Mudanças no local e no itinerário do corso alegórico não são novidade na história da Festa da Uva. No dia em que a Plácido de Castro herda uma tradição consolidada na Sinimbu a partir de 1958, recordamos dos desfiles realizados ainda na Av. Júlio de Castilhos.
O cortejo ao redor da Praça Dante teve início na segunda edição, em 1932, com as comunidades do interior exibindo-se em carros puxados por juntas de bois. A chamada Parada da Uva vinha da Rua Alfredo Chaves, entrava na Júlio e dirigia-se até a Dante. Mas o desfile pela principal avenida de Caxias marcou mesmo as edições de 1950 e 1954.
A Festa da 1954
Na edição de 1954, quando o presidente Getúlio Vargas chegou à cidade para abrir a festa e inaugurar o Monumento ao Imigrante, o corso não ficou restrito à passagem nos arredores da praça.
Getúlio Vargas e o inseparável guardião Gregório Fortunato
O desfile pela Av. Júlio iniciava-se nas imediações da Igreja do Santo Sepulcro, em Lourdes, e terminava na recém-inaugurada Igreja de São Pelegrino, atraindo milhares às calçadas, janelas e varandas das casas e prédios.
São Pelegrino e o novo espaço da Casa de Memória
Devido ao grande número de visitantes, em 1958 o corso mesclou-se entre a Júlio e a Sinimbu, sendo realizado em sua totalidade pela Sinimbu a partir de 1961.
Miss Brasília: um aniversário na Festa da Uva de 1961
Em 1950: o desfile de carros alegóricos captado a partir do terraço do antigo Banco Nacional do Comércio, na esquina da Júlio com a Dr. Montaury. (Foto: Studio Geremia, acervo pessoal de Ricardo Boff, divulgação)
Em 1950, o corso pela Júlio, no trecho defronte à praça, mesclou expectativa e uma boa dose de experimentação, visto que o evento retornava após 13 anos de interrupção. Conforme o jornalista Luiz Carlos Erbes, autor do livro Festa da Uva - Alma de um Povo, o público não assistiu a um espetáculo impecável.
Em depoimento ao livro, o radialista Nestor Gollo descreveu o corso: "Como não havia cordão de isolamento, o desfile se transformou numa parada de carros alegóricos no meio do povo. Perdeu um pouco da graça porque o carro praticamente não era visto, só se enxergava a parte acima dos ombros da grande multidão".
O engenheiro agrônomo José Zugno, que auxiliou na organização, também comentou o amadorismo daqueles tempos: "O povo se acumulava sobre os carros, ainda não havia arquibancadas, apenas um palanque para as autoridades. Foi tudo muito improvisado".
Isso que em 1950 o corso contou com 48 carros, entre carroças puxadas por bois, automóveis e tratores.
Festa da Uva de 1950: um parque e um incêndio
Há 65 anos: o carro da rainha Terezinha Morganti, emoldurado pelo Cine Guarany, pelo antigo Hotel Menegotto e pela Metalúrgica Abramo Eberle. (Foto: Studio Geremia, acervo pessoal de Ricardo Boff, divulgação)