A Pastelina está presente na memória afetiva do consumidor gaúcho. Depois de 75 anos restrita ao mercado do Rio Grande do Sul, acaba de chegar a Santa Catarina. Uma marca que é sinônimo do produto, a massa folhada frita. Mesmo tão presente nas gôndolas, a história da Pastelina é conhecida por poucos.
Em busca de respostas, fui à fábrica no bairro Floresta, em Porto Alegre. Quando cheguei à Rua Comendador Coruja, até pensei que estava no local errado. A fachada do prédio, ocupado há décadas pela empresa, não tem qualquer identificação da marca. O cheirinho de fritura no ar, no entanto, indicou que a localização estava correta. No escritório, fui recebido pelo diretor-presidente, Augusto Nogueira, e pelo diretor comercial, Marcelo Gonçalves, que contaram o que sabem sobre a trajetória da Pastelina.
Em 1947, o salgadinho começou a ser fabricado artesanalmente em Porto Alegre. A receita é a mesma até hoje, com quatro ingredientes: farinha de trigo, sal, água e óleo vegetal. A embalagem, nas cores verde, amarela e vermelha, também resistiu ao tempo e virou a identidade do salgadinho.
Com a filha de um ex-funcionário, Marcelo Gonçalves descobriu que os fundadores foram Joaquim Augusto Pinto Alves, Gabriel Alves, Leonel Antonio Frare e Maria Rosa Moraes. A firma Produtos Alimentícios Pastelina Ltda. só foi constituída em 1961.
No arquivo da empresa, não foram preservadas fotos do período dos fundadores. Ninguém sabe desde quando funciona naquele local. Em 1992, Augusto Nogueira comprou a fábrica de Joaquim. O atual proprietário lembra que a marca já era tradicional, mas o mercado consumidor ficava limitado a Porto Alegre, Região Metropolitana e Serra.
Sem sair do prédio do bairro Floresta, a produção cresceu com a modernização dos equipamentos. Com um único produto fabricado, o diretor-presidente admite que resistiu às tentativas de grandes indústrias comprarem a marca e o segredo da receita. Outros concorrentes fizeram as suas versões do salgadinho folhado.
Os pacotinhos podem ser encontrados em quase todo Rio Grande do Sul. Além das redes de supermercados, a distribuição é feita em 10 mil pontos de varejo. Os vendedores mantêm o velho método da pronta-entrega, visitando os clientes já com a mercadoria no veículo.
A empresa com 20 funcionários produz 25 mil pacotes de 100 gramas por dia. O depósito é pequeno. A mercadoria não fica parada na indústria, sendo levada quase imediatamente aos revendedores. Em breve, a fritadeira manual será substituída por outra automatizada. O investimento faz parte de plano de expansão.
Nogueira explica que a fábrica sempre foi muito pequena e a opção é crescer com passos seguros, mantendo o padrão de qualidade e a tradição. Depois de tanto tempo produzindo apenas a Pastelina tradicional, a empresa promete novidades em breve. A nova linha terá Pastelina integral, queijo, bacon e cebola com salsa.