O fim de semana chegou, terça-feira (12) tem feriado de Nossa Senhora Aparecida, e há uma turma que também poderá folgar na segunda (11), porque muitas escolas anteciparam o descanso do Dia do Professor, 15 de outubro. Então, que tal aproveitar para assistir a séries às quais faltava tempo?
Fiz uma lista com 12 títulos disponíveis no streaming que estão entre os melhores que eu já vi. Vários ganharam troféus no Emmy, e todos podem ser vencidos ao longo do fíndi e do feriado. Ou porque têm poucos episódios, como as minisséries, ou porque os capítulos são curtos. Para facilitar a procura, separei de acordo com a duração de cada atração.
Escolha a sua série e aperte o play. Para saber mais sobre algumas das obras, clique nos links.
5 episódios
Chernobyl (2019): o mundo lembrou em 2021 os 35 anos do pior acidente nuclear da história. Foi o da usina de Chernobyl, ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986 perto da cidade de Pripyat, na Ucrânia — à época, ainda uma república pertencente à União Soviética (URSS). O número de mortos é controverso até hoje, porque o cálculo envolve não apenas as vítimas diretas (bombeiros que combateram o fogo, operários que limparam os destroços, moradores próximos ao local), mas também pessoas que sofreram os efeitos da contaminação — como casos de câncer ou de bebês nascidos com malformação. Uma versão ficcionalizada da tragédia, de suas consequências imediatas e das primeiras ações tomadas pelo governo soviético é o que oferece esta esplêndida minissérie em cinco capítulos — que ganhou assustadora atualidade durante a pandemia: cenas e falas parecem refletir o que vimos e ouvimos desde o surgimento do coronavírus.
Criada por Craig Mazin, Chernobyl arrebatou 10 prêmios Emmy, incluindo melhor minissérie, direção (Johan Renck) e trilha sonora original (Hildur Guðnadóttir, a mesma de Coringa e Trapped — leia mais logo abaixo). Concorria a outros nove, entre eles melhor ator (Jared Harris, no papel do renomado químico Valery Legasov), atriz coadjuvante (Emily Watson, como a fictícia cientista Ulana Khomyuk) e ator coadjuvante (Stellan Skarsgård, que interpretou Boris Shcherbina, vice-presidente do Conselho de Ministros da URSS de 1984 a 1989, designado para supervisionar a gestão da crise desencadeada pelo acidente nuclear). O elenco multifacetado — que inclui Jessie Buckley como a esposa grávida de um bombeiro e Paul Ritter como o engenheiro que comandou o fatídico teste na usina — permite enxergarmos as dimensões científica, política e humana do desastre. (HBO Max)
6 episódios
Good Omens (2019): enquanto o Sandman de Neil Gaiman para a Netflix não chega, que tal conferir outra atração baseada em obra do escritor inglês? A minissérie Good Omens é baseada no romance satírico Belas Maldições, de Gaiman e Terry Pratchett. Com uma mistura de referência bíblicas e cultura pop, a história retrata a luta de um anjo e um demônio para impedir a guerra final entre céu e inferno, o Armagedon. Michael Sheen, de Masters of Sex, faz o anjo Aziraphale, e David Tennant, de Doctor Who, encarna o demônio Crowley. Há milênios, os dois aprenderam a apreciar a vida entre os humanos e a companhia um do outro. São apaixonados por livros antigos, pequenos restaurantes e carros clássicos, mas agora suas vidas tranquilas na Inglaterra são sacudidas pela chegada do Anticristo — com um detalhe inconveniente: o filho de 11 anos do próprio Diabo foi perdido, após um engano cometido por uma ordem de freiras satanistas. Cabe à dupla improvável de defensores da Criação encontrar o menino antes que seja tarde demais. Na jornada, veremos flashbacks impagáveis de momentos marcantes da história da humanidade e um desfile de rostos (ou pelo menos vozes) conhecidos: Benedict Cumberbatch, Frances McDormand, Jon Hamm, Miranda Richardson, Brian Cox, Adria Arjona... (Amazon Prime Video)
The White Lotus (2021): a série criada e dirigida por Mike White consegue conjugar de modo brilhante comédia cáustica, dramas empáticos, mistério policial e crítica social — o alvo nos seis episódios é o privilégio branco, a elite que jamais cede seu lugar ou estende a mão sem querer nada em troca. A trama começa em um saguão de aeroporto, onde descobrimos que alguém foi assassinado no White Lotus, um resort de luxo no Havaí. Aí, a história recua uma semana no tempo para acompanhar a chegada de um grupo de novos hóspedes. Temos o milionário mimado Shane (Jake Lacy), recém casado com Rachel (Alexandra Daddario), uma jornalista em crise existencial. No barco, ainda está a família de Nicole (Connie Britton), uma empresária que não para de trabalhar mesmo durante as férias: seu marido, Mark (Steve Zahn), um pouco ressentido por ganhar menos do que a esposa, a jovem Olivia, que trouxe junto uma amiga, Paula, que por sua vez trouxe um farnel de drogas, e o adolescente Quinn, mais interessado no seu celular e no seu game. Completa a lista Tanya (Jennifer Coolidge), uma ricaça carente e alcoolista que veio ao Havaí para jogar no mar as cinzas de sua falecida mãe.
