Por Tiago Cirqueira, gerente-executivo de Esportes e membro do Conselho Editorial da RBS
Antes que 2024 feche as suas portas, é preciso saber que a História não nos deixará esquecê-lo. Por alguns anos, naturalmente, voltaremos ao maio no qual sobrevivemos. E, para sempre, até que alguma inteligência artificial do futuro perca o registro, esse será o principal acontecimento de um Estado localizado no extremo sul do Brasil. Contudo, qual será a memória perpetuada a partir do fato?
Dar a dimensão do que se vivia entre o Chuí e o Mampituba foi fundamental para que as doações ultrapassassem divisas
Aquelas geradas pelas notícias produzidas em tempo real e distribuídas por veículos jornalísticos. Ao mesmo tempo que traziam a realidade tomando conta das nossas cidades, inseriam as pessoas dentro do fato e ampliavam a visão delas em relação ao que estávamos vivendo. Teremos os registros que se espalharam pelas redes de quem estava apurando e verificando o grande volume de informações que recebíamos. Além de ocupar todas as plataformas disponíveis, em maio de 2024, fazer jornalismo profissional exigiu ainda mais cuidado para respeitar e acolher um momento em que as perdas eram irreparáveis. Atestar a veracidade e prestar serviço eram formas de evitar que se tornassem ainda maiores ou se ampliassem por mais tempo.
Haverá a lembrança, o retrato das histórias distribuídas por jornalistas profissionais gaúchos. Dar a dimensão do que se vivia entre o Chuí e o Mampituba foi fundamental para que as doações ultrapassassem divisas. Nesse caso, o jornalismo contribuiu para que a coletividade fosse a tônica quando parecíamos estar distantes. Contar histórias é uma forma de aproximar as pessoas, se colocar ao lado e facilitar que a identidade seja reforçada. Dar foco ao regionalismo e à cultura local foi função básica para um povo que precisava resistir e reexistir. Cativar a atenção e gerar aderência por meio de exemplos reais. E as histórias reportadas atingiram esse resultado a partir do momento em que nos faziam reconhecer, pertencer e, então, vencer a batalha.
Em terras gaúchas, o “ganhar” vem depois de “pertencer” no dicionário. A peleia é da vida e a definição da identidade no RS se dá a cada movimento que torna as pessoas ainda mais parte da comunidade. Por isso, o valor de uma produção jornalística que está ao lado de quem a consome. E precisamos dizer, ainda mais depois de todas as memórias criadas em 2024: só se vence junto. De forma colaborativa e contribuindo para que a sociedade cresça. Mantenha-se para cima. E, assim, construa próximas experiências que já estão ali, depois da curva, em 2025.
Essas também serão contadas aqui. De perto. Sem esquecer o que vivemos e realizamos. E com a coragem de, junto com os gaúchos, sermos os protagonistas das nossas novas memórias.