Por Rodrigo Müzell, gerente-executivo de Jornalismo Digital do Grupo RBS e integrante do Conselho Editorial
O público é a razão de ser do jornalismo. E atender às necessidades do público é a nossa tarefa fundamental. Cumprir com excelência essa missão exige várias habilidades, várias delas bem conhecidas: ser movido pela curiosidade, cultivar fontes para ter informações exclusivas, escrever e se comunicar com clareza, estar sempre onde a notícia está.
Com a consolidação do digital, novas capacidades passam a ser necessárias para oferecer informação de qualidade. Uma delas é a versatilidade. As notícias cada vez mais são entregues em formatos múltiplos: texto escrito, vídeo, áudio, gráficos e até games. O público hoje escolhe, na palma da mão, o formato mais conveniente para saber dos fatos.
O jornalista deve ser capaz justamente de aliar o olhar editorial ao interesse manifestado pelo público
E como saber o que é melhor entregar, e qual a forma mais conveniente? Aí entra outra exigência mais recente para os jornalistas: sermos capazes de trabalhar com dados cada vez mais detalhados sobre a audiência. Bem mais do que apenas as matérias mais acessadas, as redações hoje podem acompanhar até que ponto os textos foram lidos, se os vídeos foram assistidos, que assuntos interessam mais a qual perfil do público, em quais horários e canais de distribuição (capas do site, aplicativo, redes sociais, por exemplo).
Tomar decisões baseadas nesses dados exige conhecimento, treinamento e um olhar jornalístico aguçado. Afinal, nem sempre o que está sendo mais buscado é o mais importante. Mas quantas vezes não fomos surpreendidos por uma notícia de um assunto que nunca nos interessou, mas que fez diferença para tomar alguma decisão? Não sabíamos que precisávamos daquela notícia selecionada pela redação. O jornalista deve ser capaz justamente de aliar o olhar editorial ao interesse manifestado pelo público.
Nossa geração de jornalistas tem como missão incorporar essas novas habilidades — versatilidade na entrega da informação e uma percepção cada vez mais rica do que o público precisa — ao conjunto tradicional de técnicas. Para continuarmos sempre a prestar o melhor serviço ao público.
A nossa razão de ser.