O espaço abrigou apenas uma edição da Festa da Uva, mas ficou marcado para sempre devido ao incêndio de 17 de março de 1950. Falamos do parque situado em um dos terrenos pertencentes à antiga Cooperativa Madeireira Caxiense - exatamente onde hoje encontra-se o Hipermercado Zaffari, na Rua Vinte de Setembro.
Apesar do grande sucesso da edição de 70 anos atrás – a primeira após o hiato de 13 anos decorrente da Segunda Guerra Mundial –, seu encerramento quase culminou com uma tragédia, vide as enormes labaredas que devastaram boa parte da área.
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Causado possivelmente pela explosão de um fogão – a perícia não foi conclusiva –, o fogo consumiu todo o Palácio de Festas, junto ao recinto da Exposição Agro-Industrial. No local funcionavam o restaurante, a bomboniére e a boate, palco para conjuntos de música italiana, portenha e afro-cubana, além de apresentações de dançarinas e bailarinos acrobáticos. Já o Pavilhão Histórico-Cultural, que então homenageava os 75 anos da colonização italiana, foi salvo a tempo pelos bombeiros. Ninguém ficou ferido.
Registros do parque
Na imagem acima, uma vista aérea do parque em 28 de março de 1950, logo após o encerramento da festa - quando aquele trecho da cidade era praticamente um arrabalde, tomado de antigas casas de madeira e vários terrenos vazios.
Vê-se, em primeiro plano, à direita, o cruzamento das ruas Vinte e Setembro e Borges de Medeiros (atual Zaffari, onde localizava-se o parque de diversões e os pavilhões dos expositores). Mais à esquerda, as ruas Dr. Montaury, Marquês do Herval e Ernesto Alves, e o complexo principal da Cooperativa Madeireira Caxiense (atual Big), com sua imponente chaminé - único resquício do lugar.
Nas fotos abaixo, alguns detalhes do parque, com destaque para o pórtico iluminado, a roda-gigante e o pavilhão histórico.
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O fim do “Duque”
Além das estruturas em madeira, as chamas consumiram uma relíquia dos céus: o Duque de Caxias, primeiro avião de treinamento doado ao Aeroclube pela Campanha Nacional da Aviação, lançada pelo governo de Getúlio Vargas, em 1941.
Exposto no pavilhão, o conhecido “Duque” teve sua fuselagem totalmente destruída, restando apenas o motor e o esqueleto – exatamente no momento em que o Aeroclube receberia o milésimo avião doado por essa campanha.
Em 1954 e 1975
Após o incêndio, o parque situado no quarteirão cedido pela antiga Cooperativa Madeireira Caxiense foi deixado de lado. Na edição de 1954, o evento ganharia seu moderno pavilhão próprio, na Rua Alfredo Chaves. Já em 1975, foi inaugurada a “casa definitiva”: o Parque Mário Bernardino Ramos - ou simplesmente, os Pavilhões da Festa da Uva.