O bairro Azenha tem a maior concentração de cemitérios de Porto Alegre. O mais antigo é o da Santa Casa, que teve o primeiro enterro em 6 de abril de 1850. A nova necrópole, a primeira fora dos muros da cidade, foi criada no governo do então Conde de Caxias, presidente da província do Rio Grande do Sul. O velho cemitério atrás da Igreja Matriz gerava reclamações antes mesmo do início da Revolução Farroupilha. Ele ficava onde está hoje a Cúria Metropolitana, na Rua Espírito Santo, conhecida na época como Beco do Cemitério.
No relatório das ações de governo em 1846, Conde de Caxias (depois virou Barão e Duque de Caxias) fez um detalhado relato sobre as condições do cemitério, classificando como "pouco decente" a forma como enterravam os mortos. A área era aberta, com sepulturas em ruínas, servindo para pastagem de animais. O local era pequeno e "apinhado" de cadáveres, com mau cheiro em dias de calor. O presidente da província escreveu que várias vezes corpos de escravos ficaram na porta da sacristia, atraindo "cães errantes". A preocupação era clara, com questões sanitárias e a forma como tratavam dos mortos.
Para acabar com o problema, a Santa Casa foi incumbida de construir o novo cemitério. O Alto da Azenha foi escolhido. A região rural tinha poucas casas. Ali, passava a Estrada de Belém, atual Avenida Professor Oscar Pereira.
Em 1850, quando a Azenha começou a receber sepultamentos, o presidente da província era José Antônio Pimenta Bueno. No relatório anual de governo, escreveu que o cemitério da Santa Casa estava prestando valiosos serviços. Ele proibiu novos enterros atrás da Igreja Matriz ou qualquer lugar dentro dos muros da cidade, descrevendo também as péssimas condições do velho cemitério, com "cães descobrindo cadáveres". Pimenta Leite, no entanto, reclamou que o novo, no Alto da Azenha, foi posto a uma grande distância da cidade, sem pensar nos meios de chegar até lá. A lomba era "quase inacessível" para as carroças. Em função desta dificuldade, lamentou que não tenham escolhido um terreno na região dos Moinhos de Vento.
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