Essa turma será recepcionada pelos empregados do resort. Entre esses, destacam-se Armond (Murray Bartlett, desde já um favorito para o Emmy 2022), o gerente com um bigode tipo o do Tom Selleck, Belinda (Natasha Rothwell), que administra o spa, e Kai, um garçom. Os três representam a classe trabalhadora — que, como diz Armond, precisa ser invisível, mas estar sempre pronta para servir — e também as populações marginalizadas. Armond é homossexual, Belinda, mulher e negra, e Kai, descendente de polinésio, simboliza os nativos que foram dizimados ou, na melhor das hipóteses, expulsos de suas próprias terras pelos colonizadores brancos. Diante desse elenco de personagens, um desavisado pode achar que os primeiros serão vilões caricatos, e os segundos, coitadinhos explorados. Não é bem por aí. (HBO Max)
7 episódios
Criminal: Reino Unido (2019-2020): desenvolvida por George Kay, responsável pela adaptação de Lupin, e Jim Field Smith, que dirige os sete episódios das duas temporadas britânicas (houver versões na Alemanha, na Espanha e na França também), é uma série sobre crimes que não mostra crimes. Tudo se passa dentro de uma delegacia, principalmente na sala onde policiais interrogam o suspeito da vez. Na primeira história, David Tennant, das já citadas séries Dr. Who e Good Omens, encarna um médico acusado de ter estuprado e assassinado sua enteada adolescente. Hayley Atwell, a Peggy Carter do universo cinematográfico Marvel, faz uma mulher que teria envenenado o namorado violento da sua colega de apartamento. Indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por Hotel Ruanda, Sophie Okonedo abre a segunda temporada, que traz as participações de Kit Harington (o Jon Snow de Game of Thrones, aqui num registro nada heroico nem honrado), e Kunal Nayyar (o Raj do seriado cômico The Big Bang Theory, aqui mostrando talento para o drama). (Netflix)
Mare of Easttown (2021): criada por Brad Ingelsby e dirigida por Craig Zobel, traz uma Kate Winslet que nunca vimos, mas com o talento e a entrega de sempre. Sete vezes indicada ao Oscar, a atriz inglesa interpreta sua primeira detetive. Em uma entrevista, ela disse ter ficado fascinada com o "quem foi" desta minissérie policial, mas ressaltou que "não é só a história de um crime". Falou que é mais sobre como as pessoas reais vivem, lidam com coisas reais e como essas coisas reais nem sempre são felizes.
De fato, o crime descoberto ao final do primeiro dos sete episódios é chocante e misterioso, mas serve fundamentalmente como um catalisador dos dramas pessoais e familiares em uma pequena cidade dos Estados Unidos. A morte traz à tona relações e segredos guardados em vida, uma imagem reforçada pela ambientação numa estação fria, que obriga os personagens a se esconderem atrás de casacos, mantas e gorros. E — até os últimos instantes — todos os personagens têm o que ocultar ou algo do que não gostam de falar.
