A cerveja Polar, uma das marcas da gigante Ambev, é orgulho de Estrela, no Vale do Taquari. A cervejaria da cidade já foi uma das mais importantes do Brasil. Na década de 1980, chegou a ter mil empregados. A história começou em 10 de outubro de 1912, quando fundaram a Sociedade em Comandita Júlio Diehl & Cia. Depois da chamada de capital, fizeram o primeiro depósito no extinto Banco Pelotense. Com os recursos, compraram três terrenos nas margens do Rio Taquari, onde a fábrica cresceria nas décadas seguintes.
A empresa Júlio Diehl & Cia foi oficialmente registrada em 16 de abril de 1914. A cerveja Aurora foi uma das primeiras marcas. Nos primeiros tempos, a produção usava a água do rio. O coordenador do Memorial de Estrela, Airton Engster dos Santos, lembra que em 1925 abriram um poço artesiano, de onde jorrou a água que daria fama à cerveja da cidade.
Com o tempo, a cervejaria mudou de donos e de nome. A Kortz, Dexheimer & Cia foi sucedida por Luiz I. Mussnich. Após o falecimento do proprietário em 1935, passou a denominar-se Viúva Luiz I. Mussnich.
O ano de 1945 foi importante para a empresa, que já usava a razão social Cervejaria Estrela S/A. Ela acabou incorporada por um grupo de santa-cruzenses, liderados por Jean Hanquet. Os novos donos a renomearam como Polar S/A, criando a marca de cerveja e chope Polar.
A matriz ficou em Santa Cruz do Sul, mas a cervejaria permaneceu sempre em Estrela. A fábrica produzia refrigerantes e cervejas. A maltaria operava em Guaporé. Em um anúncio de 1957, a Polar destacou a produção da Cerveja Estrela, da Casco Escuro, de bocks e malzbier.
Airton Engster dos Santos conta outro episódio importante da década de 1950. Depois de uma viagem à Alemanha, inspirado no vidro de remédios, um cervejeiro decidiu apostar no casco escuro, que a empresa orgulhosamente apresentava como o primeiro do Brasil, copiado por concorrentes. No aniversário de 50 anos, em 1962, comercial da cerveja marca "Casco Escuro" destacou que a "Polar criou, a nação inteira consagrou". Em 1970, com o tricampeonato do Brasil no México, surgiu a garrafa gorduchinha da Polar.
Em 1972, a cervejaria gaúcha foi comprada pela Companhia Antarctica Paulista, que ampliaria muito a produção em Estrela. Depois de quase três décadas de controle dos paulistas, a Antarctica acertaria a fusão com a Brahma, efetivada no ano 2000. O fim da cervejaria em Estrela era questão de tempo.
Em um processo gradual de esvaziamento da fábrica, a operação foi encerrada em 2006. Os prédios foram adquiridos pela prefeitura de Estrela e pela iniciativa privada. As ruas entre os pavilhões, antes restritas à operação da empresa, ficaram abertas para circulação de pedestres e veículos.
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