A morte de seis pacientes do Hospital Lauro Reus, de Campo Bom, virou tema de comissão parlamentar de inquérito (CPI). As mortes, ocorridas em 19 de março, teriam sido ocasionadas por falha no sistema de distribuição de oxigênio às máquinas de respiração. Todas as vítimas eram doentes de covid-19.
A CPI foi aberta pela Câmara de Vereadores três dias após as mortes e ainda está em fase de intimação de testemunhas e agenda. Os primeiros depoimentos devem ser tomados na próxima quarta-feira (14). Serão ouvidos funcionários do hospital, operadores do sistema de oxigênio (que tinha monitoramento a distância, operado pelos fornecedores) e familiares de vítimas.
O presidente da CPI, vereador Jerri Moraes (MDB), informa que o ritmo ainda não é intenso pela delicadeza do tema abordado, mas que as primeiras três pessoas serão ouvidas já nesta semana. Elas são diretores e funcionários do hospital.
A cada nova semana serão outros quatro depoentes, e podem acontecer até duas sessões semanais (estão previstas duas para os dias 20 e 22 de abril, por exemplo). A CPI não pretende divulgar, por enquanto, os nomes das testemunhas, para evitar pressões.
A CPI tem prazo de 90 dias para ser finalizada, com possibilidade de prorrogação por mais 30 dias. Assim que o relatório estiver pronto, será levado a plenário e os parlamentares poderão liberar os nomes.
Falta de oxigênio
A tragédia de Campo Bom foi registrada num curto espaço de tempo, entre 8h10min e 8h40min de 19 de março. Nesse período, 26 pacientes estavam em ventilação mecânica na UTI e na emergência. Seis morreram. A direção do hospital admitiu, quando questionada por autoridades, que ocorreu “instabilidade na rede central de distribuição de oxigênio (O2)” por aproximadamente 30 minutos.
Investigações foram abertas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP). Eles ainda não receberam o relatório técnico da Air Liquide, empresa fornecedora do oxigênio, para determinar o que causou o problema na distribuição.
As duas investigações tentam apurar se ocorreu desabastecimento de oxigênio, por que as baterias reservas de oxigênio foram acionadas (quando não seria necessário), quem estava treinado para operá-las, se foi feito abastecimento, como se dá o monitoramento dos tanques por telemetria, quando a empresa foi acionada para o reabastecimento dos tanques que esgotaram, datas e volumes dos abastecimentos dos últimos três meses.
Ao hospital, o MP solicitou o nome dos funcionários, quem era o engenheiro responsável, quem fazia o controle no dia.
CONTRAPONTOS
O que diz o hospital Lauro Reus
O hospital informa que vai prestar todas as informações solicitadas às autoridades. A direção diz ainda que continua a atender acima da capaciddade e que tem mantido contato diário com familiares dos pacientes internados.
O que diz a Air Liquide
"As informações que a Air Liquide poderia dar em relação à ocorrência no Hospital de Campo Bom (RS) já foram enviadas na nota encaminhada em 19/3/21. A empresa não está autorizada a informar mais detalhes, já que o caso encontra-se sob investigação."