A rotina escolar será retomada nas redes públicas de ensino de Caxias do Sul nesta semana. Na estadual, cerca de 21 mil estudantes retornam às salas de aula nesta segunda-feira (19). No dia seguinte será a vez de mais de 31 mil alunos iniciarem o ano letivo nas escolas municipais. Além disso, algumas escolas particulares também voltam nesta segunda-feira. Entre elas estão os colégios Madre Imilda, São Carlos, Murialdo, Santa Maria Goretti e Raio de Luz, entre outros.
Das 56 escolas estaduais da cidade, pelo menos quatro recebem os alunos em meio a canteiros de obras ou com obras paradas devido ao abandono das empresas contratadas em licitações. Atualmente, estão sendo executadas intervenções no Cristóvão de Mendoza, na Escola Estadual de Ensino Médio Galópolis, na Abramo Randon e no Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (Neeja). De acordo com informações da Secretaria de Obras Públicas do Rio Grande do Sul, há ainda sete instituições com contratos em andamento para as reformas entrarem em execução.
Já os 570 estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Apolinário Alves dos Santos, no Sagrada Família, terão aula na Evaristo de Antoni, no bairro São José. Fechado por problemas na rede elétrica, em dezembro de 2023, o colégio foi interditado após curtos-circuitos na fiação das salas e outros espaços. A Secretaria de Obras Públicas afirma que já realizou um levantamento dos elementos técnicos para a contratação da obra, via dispensa de licitação. Esse modelo é previsto na nova Lei de Licitações. Depois de contratados, os serviços têm previsão de um mês para ficarem prontos.
Canteiro de obras no Cristóvão de Mendoza
No Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, na Avenida Júlio de Castilhos, no bairro Cinquentenário, há dois canteiros de obras. Os cerca de 1,3 mil alunos vão conviver com o barulho de serras, furadeiras, martelos e máquinas e equipamentos utilizadas na reforma do auditório e do ginásio. Isso, no entanto, parece não representar um problema. Ao contrário, é comemorado por toda a comunidade escolar, já que as obras eram esperadas há mais de 10 anos. A interdição do auditório, por exemplo, ocorreu pela falta de PPCI, em 2013.
Logo na entrada, há tapumes que impedem o acesso ao auditório para garantir a segurança dos alunos.
— As obras ocorrem nas duas pontas da escola. O auditório já estava interditado, então os estudantes não tinham acesso. Eles ainda jogavam no ginásio e vão usar a área externa, que é ampla. Claro que quando chover eles vão ficar um pouco mais restritos, mas é por uma boa causa — comemora a diretora Raquel Grazziotin.
Ela ressalta que o colégio também está organizado, com a grama cortada, e à espera dos alunos.
— A obra tem um ano para ser terminada, mas eles já estão adiantados, e eu acredito que vai acontecer antes disso. Depois do auditório e do ginásio, eles vão começar as obras nos blocos. É um começo de ano mais positivo e alegre porque estamos vendo a obra avançar. As equipes trabalham intensamente para deixar a escola bem bacana — ressalta.
Obras inacabadas
O Colégio Imigrante, no bairro Bela Vista, a Escola Estadual Alexandre Zattera, no Desvio Rizzo, e a José Generosi, em Forqueta, também enfrentam problemas na estrutura. No Imigrante, é esperada desde 2019 a reconstrução de um muro que cedeu na lateral da instituição. Da queda, a situação evoluiu para desabamentos do piso da quadra poliesportiva, que está interditada. Conforme a Seduc, a empresa contratada abandonou a obra. O Estado, por meio da Secretaria de Obras Públicas, fez uma atualização dos elementos técnicos para nova contratação. O valor é de R$ 522.176,20 e também será investida na reforma na rede elétrica, muro, cortina de concreto e reparos na quadra. Após a publicação do contrato e da emissão da ordem de início, a obra tem prazo de 120 dias.
Já a José Generosi, em Forqueta, segue interditada parcialmente por problemas elétricos, que ainda necessitam de projetos. As aulas serão realizadas na parte de alvenaria, enquanto o administrativo, a sala dos professores e a biblioteca não poderão ser utilizadas. A reforma do muro também segue à espera da ordem de serviço. Ainda segundo o Estado é necessária a substituição da contenção do solo do pátio da escola na via pública. O valor da obra é de R$ 92.433,21.
