A Fruki Bebidas completa cem anos com produtos que estão na memória dos gaúchos. Como esquecer do refrigerante Laranjinha? O guaraná na garrafa de vidro é um clássico. A indústria também voltou ao mercado de cervejas, com a marca Bellavista, uma reconexão com a origem. O filho e neto de imigrantes alemães Emílio Kirst abriu uma pequena fábrica de bebidas em 1924, no interior de Arroio do Meio, que pertencia a Lajeado.
Depois de trabalhar na roça e como construtor, Kirst decidiu criar um hospital para tratamento de saúde a base de banhos. O Sanatório Bella Vista, nome escolhido pela lida paisagem da região, foi inaugurado em 1922. O negócio durou pouco tempo, mas o prédio e a ótima água deram origem à empresa que comemora o centenário em 29 de abril.
Depois de reforma do pequeno hospital, ao lado da casa da família, começou a produção de bebidas. No início da Kirst & Cia., todo trabalho era manual, desde lavagem de garrafas até o engarrafamento e a rotulagem. Por consequência, conseguiam uma baixa produção diária, apenas 200 garrafas de gasosa, um tipo de refrigerante feito artesanalmente. As informações para produção de cerveja foram retiradas de livro em alemão de 1875, impresso em Leipzig, guardado pela família até hoje.
A produção era distribuída no Vale do Taquari em carroças. A marca das bebidas, a Bella Vista, passou a denominar a localidade, que virou o atual bairro Bela Vista, em Arroio do Meio. Em uma propaganda publicada em almanaque de 1932, fica clara a evolução da produção. A família Kirst já fazia "cerveja preta e branca, cerveja de inverno, limonada, gasosa, guaraná, água tônica e laranjada".
Os irmãos Albano, Bruno e Walter tocaram sozinhos a empresa depois da morte do pai, Emílio, em 1940, até a entrada do cunhado Theobaldo Eggers na sociedade. Outros sócios chegariam depois.
Um momento marcante da história da firma foi em 1949, quando o empresário Arno Vontobel, proprietário de fábrica de doces em Porto Alegre, buscou os Kirst como parceiros para lançar o refrigerante Laranjinha. O produto foi um sucesso entre os consumidores.
Depois da compra de terreno e obra às margens da BR-386, a empresa foi transferida para Lajeado em 1971. Além da nova fábrica, nasceu a nova marca, a Fruki, com refrigerantes sabores guaraná, laranja e limão.
Como surgiu o nome? O arquiteto Noberto Bozzetti, que desenvolvia logomarcas e rótulos dos novos produtos, apresentou várias sugestões. O atual presidente do Conselho de Administração da Fruki Bebidas, Nelson Eggers, lembra que gostou da opção "Fruk", mas sugeriu a inclusão do "i" no final, padronizando a pronúncia dos futuros consumidores. A marca juntou a palavra "fruta" ao sobrenome "Kirst".
O guaraná foi o carro-chefe da nova marca. A única alteração na fórmula desenvolvida em 1971 ocorreu em 2021, quando foi reduzido o açúcar adicionado, mas sem mudar a percepção sensorial. Em Lajeado, a empresa encontrou espaço para crescer. Em 1974, montou a primeira linha de engarrafamento mecanizada.
O primeiro prédio da Fruki foi transferido de Arroio do Meio para o Parque Histórico de Lajeado, onde preserva objetos históricos da empresa. No momento, a casa está em manutenção, sem visitas.
A Fruki voltou ao mercado de cerveja em 2018, lançando a marca Bellavista. A indústria chega ao centenário com mil funcionários e mais de cem produtos. A produção soma 620 milhões de litros por ano para atender aos 30 mil clientes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Além da unidade de Lajeado, desde dezembro de 2023, a empresa produz refrigerantes e água mineral na nova fábrica de Paverama. A diretora-presidente, Aline Eggers Bagatini, é a quarta geração da família no comando da empresa.