A Praça da Alfândega é a mais importante de Porto Alegre. Naquela região do atual Centro Histórico, os casais açorianos se acomodaram na segunda metade do século 18. É lá que Porto Alegre nasceu. Hoje, a praça é da Feira do Livro, dos jacarandás, dos museus, do jogo de damas e da agitação de uma metrópole. Ela já foi praça da Quitanda, Alfândega e Senador Florêncio, até voltar a ser da Alfândega.
O primeiro nome foi Praça da Quitanda, numa referência à venda de produtos no local. Com o cais naquele ponto, mercadorias chegavam e saíam do povoado. O viajante francês Auguste de Saint-Hilaire descreveu, em 1820, que na Rua da Praia, próximo ao cais, ficava o mercado, onde negros vendiam laranjas, amendoim, carne seca, lenha e hortaliças. No mesmo ano, os quitandeiros foram comunicados que seriam removidos para a Praça do Paraíso, atual Praça XV de Novembro. O motivo foi a construção do prédio da Alfândega, que daria a nova denominação para o local. O novo imóvel ficou junto ao Guaíba, na altura da atual Rua Sete de Setembro. A região era muito suja, com descartes de resíduos.
No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco relata que o ambiente começou a melhorar no final da década de 1850, quando um paredão de pedra, com escadaria, foi construído junto ao Guaíba. Em 1866, foi aprovado o plantio de árvores e a praça também ganhou chafariz com água potável. Moradores das redondezas receberam autorização para cuidar do espaço dois anos depois. Aos poucos, a área passou a ser um jardim público.
Em 1883, a Câmara Municipal mudou o nome para Praça Senador Florêncio, em homenagem ao político falecido dois anos antes. As maiores transformações vieram a partir de 1912, com a demolição do velho prédio da Alfândega. A região foi aterrada, avançando aproximadamente cem metros sobre o Guaíba. Um projeto paisagístico contemplou o plantio de árvores, como as palmeiras-da-Califórnia, no caminho até o cais, e os famosos jacarandás.
A região acompanhou o crescimento da cidade, sendo cenário da história de diferentes gerações. A Feira do Livro começou em 1955 e virou atração anual. Em 1979, a Câmara Municipal unificou as praças Senador Florêncio e Barão do Rio Branco, incorporando parte da Rua Sete de Setembro. Os vereadores devolveram ao local o nome Praça da Alfândega.
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