Um canteiro de obras começa a se instalar no Instituto de Educação Cristóvão de Mendoza, a maior escola de Caxias do Sul, com 1,3 mil alunos matriculados. Uma visita técnica com representantes do governo do Estado, realizada nesta quinta-feira (25), marcou de forma simbólica o início da reforma no auditório e no ginásio da instituição - os trabalhos começaram, de fato, na semana passada. Os investimentos contemplarão também reparos nos três blocos com salas de aula, totalizando R$ 21,8 milhões nos próximos anos.
A visita foi conduzida pela secretária estadual de Obras Públicas, Izabel Matte, acompanhada de técnicos da Coordenadoria Regional de Obras, representantes da 4ª Coordenadoria Regional de Educação e da direção da escola. A primeira etapa de investimentos contempla R$ 5,9 milhões na reforma do auditório e do ginásio e os serviços devem ser executados em 12 meses.
A empresa contratada, a Cerâmica Taquari Construções, de Bento Gonçalves, iniciou os trabalhos no ginásio da escola, onde está concentrado o canteiro de obras e a maior presença de trabalhadores. O local receberá execução de acessibilidade para arquibancadas e ginásio, reforma dos banheiros e vestiários, pintura, reforma do sistema elétrico, de abastecimento de água e esgoto e reforma da cobertura.
No auditório, interditado desde julho de 2013 por problemas nas saídas de emergência, na fiação elétrica e no carpete, os trabalhos devem começar nos próximos dias e contemplam ações de restauro. As mil poltronas serão removidas e revitalizadas. Por questões de adequação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI), o espaço será reduzido e contemplará 860 lugares, mas continuará sendo o maior auditório da cidade. Haverá também reforma do palco, para que atenda aos critérios de acessibilidade, banheiros novos, reforma da cobertura e rede elétrica.
A segunda parte dos investimentos, que totalizam R$ 15,7 milhões, será para a reforma geral dos blocos A, B e C, que não recebem recursos para essa finalidade há 30 anos. Também serão executados serviços como a recuperação de passarelas entre os blocos escolares, além da rede elétrica e do PPCI. Há anos, a escola sofre com rachaduras, infiltrações, goteiras e deterioração da estrutura. A pintura está desbotada e há canos e vidros quebrados.
Durante a visita, a secretária Izabel anunciou que a Cerâmica Taquari Construções também será a responsável pelas obras nos blocos do Cristóvão. A empresa foi a vencedora do processo de licitação, os documentos estão sendo analisados e é aguardada a homologação do certame para, então, fazer a assinatura do contrato.
Com isso, haverão duas frentes de obras no Cristóvão. Os impactos para os estudantes no início do ano letivo, em 19 de fevereiro, serão avaliados posteriormente.
— Acredito que haverá um ganho porque a empresa está aqui. É bastante difícil quando há duas empresas em um mesmo canteiro de obras. Mas, como essa escola estava há muito tempo aguardando e não poderíamos mais esperar, a gente fez duas licitações e depois iríamos ver como seria a gestão da obra. Mas, felizmente, esperamos que a empresa cumpra com os contratos, a gente vai ter mais agilidade e esperançosos em resolver os problemas desta escola — explicou.
Izabel fez cobranças para a empresa contratada para a obra e pediu auxílio da direção da escola e das autoridades locais que participaram da visita em fiscalizar o andamento dos trabalhos. Segundo ela, as obras nas escolas gaúchas ficam prejudicadas por empresas que vencem os processos licitatórios e abandonam os contratos — a exemplo de outras instituições da cidade, como a Escola Estadual Alexandre Zattera, no Desvio Rizzo, e o Colégio Imigrante, no Bela Vista (leia mais abaixo).
— Atrapalha muito mais quando uma empresa entra na obra e para. A gente não quer mais isso. Vamos tomar todas as medidas possíveis dentro do contrato e levar até a última instância para que essa empresa (referindo-se a outras empreiteiras que abandonaram canteiros de obras) sofra as consequências. O governo quer que aconteça, ele quer pagar, ele tem dinheiro. E as empresas precisam ter a responsabilidade delas — enfatizou.
Comunidade comemora o início das obras
O dia 25 de janeiro se tornou uma data simbólica para a diretora do Instituto de Educação Cristóvão de Mendoza, Raquel Rojas Grazziotin. Neste mesmo dia, em 1992, ela era uma das alunas que se formava pela instituição em uma cerimônia no auditório da escola. Trinta e dois anos depois, a professora poderá acompanhar de perto a reforma do espaço, tão aguardada pela comunidade escolar.
— Que bom que eu acreditei, eu sempre fui uma pessoa de acreditar. Ouvi muita gente dizendo que nunca ia sair (a obra). E acho que tinha que ser nesse momento, comigo aqui, na direção. Percebi que a empresa é bastante comprometida, com bom andamento, e fico mais feliz que eles vão fazer também a reforma dos blocos — contou.
Os pais também comemoram. A presidente do Conselho de Pais e Mestres (CPM), Andrea Teresinha Soares Rodrigues, deseja que a escola retome o protagonismo e deixe de ser um retrato do descaso para retomar o destaque na educação pública caxiense.
— É um sonho, tanto dos pais como dos moradores do bairro Cinquentenário. O Cristóvão era um orgulho, pra ti conseguir uma vaga era muito difícil, então espero que seja aquela escola modelo. Os alunos querem uma escola apropriada. É uma conquista de várias direções — disse Teresinha, mãe da estudante do sexto ano, Sara Beatriz.