A Companhia Geral de Indústrias já fechou as portas, mas os fogões continuam em muitas casas. A fábrica os produziu para uma vida longa. A marca Geral continua estampada ainda em produtos, principalmente a lenha, que guardam uma importante parte da história do setor industrial gaúcho.
Muito antes de fabricar fogões, em 1914, Hugo Gerdau - um dos filhos do fundador do Grupo Gerdau - unificou três indústrias de fósforos: Manoel Valente da Costa Leite, João Aydos & Cia. e Jung Secco & Cia.. Com grupo de acionistas de vários municípios, a primeira sede ficou em São Leopoldo. Além de fósforos, produziram pregos Ponta de Paris, o mesmo tipo que Hugo já fazia na fábrica João Gerdau & Filhos, em Porto Alegre.
A Companhia Geral de Indústrias deixou o Vale do Sinos em 1930 para se estabelecer na Avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre, onde também faria parafusos, porcas, rebites e arruelas. Waldomiro Schapke e Armando de Brito assumiram a direção quatro anos depois. Surgiram as sessões de dobradiças e, finalmente, fogões industriais. Inicialmente, a Geral atendeu hospitais, quartéis, hotéis e escolas.
O depósito para exposição de produtos ficava no Edifício Ely, no centro da capital gaúcha. Em 1936, a Geral produziu o fogão "centenário", especialmente projetado para o Hospital Centenário, de São Leopoldo. Ele tinha três metros de frente, por um metro de fundo, com 80 centímetros de altura. Com orgulho, apresentava o produto em anúncios nos jornais.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a família Gerdau deixou a Geral, ficando Schapke como principal acionista. A linha de fogões cresceu e os prédios foram ampliados. Em 1966, a indústria fez nova mudança, construindo grande fábrica em Guaíba. Concorria com outra marca gaúcha, a Wallig.
Como Eduardo Bueno e Paula Taitelbaum resumem no livro Indústria de Ponta - Uma História da Industrialização do Rio Grande do Sul, a indústria de fogões viveu o auge e a falência no novo endereço. Em crise, teve a falência decretada duas vezes, sendo a última em 16 de outubro de 2001.
Ex-funcionários chegaram a criar uma cooperativa, a Geralcoop, que manteve a produção de fogões por mais alguns anos.
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