Ele é um dos símbolos do entorno do Parque dos Macaquinhos e um patrimônio ambiental de Caxias do Sul, cenário recorrente em postagens do Facebook, Instagram e até para registros de noivos e fotos de casamento. Falamos do icônico túnel de plátanos que domina os trechos das ruas Dr. Montaury e Dom José Barea _ e cuja história é destacada na exposição Memórias do Naturalista José Zugno, em cartaz no Museu dos Capuchinhos até 17 de abril.
Toda essa história remete ao finalzinho dos anos 1950, quando o parque ganhou o nome oficial de Getúlio Vargas e começou a receber as mais diversas espécies. Responsável pela Diretoria de Fomento Agrícola da prefeitura e pelo Horto Municipal, o engenheiro agrônomo José Zugno (1924-2008) já havia acompanhado o trabalho do irmão lassalista Teodoro Luiz — paisagista contratado para projetar o então Parque das Exposições.
Concluída a parte principal para a abertura da Festa da Uva de 1954, o entorno começou a ser trabalhado a partir de 1960, na gestão do prefeito Armando Biazus. Depois da construção das escadarias de acesso e do belvedere da Rua Os Dezoito do Forte, o parque foi "cercado" de plátanos.
Conforme destacado no livro A Palmeira Humana - Memórias do Naturalista e Escritor José Zugno, os ramos plantados eram resultantes da poda das árvores do pátio do Colégio Nossa Senhora do Carmo, onde José Zugno dava aulas de Biologia, História Econômica do Brasil e Estatística.
"(Os plátanos) acabaram por virar cartão-postal da cidade. Já a arborização interna foi complementada com cipestres, cedros, canelas, ipês, corticeiras, tipuanas, figueiras silvestres e diversas outras árvores nativas e exóticas", destacou o autor Ricardo Zugno, filho de José Zugno e criança na época.
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Símbolo a ser cuidado
Guardadas as devidas proporções, o túnel de plátanos do Parque dos Macaquinhos pode ser considerado o equivalente local ao túnel verde da Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre, conhecida informalmente como a A Rua Mais Bonita do Mundo — são quase 500 metros de calçada, onde mais de 100 árvores da espécie Tipuana estão enfileiradas.
Daí a importância do trabalho a ser desenvolvido pela Secretaria Municipal do Meio-Ambiente e o extremo cuidado em relação ao corte de alguns galhos tomados pela erva-de-passarinho. A inspeção e as podas devem se iniciar no outono, após a queda das folhas.
Abaixo, o parque captado do belvedere da Rua Os Dezoito do Forte, por volta de 1960 – mesma época em que os plátanos do entorno começaram a ser plantados. Na sequência, uma vista aérea do centro da cidade por volta de 1970, onde é possível ver, ao fundo, os plátanos ainda bastante jovens, tanto na Rua Dr. Montaury quanto na Dom José Barea.
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O que: exposição "Memórias e Coleções do Naturalista José Zugno". A mostra apresenta à comunidade parte dos documentos, fotos e objetos do acervo de um dos maiores agrônomos da Serra Gaúcha, representativos de sua vida pessoal e de um importante período da história do município
Quando: até 17 de abril. Visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 13h30min às 17h
Onde: Museu dos Capuchinhos (Rua General Mallet, 33A, ao lado da Lefan)
Quanto: entrada franca. Agendamento para grupos pelo fone (54) 3220.9565