A morte de seis pacientes de covid-19 entubados, supostamente asfixiados por interrupção no fornecimento de oxigênio no Hospital Lauro Reus, de Campo Bom, é a mais grave de uma série de controvérsias que marcam a trajetória da gestora daquela casa de saúde, a Associação Beneficente São Miguel (ABSM).
Criada em 2017, a entidade se especializou em assumir serviços de saúde terceirizados, sobretudo os que estão em crise. Desde então, acumula processos na Justiça. Tem ao menos 416 títulos protestados por inadimplência e enfrenta pendências em Porto Alegre, Canoas, Gramado e em Campo Bom.
No município do Vale do Sinos, além de centenas de cobranças de dívidas, feitas principalmente por fornecedores de material hospitalar e ex-funcionários do hospital, a ABSM está na mira de quatro investigações: criminais (da Polícia Civil e do Ministério Público estadual), por improbidade (do Ministério Público Federal) e de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara de vereadores, que examina os contratos da entidade e as falhas que podem ter levado à morte dos seis pacientes.
Nesta semana, o GDI divulgou com exclusividade apontamentos do relatório preliminar da auditoria da Secretaria Estadual da Saúde. A apuração apontou que, no dia das mortes, faltou oxigênio no tanque principal do hospital e que o sistema reserva demorou para funcionar. Por isso, pacientes entubados ficaram sem receber ar.
Em Canoas, a ABSM é cobrada por débitos de R$ 25 milhões e falhas na prestação de serviços no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG). Em Porto Alegre, a entidade responde ação por não pagar o aluguel de espaços para o Hospital Parque Belém (que segue fechado apesar da promessa da gestora de reabrir). O valor atualizado chega a R$ 1 milhão.
Ainda na Capital, a associação está à frente do debilitado Hospital Beneficência Portuguesa e enredada com dívidas que superam os R$ 150 milhões, a maior parte herdada da antiga administração. Por transferir equipamentos do Beneficência para o HNSG de Canoas, está sob investigação da Polícia Federal (PF).
Em Gramado, o questionamento judicial é por uso indevido do endereço de um hospital. A entidade é ainda alvo de investigação sigilosa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco – Núcleo Saúde) do Ministério Público Estadual.
É o que detalha o Grupo de Investigação da RBS (GDI), nesta reportagem especial. Veja abaixo: