Se muita gente desconhece a denominação oficial Parque Getúlio Vargas para o Parque dos Macaquinhos, imagine o nome antes do “nome oficial”. Conforme detalhado na publicação Mirante, editada pelo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, a área foi denominada inicialmente de Parque da Exposição e começou a ser pensada ainda no final da década de 1940. Era a época em que a administração municipal recebia constantes pedidos da Comissão da Festa da Uva. O motivo? adquirir um local permanente para a realização das feiras agro-industriais na cidade.
Ciente do potencial das terras da família de Antonio Giuriolo, ao final da Rua Marquês do Herval (Polícia Civil) e com uma grande extensão verde ao fundo, a equipe do Plano Diretor deu início às tratativas para a aquisição dos terrenos. Declarada de utilidade pública em 1951, a área foi desapropriada pelo prefeito Euclides Triches no ano seguinte.
Começava a nascer aí o “Parque da Exposição”.
Grande lago
O Parque da Exposição foi idealizado dentro de um conjunto de diretrizes que englobava três elementos: Centro Cívico, Pavilhão e Parque da Exposição. Conforme o Plano Diretor de 1953, o parque foi assim definido:
“Local de passeio e descanso, bem próximo ao centro da cidade, o parque é um importante elemento do conjunto. Um pequeno córrego existente será aproveitado por meio de uma barragem, para criar um grande lago, aproveitando a topografia favorável. Um auditório ao ar livre será localizado junto ao lago, com acesso direto à cidade pela Rua Dr. Montaury e com estacionamento para automóveis”.
Após o lançamento da pedra fundamental, em 8 de março de 1953, o espaço imediatamente começou a receber as intervenções: enquanto a firma Lunardi & Cia encarregou-se do projeto de construção do Pavilhão da Exposição, coube à prefeitura tocar as obras de execução do parque.
Conforme destacado na publicação “Mirante”, a área era irregular, acidentada e inacessível, o que motivou o prefeito Euclides Triches a chamar um ex-mestre lassalista seu para encarar o desafio: transformar uma depressão em logradouro público. Entrava em cena o filósofo e professor de Botânica Teodoro Luiz, mais conhecido como Irmão Teodoro Luiz.
Irmão Teodoro e José Zugno
Irmão Teodoro estabeleceu uma linha diagonal que saía do fundo do vale em direção à Rua Alfredo Chaves junto a atual Doceria Stela. Delimitou um eixo mestre e traçou os raios para definir os caminhos secundários. A partir desse traçado, ele estabeleceu um jogo entre o ambiente, a vegetação e o firmamento. Posto isso, iniciaram-se os trabalhos de terraplanagem, medição, pavimentação, construção de escadarias e rampas, a cargo da Diretoria de Obras.
Paralelamente, a Diretoria de Fomento e Assistência Rural, encabeçada pelo engenheiro agrônomo José Zugno, cuidava do ajardinamento, mudas, plantio de árvores e flores. Um cenário que mudava do dia para a noite, conforme destacado pelo Pioneiro de 23 de maio de 1953:
“Os terrenos que foram da viúva Giuriolo são praticamente irreconhecíveis: do lugar ermo e abandonado nasce um dos grandes parques da zona nordeste do Estado”.
Em 11 de novembro de 1953, a três meses da inauguração, ele foi assim descrito pelo Pioneiro:
“Onde há 11 meses havia pantanais, encontram-se dois lagos prontos. Pela encosta, rasgam-se as avenidas, onde farfalham as palmeiras ornamentais, tendo às margens adornadas de roseiras multicoloridas. Ao meio da represa superior depara-se com uma ilha com chorões”.
Inauguração, batismo e rebatismo
O Parque da Exposição foi inaugurado em 28 de fevereiro de 1954, quando o presidente Getúlio Vargas chegou à cidade para a abertura da Festa Nacional da Uva e I Feira Agroindustrial e para a entrega do Monumento Nacional ao Imigrante. Um ano depois, em 1955, o prefeito Hermes João Webber alterou a denominação para “Parque da Exposição Presidente Getúlio Vargas”.
Já a clássica referência “dos Macaquinhos” remete ao ano de 1958. Foi quando o engenheiro agrônomo José Zugno recebeu da Diretoria de Praças e Jardins de Porto Alegre uma doação de macaquinhos que estavam “em excesso” no pequeno zoológico do Parque da Redenção. Ele recordou dessa história na publicação de 2003:
“Chegando aqui eu pensei: ‘vou colocá-los na ilha do lado de cima. Vamos fazer uma plataforma lá em cima, com uma travessia, e botamos três correntes com argolas para eles fazerem suas macaquices. Aquilo foi fantástico, enchia de gurizada brincando e tal. Aí surgiu o nome Parque dos Macaquinhos…”
Tem como esquecer?