Se a seringa com agulha fina já deixa muitas pessoas com medo, imagine como era a vacinação antigamente. A pena, também conhecida por estilete, foi um instrumento muito usado entre o final do século 19 e as primeiras décadas do século 20, ganhando popularidade nas campanhas contra varíola. Um médico militar francês inventou a lanceta de metal, inspirado na pena de escrever. Dr. Mareschal queria vacinar de modo rápido e eficaz centenas de soldados contra a varíola.
As penas eram usadas no Brasil quando estourou a Revolta da Vacina, em 1904, no Rio de Janeiro. A lanceta era símbolo da campanha de imunização contra a varíola. O Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul tem no acervo as temidas penas.
A lanceta de metal tinha formato de flecha, que geralmente era encaixada em um cabo de madeira ou de metal, que servia como empunhadura. A pena era utilizada para perfurar a pele, a vacina era colocada sobre a lâmina e inserida através deste pequeno corte superficial. Com a inserção do líquido, ocorria a imunização.
As penas, por serem de metal, geralmente eram higienizadas e esterilizadas após o uso. Uma das técnicas era com o fogo, aquecendo a ponta da pena. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil, o Serviço de Vacinação do Departamento Nacional de Saúde Pública utilizava o estilete individual Jenner do dr. Mareschal nº 4. A técnica de vacinação na década de 1920 sugeria duas incisões lineares no terço superior do braço esquerdo, sendo uma incisão para cada inoculação da vacina da varíola. A operação durava, em média, dez minutos por paciente.
Com os avanços da ciência e o desenvolvimento da indústria de instrumentos médicos, as penas saíram de uso gradativamente. As campanhas passaram a usar, por exemplo, seringas de vidro, pistola de ar comprimido e as atuais seringas com agulhas descartáveis.
O Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul está aberto a visitações em Porto Alegre com agendamento, que deve ser realizado pelo email: aamuhm@aamuhm.org.br. No site do MUHM, é possível conferir exposições virtuais e informações do acervo.
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