Surgida em 1949 e considerada o embrião da Secretaria Municipal da Agricultura, a Diretoria de Fomento e Assistência Rural (DFAR) da prefeitura foi a responsável por promover diversas mostras de produtos agrícolas em bairros e distritos de Caxias do Sul nos anos 1950 e 1960.
Sob a direção do engenheiro agrônomo José Zugno (1924-2008), todas essas feiras, ocorridas em localidades como Fazenda Souza, Galópolis e Ana Rech, contribuíram para a realização de uma grande exposição em nível municipal. O objetivo? Mostrar aos habitantes da cidade aquilo que o homem do campo produzia em benefício de todos e o potencial de Caxias em termos de produção agrícola.
Assim foi, com a 1ª Exposição Municipal de Produtos Agrícolas e Animais estreando com grande sucesso em 8 de junho de 1963, no antigo Pavilhão da Festa da Uva, na Rua Alfredo Chaves (atual prefeitura). Era onde os produtores rurais da região divulgavam seus produtos e expunham seus animais de pequeno porte, que concorriam a uma série de prêmios e distinções.
Já do lado de fora costumavam ficar as baias para as espécies maiores. No jardim também eram expostos os tratores agrícolas que auxiliavam no trabalho da antiga DFAR, como vemos nas imagens acima e abaixo, da segunda edição, inaugurada em 28 de maio de 1966.
Máquinas na colônia
O chamado “serviço de tratores” foi um dos tantos temas abordados no livro A Palmeira Humana - Memórias do Naturalista e Escritor José Zugno, lançado pelo filho Ricardo Tando Zugno em novembro de 2019. O início de tudo, porém, não foi fácil, conforme descrito pelo autor:
“Em 1950, não existia um único trator agrícolas nas colônias da região. Só a Estação Experimental, a Vinícola Michielon e a Granja Sorriso possuíam tratores equipados com motor do tipo “Ford de Bigode”, de 15HP, fáceis de manobrar. Já no primeiro ano, Zugno, pediu ao prefeito Luciano Corsetti recursos para adquirir um trator de igual marca e os diversos equipamentos para introduzi-lo na colônia. O prefeito concordou e disse que a verba deveria ser aprovada pelos vereadores. Estes logo objetaram: “Botar máquinas na colônia, que só tem morro e pedra?”. Zugno convenceu-os argumentando que existiam no município, ao menos, 25.000 hectares possíveis de serem trabalhados com máquinas agrícolas. Aprovada a verba, e adquirido o trator equipado com diversos implementos, o tratorista Sebastião Bueno passou o ano todo de 1950 percorrendo o interior do município e fazendo demonstrações dos serviços que o agricultor poderia fazer com aquela máquina agrícola”.
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Os avanços
O sucesso da iniciativa de José Zugno impulsionou a aquisição de mais tratores na administração seguinte, comandada por Euclides Triches. Até 1954, segundo o autor Ricardo Zugno, foram comprados mais quatro tratores Fordson, todos equipados com implementos - posteriormente, integrariam a frota modelos Massey-Ferguson.
“Para a manutenção montou-se uma oficina própria nas garagens da prefeitura com o mecânico-chefe, o senhor Brandão. Caxias do Sul, assim, se tornava pioneira no Estado em mecanização agrícola municipal”.
Vasco Prado e chácara dos Eberle
As fotos deste post, captadas em 1966 por Hildo Boff (1931-2014). destacam outros detalhes: o belíssimo painel em bronze de Vasco Prado – originalmente instalado na fachada do prédio e hoje praticamente escondido na lateral – e a construção de uma das mansões da família Eberle, posteriormente demolida para abrigar o prédio localizado na esquina das ruas Alfredo Chaves e Carlos Giessen.
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Em livro
A vida e a trajetória profissional do engenheiro agrônomo José Zugno também foram tema da exposição "Memórias e Coleções do Naturalista José Zugno", ocorrida de novembro de 2019 a março de 2020 no Museu dos Capuchinhos (Muscap).