Mare of Easttown recebeu quatro troféus Emmy: melhor atriz, ator coadjuvante (Evan Peters, que interpreta o detetive Colin Zabel), atriz coadjuvante (Julianne Nicholson, que faz Lori Ross, a dona de casa melhor amiga da policial) e design de produção. (HBO Max)
8 episódios
The Night Of (2016): filho de imigrantes paquistaneses em Nova York, o jovem universitário Nasir Khan, o Naz (interpretado por Riz Ahmed, indicado ao Oscar por O Som do Silêncio), pega "emprestado" do pai o táxi para ir a uma festa. No meio do caminho, uma garota entra no carro. Mais tarde, Naz acorda na cozinha do apartamento dela. Ao se despedir, percebe que a moça foi brutalmente esfaqueada. Assustado, ele foge, mas uma infração de trânsito, um objeto levado da cena do crime e uma testemunha ocular vão torná-lo o suspeito número 1.
É esse o resumo do primeiro — e fabuloso — episódio de The Night Of, criada pelo escritor Richard Price (de Clockers: No Mundos dos Pequenos Traficantes e Vida Vadia) e pelo cineasta Steven Zaillian (vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado por A Lista de Schindler), também diretor da minissérie. Trata-se de um retrato minucioso e muito humano das delegacias de polícia, do sistema judicial e dos presídios estadunidenses. À trama de suspense — aliás, a certa altura não saberemos mais se Naz é uma ovelha ou um lobo —, acrescenta conotações culturais, políticas e sociais, refletindo o estado de ânimo nova-iorquino para com os muçulmanos depois do 11 de Setembro e mostrando penitenciárias como fábricas de bandidos. À excelência do roteiro e da direção, soma-se a do elenco. Ahmed ganhou o Emmy de melhor ator, categoria em que também competia John Turturro, no papel do advogado de porta de cadeia John Stone. Bill Camp (o zelador que ensina xadrez em O Gambito da Rainha) concorreu a ator coadjuvante na pele do detetive Dennis Box, assim como o recentemente falecido Michael Kenneth Williams, que faz o presidiário Freddy Knight. Todos trazem uma série de nuances a seus personagens, aumentando o envolvimento do espectador com uma história por si só cheia de matizes sobre o certo e o errado, o bom e o mau, a justiça e a lei, as percepções e as evidências. (HBO Max)
True Detective (2014-2019): a série criada por Nic Pizzolatto estreou sem maior badalação e conquistou público e crítica com sua peculiar estrutura narrativa e, sobretudo, pelo desempenho de seus protagonistas — Matthew McConaughey e Woody Harrelson. Os dois atores vivem tipos recorrentes nas tramas policiais: dois tiras que são como água e azeite e combinam seus perfis antagônicos numa convivência em alta tensão descarregada sobre um objetivo comum. Respectivamente, interpretam o enigmático Rustin Cohle e o vulcânico Martin Hart, detetives que solucionaram um crime em 1995 e que estão, em 2012, dando explicações a dois investigadores da região de Nova Orleans. Algo saiu dos trilhos nestes 17 anos, arrastando as vidas de Cohle e Hart por caminhos tortos, e um serial killer está nas ruas indicando que o caso supostamente resolvido pela dupla pode ter ficado com muitas pontas soltas.
