarina. O diretor-presidente Fábio Araújo Santos, filho do fundador, morreu no acidente com avião que tentava pousar em Concórdia, com condições meteorológicas adversas. Morreram também o secretário de Indústria e Comércio do Rio Grande do Sul, Antônio Carlos Berta, e o diretor da agência de publicidade MPM, Adão Juvenal de Souza. Poucos minutos depois, outro avião caiu a 50 quilômetros de distância, matando Félix Araújo Santos, irmão de Fábio. Nove pessoas morreram e duas sobreviveram nos dois acidentes aéreos.
Mesmo com as tragédias, a J.H. Santos seguiu até os anos 1990, quando entrou em declínio. As filiais foram fechando até a falência ser decretada em junho de 1997. O Ponto Frio arrematou em leilão judicial 21 pontos de venda da empresa gaúcha. Outras 15 ficaram com as Lojas Arno.
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