Embora cartões-postais sejam coisa do passado, um dos tantos cenários considerados “cartão-postal” de Caxias do Sul é o túnel de plátanos que contorna o Parque dos Macaquinhos, tanto pela Rua Dr. Montaury quanto pela Dom José Barea. A história do surgimento deles - e de vários outras iniciativas que integram a memória paisagística da cidade - integram a exposição itinerante José Zugno: Um Semeador de ideias a Serviço da Vida Agrícola, em cartaz na Câmara de Vereadores até o dia 15 de junho.
Após passar pelo Instituto Hércules Galló, em Galópolis; pelo Salão Comunitário da Igreja de São Virgílio, em Forqueta; e pelos Pavilhões da Festa da Uva, a mostra chega ao Legislativo destacando seu “entorno”: leia-se o Parque Getúlio Vargas, ou melhor, o antigo Parque da Exposição, seu nome original.
Projetado em 1953 pelo Irmão Lassalista Teodoro Luiz para a Festa da Uva de 1954, o local ganhou cores, formas e a identidade que perdura até hoje graças ao trabalho da então Diretoria de Fomento e Assistência Rural - encabeçada pelo engenheiro agrônomo José Zugno e responsável pelo ajardinamento, mudas e plantio de árvores e flores na cidade.
São desses primeiros tempos, na década de 1960, os registros desta página, vários deles integrantes da exposição. Na imagem que abre a matéria, o Parque dos Macaquinhos captado a partir do extinto pórtico nas escadarias da Rua Os Dezoito do Forte, nos anos 1960 - com o antigo Pavilhão da Festa da Uva (atual prefeitura).
Mais abaixo, as alamedas do parque e, ao fundo, o morro da Rua Dom José Barea. À esquerda, parte do antigo pavilhão Feira Industrial e os pavilhões da exposição de uvas, local que posteriormente abrigaria a atual Câmara de Vereadores.
A saber: a mostra em cartaz na Câmara conta com 12 painéis temáticos ricamente ilustrados por textos e imagens exclusivas. É resultado de mais de dez anos de resgate, organização e catalogação do acervo de José Zugno realizados por seu filho Ricardo Zugno, também autor do livro A Palmeira Humana - Memórias do Naturalista e Escritor José Zugno, lançado em 2019.
Reconhecimento entre colegas
Arquiteto e urbanista que projetou o prédio da Câmara de Vereadores, onde ocorre a exposição, João Alberto Marchioro citou a contribuição de vários profissionais na idealização e execução do trabalho. Foi em 23 de novembro de 2021, quando Marchioro recebeu o título de Cidadão Emérito de Caxias do Sul e recordou de José Zugno:
"Acho fundamental ressaltar a pessoa do professor José Zugno… A história dele atendendo Caxias por seis, sete administrações, independente da política, usando a capacidade dele, o esforço dele... e narro o momento que eu procurei o professor - a gente já era amigo desde o Conselho do Plano Diretor Urbano - pra pedir pra ele o que ele achava da ideia de se usar parreiras como quebra-sol. E daí ele traçou os caminhos, as orientações e como a gente devia fazer isto. O professor é um autor comigo neste trabalho".
A saber: além de homenagear os agricultores da Serra, as parreiras servem como um bloqueador natural no verão, deixando o ambiente da Câmara mais ameno. No inverno, quando as folhas caem, as estruturas facilitam a entrada dos raios solares para aquecer o prédio (foto abaixo).
Iniciativas de José Zugno
Além do túnel de plátanos, a exposição destaca a história dos macaquinhoss que acabaram identificando o parque, as rosas que deram identidade para a cidade - em especial nos canteiros da Praça Dante Alighieri -, a vasta arborização urbana, a criação das feiras do agricultor, o desenvolvimento do meio rural - que projetou o município como líder na produção de hortifrutigranjeiros -, o serviço de tratores e tantas outras marcas de Caxias que partiram das iniciativas de seu José Zugno (1924-2008).
Agende-se
O quê: exposição “José Zugno - Um semeador de ideias a serviço da vida agrícola”
Quando: até 15 de junho, das 8h às 17h
Onde: Espaço Cultural Mário Crosa, da Câmara dos Vereadores de Caxias do Sul
Quanto: entrada franca
Confira outras publicações da coluna Memória