O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Levantamento realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) em parceria com a Humanizadas junto ao setor produtivo do país apontou Inteligência Artificial (IA) e a alta performance no topo das tendências que mais impactarão os negócios no Brasil em 2025. O coordenador da Amcham RS, Daniel Soibelmann, afirma que esses temas precisam ser encarados como prioridades em qualquer setor da economia. A pesquisa, realizada com 733 empresas de diferentes portes e setores, também aponta os desafios e oportunidades para as companhias neste ano.
Quais os principais destaques da pesquisa?
Para o ano de 2025, a gente viu que a inteligência artificial segue liderando. Muitas empresas entendem a importância, mas não sabem ainda muito bem como implementar ou acham que isso se resume a ferramentas que todo mundo conhece, como ChatGPT. Mas tem várias outras frentes que já estão sendo utilizadas para negócios. A busca por inteligência artificial tem sido o principal tema a ser discutido entre os empresários. E a segunda, que era sustentabilidade, foi ultrapassada pela alta performance. Esse tem sido um tema que mais tem chamado atenção. As empresas têm buscado uma eficiência operacional dentro dos seus negócios, produtividade e alta performance. Querendo ou não, isso está atrelado ao ramo de IA, porque, no momento que tu consegue aplicar essa tecnologia na tua operação, naturalmente ela fica mais eficiente.
Qual a principal dificuldade para implementar a IA nos negócios?
As lideranças empresariais muitas vezes tendem a fazer um zoom in na sua operação muito forte. Mas é extremamente fundamental o líder conseguir fazer o zoom out, ou seja, dar um passo para trás, trocar com outros pares, ver quais são as melhores práticas que estão sendo implementadas no mercado, não só dentro da sua operação, mas com concorrentes, ou com outros parceiros, ou até mesmo empresas de outros segmentos, de que forma que elas estão implementando. A troca e a cooperação nesse sentido acabam sendo muito importantes. Estar em ambientes, em fóruns, eventos, vendo quais são as tendências que podem ser aplicadas. Mas, principalmente, trocando na prática, realizando workshops, ferramentas e programas para entender como aplicar isso dentro da sua operação.
Quais os principais desafios econômicos para 2025?
Existe uma visão de estagnação econômica. Ao mesmo tempo, tem uma boa visibilidade em relação ao crescimento dos negócios. A maior parte, mais da metade das empresas brasileiras estão esperando um crescimento superior a 10% para 2025, mesmo com essa preocupação. Então, as perspectivas para os negócios acabam sendo muito positivas nesse sentido.
Quando a gente pega, principalmente, no nosso Estado, o Rio Grande do Sul, que sofreu a maior catástrofe climática da sua história, se entidades e os setores público e privado atuarem em convergência pela retomada econômica, isso tende a ser mais efetivo e rápido. Precisamos atuar de uma forma conjunta para que o impacto seja potencializado também.
Quais setores da economia largam na frente no Estado em 2025?
Tanto a parte de alta produtividade quanto a inteligência artificial são temas que precisam ser encarados como prioridades dentro de qualquer negócio para continuar operando e não ficar para trás. Aqui no Rio Grande do Sul, a gente tem vários segmentos, setores que se destacam. Hoje, os ramos industrial e do agronegócio estão muito fortes aqui no Estado. A área de energia vem crescendo bastante também. Se esses setores conseguirem aproveitar a inteligência artificial para acelerar a produtividade, tendem a se diferenciar no mercado.
Por que poucos empresários se sentem preparados para digitalização?
A gente teve a pandemia que foi um fator que acelerou bastante esse processo de digitalização. O home office, por exemplo, era uma prática que anteriormente não era adotada com tanta frequência nas organizações e, no pós-pandemia, isso acelerou muito. Negócios que vendiam mais via formato físico foram pro e-commerce, muito mais agressivos. Mas existe um caminho para ser implementado dentro disso e que precisa seguir sendo desenvolvido. Então, nem todos os executivos se sentem preparados para isso.
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