Em uma temporada de performances femininas incríveis no cinema, quando parecia impossível uma vitória brasileira, Fernanda Torres foi lá e venceu. Vinte e cinco anos depois de sua mãe, Fernanda Montenegro, ter estado lá, o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama é nosso, ou melhor, dessa mulher excepcional, que representou o país com classe, elegância, sobriedade, inteligência e respeito.
Obrigada, Fernanda.
Obrigada por levar consigo uma mensagem tão fundamental em tempos de intransigência: apesar de todos os defeitos, a democracia ainda é o melhor sistema político e social inventado pela humanidade. Ditadura, meu amigo, minha amiga, nunca mais. Nem aqui, nem na Venezuela, nem onde quer que seja.
Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, conta a história de uma família brasileira violentada pelo Estado. Mas não é panfletário, ao contrário. É um filme delicado, contido, e talvez isso explique o sucesso. Eunice Paiva, a mulher interpretada por Fernanda, nunca desistiu. A mensagem é essa.
— O mesmo está acontecendo agora no mundo, com tanto temor. Esse filme nos ajuda a pensar em como sobreviver em momentos difíceis — disse Fernanda, com o merecido, esperado e improvável prêmio nas mãos.
Que venha o Oscar.