O recente lançamento da biografia do naturalista José Zugno e a exposição temática em cartaz no Museu dos Capuchinhos são uma oportunidade para se conhecer a trajetória de um dos mais importantes engenheiros agrônomos do município. Titular da lendária coluna Vida Agrícola, publicada no Correio Riograndense por mais de 50 anos, Zugno e sua família se integraram de tal forma ao cotidiano da Gráfica e Editora São Miguel que estamparam uma das páginas do Calendário Antoniano de 1972.
A fotografia, captada por Ulysses Geremia na sala do apartamento da Rua Os Dezoito do Forte em 1971, traz José Zugno (1924-2008) e a esposa Zélia acompanhados pelos cinco filhos: Denise e Neco (à frente, sentados no chão) e Ricardo (Tando), Zico e Teresa (ao fundo). Os sofás e a mesa? Os clássicos modelos em madeira esculpida e veludo produzidos pelos Móveis Knob, cuja fábrica e loja situavam-se na Avenida São Leopoldo.
A folhinha
O Calendário Antoniano é uma tradição desde 1928. Surgiu em Veranópolis, a partir de uma iniciativa da Associação Antoniana, que buscava manter a devoção a Santo Antônio e auxiliar na formação de novos freis – mediante o pagamento de uma taxa anual. Em 1954, passou a ser impresso em Caxias, no prédio da Gráfica, Tipografia e Editora São Miguel, na esquina das ruas General Sampaio e General Malet, no bairro Rio Branco.
A edição de 1972 trazia, além da família Zugno, outros registros do Studio Geremia, destacando a colheita da uva na Granja União, em Flores da Cunha; a antiga sede campestre do Recreio da Juventude e, logicamente, a imagem de Santo Antônio no interior da Igreja Imaculada Conceição (abaixo).
Na redação do Correio Riograndense
Conforme Ricardo Zugno (na foto que abre a matéria, lendo o gibi), o anuário era coordenado pelo frei Silvino Miorando. Autor do livro A Palmeira Humana, sobre a trajetória do pai, Ricardo lembra de um fato interessante:
– Na época do frei Silvino, a sala do atual Museu dos Capuchinhos era a sala da Associação Antoniana, junto ou ao lado da redação do Correio Riograndense. Lembro que ia com o meu pai na redação, e o frei me dava balinhas e me emprestava a máquina de escrever Remington para eu fazer minhas "reportagens".
Detalhe: a mesma foto que estampou o mês de maio de 1972 foi transformada em um quadro e decora até hoje o apartamento dos Zugno.
– O calendário, na época, era muito esperado pelas famílias caxienses – completa Ricardo.
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As fotos
Segundo o frei Álvaro Morés, atual diretor da Associação Antoniana, as imagens do Calendário Antoniano costumam destacar aspectos da vida franciscana e do lema da Campanha da Fraternidade, flagrantes da natureza e paisagens da Serra Gaúcha, conforme vemos nas imagens acima e abaixo.
As folhinhas podem ser adquiridas junto à paróquia e na Cantina dos Frades, ao lado da igreja dos Capuchinhos.
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Registros de Frei Egídio
Além de registros do Studio Geremia, a folhinha de 1972 trazia imagens bucólicas do interior de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, captadas pelo Frei Egídio. Na época, as edições tinham o apoio das Lojas Alfred, cujo slogan era "Elegância, Qualidade e Conforto".
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