A duplicação da RS-118 enfrentou todo o tipo possível de adversidade. Desde falta de projetos, de dinheiro e de planejamento. Foram erros sucessivos, acumulados pelos últimos seis governos.
Mas, pior de ter executado a obra deste jeito, é ter chegado até aqui sem que nada tenha sido aprendido. É obrigação dos gestores, principalmente do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) tirar lições do ocorrido, para que nenhuma outra obra repita os problemas e demore tanto tempo para ficar pronta.
A Secretaria Estadual de Logística e Transportes (Selt) evita apontar falhas, apesar de conhecê-las. Prefere destacar a parcela de contribuição que cada um dos governos tiveram até aqui.
"Todos os governos deram a sua parcela de contribuição para que a duplicação da ERS-118 fosse viabilizada. A Secretaria de Logística e Transportes, porém, não irá detalhar nem comentar decisões das gestões anteriores", informa nota enviada à coluna.
Porém, a coluna ouviu de um servidor do Daer, que participou da obra, que faltou uma maior agilidade por parte do governo para resolver o problema da desapropriação e da reintegração de posse necessárias para a duplicação. Também houve falha em manter uma limpeza diária do lixo deixado e jogado às margens da rodovia.
Outra abordagem faz o engenheiro civil e doutor em Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) João Fortini Albano. Para ele, faltou vontade política em realmente iniciar, executar e concluir a duplicação.
- Obras da envergadura da RS-118, que é uma perimetral da Região Metropolitana, precisam ser prioritárias - destaca Albano.
Um acerto do atual governo foi o de ter definido recursos específicos para a duplicação, o que nunca havia ocorrido. Junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi possível obter um financiamento de R$ 131 milhões. Com isso, desde que foi retomada, a duplicação não precisou parar, o que garantiu agilidade e segurança às empresas responsáveis pelas obras.
A obra da RS-118 completou em julho 14 anos. A promessa do governo é que ela seja inaugurada em até 16 dias.
Os capítulos:
01) A falta de dinheiro;
02) Obras isoladas;
03) Obras incompletas;
04) Reassentamentos;
05) A crise do CNPJ;
06) A crise do asfalto;
07) Faz e refaz;
08) A perda de dinheiro;
09) As novas invasões;
10) A pouca sinalização;
11) O grande lixão;
12) O cemitério;
13) O erro que afetou a polícia;
14) A obra que nasce defasada;
15) Como evitar que estes erros se repitam.