Com oito episódios, a primeira temporada de True Detective (houve mais duas, com elencos diferentes) ferve em ritmo lento influências da literatura do gênero e do fantástico — como Robert W. Chambers, de O Rei de Amarelo —, temas como pedofilia e bruxaria e referências à série Twin Peaks (1990-1991), do cineasta David Lynch. No Emmy, venceu cinco categorias, incluindo direção (Cary Joji Fukunaga, de 007: Sem Tempo para Morrer), e concorreu em outras sete — entre elas, melhor série dramática e melhor ator (em dupla indicação: McConaughey e Harrelson acabaram derrotados por Bryan Cranston, de Breaking Bad). (HBO Max)
9 episódios
Watchmen (2019): um dos criadores do fenômeno Lost (2004-2010), Damon Lindelof é o responsável por adaptar uma famosa e premiada história em quadrinhos da segunda metade dos anos 1980. Quem leu a HQ de Alan Moore e Dave Gibbons vai pescar mais rapidamente as referências, como a chuva de lula e as primeiras aparições ou citações de personagens como Ozymandias e Dr. Manhattan. Mas a minissérie foi muito feliz em criar uma trama central totalmente nova e absolutamente atual. Os novos heróis, como a Sister Night (Regina King) e o Looking Glass (Tim Blake Nelson), lidam com a violência contra negros nos Estados Unidos. O inimigo é uma organização racista, a Sétima Kavalaria, que, como a Ku Klux Klan da vida real, prega a supremacia branca. Desde o primeiro capítulo, que reencena o Massacre de Tulsa, em 1921, durante anos apagado da história oficial estadunidense, Watchmen mostra como os traumas da escravidão passam de geração a geração.
Foram 11 troféus Emmy, incluindo melhor minissérie, atriz (Regina King), ator coadjuvante (Yahya Abdul-Mateen II) e trilha sonora (assinada por Atticus Ross e Trent Reznor e fundamental para o clima da trama). (HBO Max)
10 episódios
Trapped (2015-2019): as condições climáticas da Islândia e suas paisagens geladas são personagens à parte na série criada por Baltasar Kormákur. Tanto é que os créditos de abertura intercalam sobrevoos do característico relevo do país, com suas montanhas e seus glaciares, e imagens microscópicas de um corpo humano, com seus sulcos e seus poros. O inverno tem papel de destaque na primeira temporada (uma segunda trama, também com 10 capítulos, foi lançada em 2019): primeiro, uma nevasca isola a cidadezinha de Siglufjörður do resto da nação. Mais adiante, seus mil e poucos habitantes serão ameaçados pela possibilidade de uma avalanche.
Mas o que realmente desestabiliza o local é a descoberta, por um pescador, de um tronco humano (daí a ligação entre topografia e anatomia na sequência de abertura). Três policiais — o detetive Andri (Ólafur Darri Ólafsson), Hinrika (Ilmur Kristjánsdóttir) e Ásgeir (Ingvar Sigurdsson) — precisam deixar de lado um pouco seus problemas particulares para se dedicarem a uma série de dúvidas e especulações: de quem é o corpo? A vítima pode ser um passageiro ou tripulante de um ferry da Dinamarca que está atracado em Siglufjörður? E o assassino, também está a bordo ou é alguém da cidade? Existe alguma relação entre o crime e um incêndio ocorrido sete anos atrás, que matou uma irmã da ex-esposa de Andri? Qual a conexão com um empreendimento comercial, um porto que chineses querem construir para encurtar a rota para a América do Norte? (Netflix)
The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (2021): concebida por Barry Jenkins, diretor e roteirista de Moonlight, vencedor dos Oscar de melhor filme, roteiro adaptado e ator coadjuvante (Mahershala Ali) em 2017, a minissérie em 10 episódios é a adaptação do romance homônimo escrito por Colson Whitehead e ganhador, também em 2017, do prêmio Pulitzer, centenária distinção outorgada pela Universidade de Columbia, em Nova York. A trama se passa na metade do século 19, antes da Guerra Civil nos EUA (1861-1865), que tinha como principal causa a escravização da população negra — a maioria dos Estados do Sul queria manter, o Norte era contra. Sua protagonista é Cora (interpretada pela sul-africana Thuso Mbedu), uma jovem escrava que, após relutar, tenta fugir de uma fazenda na Geórgia na companhia do íntegro Caesar (o inglês Aaron Pierre, visto em Tempo, de M. Night Shyamalan). No encalço dos dois, partirá o caçador Arnold Ridgeway (o australiano Joel Edgerton), tendo ao lado um surpreendente ajudante: Homer (Chase W. Dillon), um menino negro. Outra companhia frequente dos personagens é a maravilhosa trilha sonora composta por Nicholas Britell, indicado ao Oscar por Moonlight e por Se a Rua Beale Falasse. Interpretado por uma orquestra de cordas, um dos temas traduz os sentimentos contraditórios de Cora: há dor e aflição por um lado, resiliência e esperança por outro.
