A segunda parte da coluna sobre o trabalho de José Zugno frente à Diretoria de Fomento e Assistência Rural traz o primeiro grande desafio do engenheiro agrônomo após assumir a pasta, em 1949. Falamos do desfile da Festa da Uva de 1950, que celebrava os 75 anos do início da colonização e marcava o retorno do evento após o hiato decorrente da Segunda Guerra Mundial.
Autor do livro A Palmeira Humana - Memórias do Naturalista e Escritor José Zugno, lançado em 2019, Ricardo Zugno detalhou o início do trabalho do pai, então recém-formado pela Escola de Agronomia da UFRGS:
“Em 1949, José Zugno aceitou o desafio de iniciar o Fomento Agrícola Municipal e passou os primeiros meses de sua atividade percorrendo o interior do município, a fim de perceber a situação dos agricultores. Sempre acompanhado pelo dr. Adolfo Randazzo, agrônomo italiano radicado em Caxias desde o final da 1ª Guerra Mundial. A partir do quadro constatado, José entendeu qual seria o caminho. A meta prioritária e permanente da Dfar seria a policultura, a partir das atividades que os agricultores já sabiam fazer, para que estas passassem a trazer um pouco mais de renda e não se restringissem apenas ao consumo próprio. O lema da diretoria seria: Fomento Agrícola a Serviço da Policultura”.
O interior na Júlio
Poucos meses após a criação do órgão, José Zugno foi incumbido de organizar o corso alegórico da Festa da Uva de 1950, um pedido do empresário Júlio Ungaretti, diretor da comissão organizadora. E, logicamente, Zugno trabalhou para que os distritos e localidades do interior mostrassem toda a sua riqueza e abundância.
Assim foi, com a participação das comunidades de Ana Rech, Vila Seca, Fazenda Souza, São Marcos, Galópolis, Santa Lúcia do Piaí, São Romédio, São Caetano, São Virgílio, Quarta, Sexta e Nona Léguas, entre diversas outras.
Na foto acima, o veículo da Diretoria de Fomento e Assistência Rural durante sua passagem pelo trecho da Av. Júlio em frente à Praça Dante Alighieri. Abaixo, o mesmo carro, agora descendo a avenida. A foto foi captada pelo jovem Ulysses Geremia exatamente a partir da sacada do lendário Studio Geremia, na Júlio, 1.872.
Detalhe: o prédio em construção em frente é o Edifício Geremia, onde hoje estão o Centro Óptico e a Óptica Martinato. Ao lado, com o público sobre a marquise, está o casarão da antiga Joalheria Beretta - hoje Comercial Júlio Beretta.
Vila Seca e Adelar Bertussi
Em várias das imagens cedidas pelo autor Ricardo Zugno (Tando), constam as dedicatórias da equipe do jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre, ao organizador do desfile. No registro abaixo, em que aparece o carro da Terceira Légua, é mencionado: Oferta do "Diário de Notícias" ao talentoso e esforçado José Zugno. Caxias, 9/3/50.
Na foto da sequência, destacando o distrito de Vila Seca, a mensagem elogia o desfile: “Ao criador e executor da maravilhosa Parada do Trabalho, oferece o Diário de Notícias ao dr. José Zugno. Caxias, 9/3/50.
Detalhe no alto do carro: a participação do jovem Adelar Bertussi (1933-2017).
Agende-se
A exposição itinerante "José Zugno, um semeador de ideias a serviço da vida agrícola", com fotos e trajetória do engenheiro agrônomo, permanece em cartaz no Pavilhão 1 da Festa da Uva até 6 de março.