O presidente Alessandro Barcellos enfrentou uma dura derrota na noite desta segunda-feira (16). A proposta das debêntures, que prometia aliviar as finanças do Inter, foi rejeitada por 161 a 159 votos no Conselho Deliberativo.
A intenção da diretoria era obter autorização para vender títulos de dívidas (chamados debêntures) de curto prazo no mercado de capitais. Assim, argumentava que conseguiria mais prazo e juros menores para quitar seus débitos, dando um "respiro" ao fluxo de caixa.
A estimativa era arrecadar R$ 200 milhões, que seriam pagos em cinco anos (um de carência). Na comparação com os juros enfrentados pelo Inter atualmente, a direção apontava uma economia futura de até R$ 100 milhões.
— As coisas estão se encaminhando sempre e ultimamente para clubes que estão buscando alternativas já de venda dos seus ativos. Nós vão venderíamos nenhum ativo do clube, pelo contrário, buscaríamos enfrentar o endividamento. Infelizmente, essa não foi a solução. Nos remete a um trabalho mais árduo e mais difícil. E esse trabalho começa amanhã (terça-feira). Um trabalho que já foi apresentado, o orçamento do ano que vem, que será muito mais duro, muito mais rígido. Nós não vamos abrir mão de buscar o que nós perdemos esse ano em termos de orçamento, de déficit, de despesa financeira, que foi muito alto. O nosso endividamento aumentará — comentou o presidente do Inter, Alessandro Barcellos, em pronunciamento à imprensa na saída da reunião do Conselho.
E o futuro que espera os colorados, ao menos no que se refere às contas, não deve ser de notícias "simpáticas". Redução de custos e venda de atletas, por exemplo, são expressões que, cada vez mais, farão parte do vocabulário da gestão.
— É necessário enfrentarmos isso de uma outra forma. O remédio é mais amargo. Eu não tenho dúvida que o remédio é mais amargo porque não existe mágica no futebol. Ainda mais em um momento que a gente está vivendo, um futebol competitivo do ponto de vista financeiro. As medidas serão tomadas, nós vamos trabalhar. O Plano B é buscar a redução, sim de custos. É a venda de atletas necessária para que o clube sobreviva, para que a gente possa pagar as contas que não foram pagas ao longo do ano, muitas delas por conta das enchentes. Foram mais de R$ 90 milhões gastos ou não arrecadados e isso nos leva, infelizmente, não aprovando essa medida, a tomarmos essas outras alternativas até que gente possa buscar uma solução um pouco mais definitiva — complementou Barcellos.
Beira-Rio como garantia
Um dos pontos críticos que levou o projeto à derrocada foi a colocação do Beira-Rio como garantia em caso de não pagamento ao investidores. A diretoria sustentava que não havia risco de perder o estádio para os credores, já que ele era a quarta camada a ser utilizada em caso de quebra. Antes do Beira-Rio, seriam utilizados a arrecadação do quadro social, as bilheterias e o fundo de reserva. Contudo, a ideia não foi adiante.
— A proposição nos moldes em que é apresentada, segundo a maioria apertada do Conselho, envolvia a alienação fiduciária do Beira-Rio, significa a transferência do nosso patrimônio para um credor, numa operação de R$ 100 milhões. Nós entregaríamos desde já esse gigante desse estádio que foi forjado por cada um dos colorados, que vale mais de um bilhão e meio. Não se justificava a operação. Nós temos que achar saídas. O Internacional passa por um momento extremamente difícil e acho importante nós olharmos também para os gastos da gestão — afirmou, após a votação, o conselheiro Alexandre Chaves Barcellos, que presidiu a comissão para avaliar a dívida do Inter e o plano das debêntures.
A votação que rejeitou a proposta das debêntures durou cerca de duas horas e meia, no Beira-Rio, e ocorreu a portas fechadas.
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