A Underground Railroad do título era o nome dado a uma rede secreta de rotas e esconderijos utilizada por negros que buscavam escapar da escravidão — entre eles, estava a ativista Harriet Tubman (1822-1913). Não tinha trens nem era subterrânea, mas é assim que se apresenta no livro de Whitehead e na minissérie dirigida por Jenkins. O quinhão de realismo mágico permite anacronismos como um arranha-céu no Estado da Carolina do Sul. É como se a ferrovia nos lembrasse de que há toda uma história correndo por baixo dos documentos oficiais, há toda uma população que teve sua voz calada pela mão bruta do racismo. Calada ou deturpada: no segundo episódio, um homem branco conduz crianças brancas por um Museu das Maravilhas Naturais, na Carolina do Sul. Ali, a principal atração é a "jornada de transformação" dos africanos trazidos à força de seu continente: de "selvagens que usavam crânios como copos" passaram a "civilizados que bebem xícaras de chá". Por conta disso, os oprimidos estariam gratos. (Amazon Prime Video)
12 episódios
Fleabag (2016-2019): venceu seis prêmios Emmy em 2019, incluindo melhor série de comédia — embora trafegue bastante pelo drama também —, atriz (Phoebe Waller-Bridge), direção (Harry Bradbeer) e roteiro (da própria Waller-Bridge). A protagonista é uma mulher solteira, dona de uma café não muito frequentado em Londres, com problemas de relacionamento com a irmã, o cunhado, o pai e madrasta (a brilhante Olivia Colman) e sempre à procura de sexo para aplacar sua solidão.
Essa personagem desconcerta o público ao quebrar a quarta parede: no meio dos diálogos, se vira para a câmera e faz uma careta ou dispara uma tirada irônica. Em outras vezes, no entanto, a máscara cai e nos vemos diante do seu choro e das suas aflições. Ah, vale avisar: na segunda temporada, surge um padre (Andrew Scott) para bagunçar ainda mais a vida dela. (Amazon Prime Video)
I May Destroy You (2020): ganhadora do Emmy de melhor roteiro em minissérie, a inglesa de pais ganeses Michaela Coel, 33 anos, alinha-se a outras roteiristas de sua geração, como Phoebe Waller-Bridge (Fleabag), 36, Lena Dunham (Girls), 35, e Issa Rae (Insecure), 36: as desventuras da própria vida são fonte de inspiração. Em Chewing Gum (2015-2017), Michaela usou sua experiência como adolescente religiosa para falar do despertar da sexualidade. Em I May Destroy You, trata do abuso sexual que sofreu na época em que escrevia a série anterior.
Criadora, protagonista, codiretora (ao lado de Sam Miller) e uma das produtoras executivas da minissérie que mereceu elogios de Barack Obama, ex-presidente dos EUA, Michaela transforma-se em Arabella nesta autoficção. Escritora de um livro de sucesso, ela corre contra o prazo e contra uma crise criativa para entregar o segundo romance a uma grande editora de Londres. Para espairecer, resolve sair para a balada com uns amigos. No dia seguinte, já de volta ao trabalho, Arabella vê sua memória assaltada por imagens de um estupro praticado por um homem desconhecido.
A partir daí, I May Destroy You mostra como a violência sexual pode paralisar o presente, alterar o futuro e ressignificar o passado das vítimas. Ao longo dos 12 episódios de mais ou menos meia hora cada, Arabella empreende uma jornada de autoconhecimento e vingança, cheia de acertos (como os monólogos em que expõe as engrenagens do patriarcado e da cultura do estupro) e de tropeços — da personagem em si, que a certa altura deixa-se levar pela fama das redes sociais. Apesar de lidar com um assunto doloroso, a minissérie não é um drama do começo ao fim. Há espaço para o humor, o afeto e a diversão nas interações de Arabella com seus melhores amigos: Terry (Weruche Opia), uma atriz aspirante, e Kwame (Paapa Essiedu), um jovem homossexual que, em meio a uma ciranda de parceiros, também se verá sexualmente agredido. (HBO Max)