O Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (Neeja) de Cultura Popular Paulo Freire, localizado no bairro Auxiliadora, em Porto Alegre, trocará de endereço temporariamente devido a uma reforma na estrutura. A mudança, porém, deixa a comunidade escolar insegura. Cerca de 230 alunos podem ser afetados e alguns cogitam a possibilidade de largar os estudos por causa da distância do novo local, no bairro Santa Cecília.
Há quase 40 anos situado na Rua Coronel Bordini, 190, o Neeja Paulo Freire conta com localização considerada de fácil acesso para professores e alunos que vivem na Zona Norte e municípios da Região Metropolitana. Nos próximos meses, a instituição deverá ser realocada na Escola Estadual de Ensino Fundamental Felipe de Oliveira, na Rua Felipe de Oliveira, 59, por causa da troca do telhado.
A comunidade escolar criou um abaixo-assinado virtual, que já conta com o apoio de quase 1,1 mil alunos e ex-alunos, professores e funcionários, para evitar que a mudança ocorra. Ruana Alves, de 29 anos, aluna do Ensino Médio, assinou o documento.
— Moro no bairro Rubem Berta e trabalho na Cristóvão Colombo, próximo à escola. Não vou conseguir assistir às aulas porque vou ter que gastar com passagem, que são somente para trabalhar e não teria como eu ter esse gasto a mais, e por causa do horário que eu solto do serviço. Não daria tempo — conta a auxiliar de limpeza.
Segundo a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul (Seduc), a troca de endereços é temporária, “para garantir a segurança de alunos e professores e proteger as documentações da escola, que são bem antigas”. Ainda não foi definido quando a mudança deverá ocorrer ou o tempo de duração da obra.
— Se formos para lá, é para fechar o Neeja Paulo Freire. Não teremos alunos, eles vão acabar desistindo. Alguns conseguirão ir, claro, mas essa nova escola fica a cinco quilômetros de distância de onde estamos hoje, em direção à Zona Leste e Zona Sul. Os alunos que pegam Trensurb ou que vêm da Zona Norte terão dificuldade, ainda mais à noite — pontua o professor de História Sílvio Alexandre Mello de Oliveira, que há nove anos leciona no local.
Segundo Oliveira, no ano passado, aproximadamente 800 alunos conseguiram concluir os estudos e receber o certificado de conclusão. O Neeja Paulo Freire, que tem alunos entre 18 e 80 anos, funciona de janeiro a dezembro, por causa da rotina dos estudantes. Os estudantes podem se matricular em qualquer época do ano e já começar a frequentar as aulas.
A mudança aconteceria, portanto, durante o período de aulas. A Seduc afirmou que os prazos e anseios dos professores e estudantes estão sendo tratados com a coordenadoria regional. A reportagem tentou entrar em contato com a equipe diretiva da escola, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.
*Produção: Yasmim Girardi