A inteligência artificial (IA) e outras tecnologias estão se tornando "humanas por princípio", ou seja, mais próximas às características da humanidade e mais intuitivas, mais fáceis de usar.
Essa mudança pode abrir uma nova era de produtividade na sociedade humana, avalia a edição 2024 do tradicional relatório Technology Vision, da consultoria internacional em gestão e tecnologia Accenture, apresentado durante a CES 2024, evento de tecnologia em Las Vegas (EUA).
A coluna acompanhou via digital o detalhamento do estudo chamado "Human by Design: como a IA abre as portas para o próximo nível de potencial humano". Uma das tendências, na medida em que essas tecnologias se desenvolvam, é de que se tornem mais integradas, com dispositivos onipresentes, mas também mais invisíveis.
Conforme o relatório, a IA generativa tem potencial de impactar 44% de todas as horas de trabalho nas indústrias, permitir melhorias de produtividade em 900 tipos diferentes de empregos e criar entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões em valor econômico global.
— À medida que a IA, a computação espacial e as tecnologias de detecção corporal evoluem até o ponto em que parecem imitar as capacidades humanas e se tornam invisíveis, o que resta são as pessoas, habilitadas com novas capacidades para realizar coisas que antes consideravam impossíveis — afirma Paul Daugherty, diretor de tecnologia e inovação da Accenture.
Conforme Daugherty, haverá mudança profunda na forma como as pessoas trabalham, vivem e aprendem, acelerando uma onda de mudanças sem precedentes, do varejo à medicina, passando por entretenimento.
Tendências para o futuro
- Transformação da relação com o conhecimento, com a reorganização dos dados de forma que facilite o raciocínio humano e até imita criatividade. Em vez de vasculhar montanhas de resultados de mecanismos de pesquisa, as pessoas receberão respostas selecionadas e personalizadas na forma de conselhos, como resumo de um vasto conjunto de resultados, um ensaio, uma imagem ou até mesmo uma obra de arte. Conforme o relatório, o modelo "bibliotecário", baseado em pesquisa de interação humano-dados, dará lugar ao modo "conselheiro" - com respostas aos chatbots de IA generativa.
- Reforço dos ecossistemas para IA, com a tecnologia trabalhando em nome de indivíduos de forma interconectada, não só auxiliando e aconselhando, mas também tomando ações em nossos nomes, tanto no mundo físico como no digital. O estudo explicita que "os sistemas automatizados tomarão decisões e iniciativas por conta própria", e "agirão em nome dos humanos".
- Criação de valor em novas realidades, com extensão para "novos ambientes 3D criados por meio de computação espacial, metaverso, gêmeos digitais e tecnologias de realidade aumentada e realidade virtual".
- Corpos eletrônicos, com desenvolvimento de uma nova interface humana "por meio de tecnologias inovadoras e integradas, como acessórios com IA, neurotecnologia com detecção cerebral e rastreamento ocular e de movimento, para desbloquear uma melhor compreensão de nós, nossas vidas e nossas intenções".
A parte do aumento de produtividade é promissora - quem não precisa? -, mas a parte "sistemas automatizados tomarão decisões e iniciativas por conta própria" traz ecos de "hasta la vista, baby" (frase pronunciada por um andróide "do bem" que combate um "do mal" no filme O Exterminador do Futuro, porque os humanos... viraram passado).
* Colaborou Mathias Boni