Já na Alexandre Zattera, os entulhos da reforma inacabada ainda estão no pátio, sendo que os trabalhos estão parados desde agosto de 2023. Segundo a Seduc, a obra teve um abandono da empresa. Assim, o contrato foi rescindido. Uma nova contratação está em andamento para a execução da reforma na cobertura, estrutura, esgoto e rede elétrica do colégio. A obra está na fase inicial do contrato. O valor do investimento é de R$ 964.498,04. Conforme, o Estado, as aulas seguirão normalmente na escola.
Ano letivo na rede municipal
Mais de 31 mil crianças e adolescentes retornam às 83 escolas abrangidas pela Secretaria Municipal de Educação (Smed). Há obras em 10 colégios contemplados pelo pacote de obras do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI), o que significa esperança de melhorias. Seguem fora das sedes as escolas João de Zorzi e Atiliano Pinguelo. Já os estudantes da Laurindo Luiz Formolo começam o ano em uma nova sede, no bairro São Ciro, após três anos, desde que deixaram o prédio original. Além disso, sete escolas de Ensino Fundamental também passam por melhorias e outras duas de Educação Infantil também recebem reformas.
O secretário de Educação, Edson da Rosa, comemora a abertura do ano letivo na rede municipal. Ele enaltece o trabalho dos professores e das equipes diretivas para qualificar os espaços e elaborar o planejamento das ações pedagógicas. O titular da Smed lembra que, em 2023, as fortes chuvas e mudanças climáticas que atingiram a cidade provocaram problemas nas escolas.
— No final do ano foi liberada a quarta parcela da Autonomia Financeira. Essa verba é dada quadrimestralmente, mas conseguimos uma a mais devido a essas questões. Então, foram destinados cerca de R$ 1,7 milhão à rede de ensino para usarmos nas reformas. Esse valor é para pequenos reparos, porque a eficiência da escola por meio das equipes diretivas é maior que a nossa, é mais ágil.
Ele ainda ressalta a evolução trazida pela implantação de um novo método construtivo nas escolas: o sistema modular. Na prática, isso envolve a montagem de módulos padrões, ou seja, peças pré-fabricas que vão ser unidas. Isso significa agilidade na ampliação ou construção dos prédios dos colégios. O primeiro pacote de obras foi encaminhado em dezembro de 2023. As escolas Armindo Mario Turra, com 273 estudantes matriculados, e a Padre Leonardo Murialdo, com 80 estudantes, foram as primeiras contempladas com as construções modulares.
— Essa modalidade é o futuro. Tivemos que justificar os benefícios desse sistema para que pudéssemos aderir. Essas obras vão ser entregues antes das outras que estão em andamento na João de Zorzi e Atiliano Pinguelo, por exemplo. Teremos também a primeira escola do campo, que será a de Educação Infantil em Fazenda Souza
Na Armindo Turra haverá a criação de uma sala de ensino para atender mais 30 crianças da comunidade. Já na Padre Leonardo Murialdo serão ampliadas três salas de aula.
Alunos da Laurindo Formolo de volta ao bairro São Ciro
Os 200 estudantes da Laurindo Luiz Formolo começam o ano letivo de 2024 de volta à comunidade onde vivem, no bairro São Ciro. O imóvel fica em uma área de 7,5 hectares, no antigo seminário dos padres paulinos, próximo da igreja. Ele estava ocupado recentemente pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Novo Amanhã, que deixou o espaço.
O município obteve o imóvel a partir de uma permuta finalizada em maio de 2023. Uma vez formalizado o processo, teve início a busca por um novo espaço para o Caps, que precisa ficar na mesma região da cidade. Agora, são feitos os últimos ajustes para receber estudantes da escola a partir do dia 20.
O prédio ficava na Avenida Senador Alberto Pasqualini, no São Ciro II, e precisou ser demolido. Assim, desde 2021 os alunos tinham aula no Colégio Mutirão, no bairro Nossa Senhora de Lourdes. A transferência ocorreu devido às condições precárias do imóvel original, que inviabilizava até mesmo uma reforma. Na época, a intenção era construir uma nova sede no mesmo endereço.
O município chegou a desenvolver um projeto, que mais tarde foi adaptado para reduzir custos. Os recursos foram captados via empréstimo, sendo que quatro licitações chegaram a ser lançadas, mas nenhuma teve interessados. Em dezembro de 2022, a Smed avaliou que o terreno que sediava anteriormente a escola e receberia o novo prédio não poderia mais ser utilizado.