A história da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul nos faz voltar à Revolução Farroupilha. O presidente da República Rio-Grandense, Bento Gonçalves da Silva, assinou o decreto de criação em 28 de fevereiro de 1843. Alegrete era a capital dos farroupilhas. O jornal Estrella do Sul publicou o decreto na edição de 4 de março de 1843.
Pelo texto, a Assembleia Constituinte e Legislativa autorizou a extração de loterias a cada seis meses, para arrecadar 20 contos de réis. O objetivo era cobrir gastos dos hospitais militares. A guerra contra o Império do Brasil já durava oito anos.
O conflito na província terminou em 1845. A loteria continuou ajudando na arrecadação de governos e entidades assistenciais até 2004. As propagandas no jornal A Federação (veja acima) mostram que 75% do valor arrecadado era destinado para os prêmios no início do século 20. Em decreto de 26 de outubro de 2021, a loteria estadual foi recriada pelo governador Eduardo Leite.
A loteria criada pelo governo farroupilha não foi a primeira da província. No livro História de Porto Alegre, Francisco Riopardense de Macedo conta que, no final de 1825, vereadores da cidade trataram da criação de loteria anual para bancar despesas com menores abandonados. A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre também recebeu autorização do governo imperial para extração de dez loterias. A primeira correu em abril de 1828. O hospital realizou outras até 1835, quando a Capital foi invadida pelos farroupilhas. No livro Santa Casa 200 anos - caridade e ciência, Sérgio da Costa Franco e Ivo Stigger lembram que o regime monárquico usava este instrumento para subsidiar obras de caridade e construção de igrejas, com reserva de um prêmio de 12% para o organizador.
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