O lançamento do livro A Palmeira Humana - Memórias do Naturalista e Escritor José Zugno nesta quarta-feira (27), no Museu dos Capuchinhos, joga luzes sobre a trajetória pessoal e profissional de um dos engenheiros agrônomos mais atuantes e lembrados pela população de Caxias, especialmente pelo homem do campo.
Um recorte dessa relação de apoio e estímulo ao produtor rural compõe o capítulo 3, focado no surgimento e na consolidação das exposições de produtos agropecuários nos distritos a partir da década de 1960. Foi quando Criúva, Vila Seca, Fazenda Souza,Vila Oliva, Ana Rech, Santa Lúcia do Piaí, Galópolis e Forqueta passaram a exibir sua farta produção – inclusive a consumidores que até então desconheciam o local de origem de vários alimentos do dia a dia. Diz o texto:
"Constatado o crescimento da produção agrícola do município (mel, ovos, frangos, leite, trigo, milho, batata, tomate, hortaliças, frutas e tantos outros) e consolidada a policultura, era preciso mostrar aos próprios agricultores dos distritos o quanto evoluíram e o quanto ainda tinham capacidade de se aprimorar. Ao mesmo tempo, era importante convidar a população da cidade a conhecer melhor os distritos e os produtos de sua agricultura. José Zugno idealizou, então, exposições de produtos agropecuários nos vários distritos. Foi ao prefeito, que na ocasião era o Armando Biazus, explicar o que pretendia fazer. O prefeito gostou da proposta, mas foi logo dizendo: – No momento não tenho verba para te dar, mas dou todo o meu apoio moral. – É o suficiente, respondeu o agrônomo, confiante. E saiu a trabalhar."
A primeira exposição ocorreu em Fazenda Souza e foi denominada "Festa da Batata", por a região concentrar uma grande produção da solanácea. Na foto acima, um registro da edição ocorrida em 1961, em Criúva, onde José Zugno aparece acompanhado da comissão organizadora, do prefeito Armando Biazus e do filho pequeno Ricardo Zugno, autor do livro que será lançado nesta quarta.
Abaixo, A família na exposição de Ana Rech em 1966: os filhos José Zugno Filho (Zico), Ricardo (autor do livro), Tereza Marta e Denise (à frente, com a bola). À direita, a sobrinha Rosângela.
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Abóboras e porcos
Alguns episódios pitorescos ocorridos nas primeiras exposições também foram detalhados no livro.
"O padre Armando Petrobelli, professor da Escola Normal Rural de Ana Rech, ao saber da decisão de realizar um concurso de abóboras em Criúva, questionou Zugno:
–Vais fazer concurso de uma coisa que se dá para porco?
O concurso foi realizado e chegou ao conhecimento de um comerciante de São Paulo, que veio a Criúva e comprou tantas abóboras a ponto de encher dois caminhões. A tal “coisa que se dá para porco” passou a ter mercado também fora do Rio Grande do Sul. Padre Armando, ao saber deste fato, convenceu-se e tornou-se um dos mais entusiastas organizadores das exposições de produtos agrícolas e de animais realizadas em Ana Rech, as quais compareceram até governadores do Estado, como Perachi Barcellos e Euclides Triches".
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Agende-se
:: O que: lançamento do livro "A Palmeira Humana - Memórias do Naturalista e Escritor José Zugno", do autor Ricardo Zugno, e abertura da exposição "Memórias e Coleções do Naturalista José Zugno". Na ocasião também ocorre o lançamento da 5ª edição da revista Le Musée, publicação anual do Museu dos Capuchinhos (Muscap)
:: Quando: nesta quarta (27), às 18h30min. A exposição permanece até abril de 2020
:: Onde: Museu dos Capuchinhos (Rua General Mallet, 33-A, bairro Rio Branco – Caxias do Sul)
:: Quanto: entrada franca. O livro, a R$ 60, será vendido com 20% de desconto no lançamento (R$ 48)
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