O debate sobre as debêntures do Inter terá seu capítulo final nesta segunda-feira (16). A partir das 19h, conselheiros do clube decidirão se a gestão pode realizar essa operação financeira como forma de obter empréstimo para pagar dívidas maiores. Será preciso obter maioria simples nos votos do conselho deliberativo para aprovar o projeto.
Segundo o vice-presidente eleito Victor Grunberg, o Inter calcula economizar até R$ 150 milhões nos cinco anos de prazo para pagar os investidores. Essa verba se dará pelos juros mais baixos.
As debêntures são emissões de títulos de renda fixa emitidos para a captação de recursos. Na prática, os investidores emprestarão dinheiro para o Inter, que poderá pagar a dívida em um prazo mais longo e com juros menores.
A direção quer aliviar o seu caixa e pagar juros menores. A intenção é captar R$ 200 milhões no mercado, com investidores. Além de diluir em mais tempo o pagamento da dívida, teria um período de um ano para se organizar e iniciar o pagamento dos credores. De acordo com o balanço de 2023, a dívida total do clube era de R$ 693,9 milhões até aquele ano.
Em sua conta no X, o economista Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul no governo Yeda Crusius e ex-CEO do Inter, fez a estimativa de que o clube passe a pagar como juros o CDI + 6% ao ano, o que deixaria os juros na casa de 18% a 20%, em 2025. Ele considera o taxa ainda elevada, mas mais baixa do que o CDI + 12% ao ano atuais. O prazo de pagamento é de cinco anos, com um ano de carência. O Inter teria um ano de alívio para se organizar e iniciar o pagamento.
No caso colorado, a polêmica se dá em razão da alienação fiduciária do Beira-Rio. Esta é a quarta camada das garantias de pagamento. As outras três, em ordem, são: mensalidades dos associados, bilheteria e fundo de reserva.
Ação fiduciária consiste na transferência por parte do devedor da propriedade de um imóvel de maneira indireta. O imóvel fica como garantia caso a dívida não seja quitada.
— Se renegocia a dívida dando garantias com taxas de juros menores. É uma operação comum e lógica porque dá aos credores uma garantia real, um imóvel — explicou o advogado Marcio Carpena, Carpena Advogados, especialista em direito bancário e financeiro.